quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Boas Festas!!



Caro caminhante dessa Rua que é meu blog,

Sempre que chegarmos ao final de mais um ano é comum nos dirigirmos aos circundantes com todos os rapapés e salamaleques próprios dessa época. São abraços de congratulações pelo bom combate nos 365 dias que se findam e votos de grandes realizações nos 365 dias que se iniciam. É o momento da gente desejar aos amigos que todos seus sonhos se realizem no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.

Este blogueiro não poderia deixar de agradecer aos 120 seguidores deste blog e a todos os que passaram por esta "minha rua" e que deixaram marcas de seus passos por suas calçadas modestas. Com esta postagem quero desejar que tenham um Ano Novo repleto de muita Paz, Saúde e Prosperidade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O FRACASSO DA COP-15 E AS SAGRADAS ESCRITURAS

Natal e Reveillon há muito se tornaram mais um apelo ao consumismo que verdadeiramente um convite à confraternização, à reflexão e ao balanço do que foi feito pelo indivíduo durante o ano findo.  Mas, para não ficarem totalmente descaracterizados, guardam, ainda, um pouco do substrato religioso que lhes deu origem. Contudo o verniz místico-religiosos que reveste a imagem capitalista cultuada nesta época de festas e comemorações a cada ano se dilui.

Eis que encerramos mais um ano (e quase mais uma década) e a humanidade tem muito pouco para comemorar. Uma catástrofe ecológica se aproxima, e que se somará outra catástrofe já em curso e perpetrada contra a humanidade por governos corruptos: a fome e a miséria. Enquanto isso, em Copenhagen, a esperança depositada na COP-15, a Conferência sobre as Mudanças Climáticas da ONU,  derreteu como o gelo numa estufa.

Mas ainda há salvação. E acreditem, ela pode estar nas sagradas escrituras...

Enquanto pesquisava para meu livro, Painel de Lendas e Mitos da Amazônia (1993), fui despertado para uma análise sobre a prática judáica de se "guardar o sábado", apresentada pelo psicanalista alemão Erich Fromm (23/30/1900-18/03/1980). Partindo de alguns textos bíblicos - Exôdo, 20:8-11; Dt. 5:12-15;  Nm. 4:22 ss; Gen. 2:2,3; Is. 58:13-14 - e tamúldicos, Fromm propõe uma releitura dos símbolos contidos no ritual sabático mencionado no Antigo Testamento.

No último capítulo de seu livro "A Linguagem Esquecida..." (1966), lemos:

"Uma análise mais pormenorizada do significado simbólico do ritual sabático mostrará que estamos tratando não com um obsessivo rigor exagerado, mas com uma concepção de trabalho e repouso diversa da nossa."

Para ele "trabalho" é qualquer interferência construtiva ou destrutiva que o homem realiza no mundo físico; enquanto "descanso" pode ser entendido como um estado de paz entre homem e natureza.

Com base nessa interpretação podemos concluir que o ritual de "guardar o sábado", além de uma evidente medida de "higiene social", é também uma evidente advertência ecológica. Sem embargo, as citações bíblicas seriam, já, os primeiros registros que se tem notícia de uma tentativa de desenvolver uma consciência e preocupação com a conservação e preservação do meio ambiente. Não nos importa aqui o dia em si, isto é, o sábado, mas sim o fato de já existir há mais de dois mil anos, uma alusão aos problemas provocados pelo desequilíbrio entre o homem e a natureza. Isso fica-nos patente quando Erich Fromm conclui que "assim como um homem não deve interferir ou modificar o equilíbrio natural deve abster-se de alterar a ordem social".

O significado dos textos evangélicos podem ser entendidos como uma ordenação para que, pelo menos uma vez por semana, o homem pare com sua agressão às coisas da natureza e reverencie a toda Criação. Essa consciência de que a Natureza é algo mais que árvores e bichos já a tinham as antigas civilizações da Grécia, Roma, Egito, Índia e China, que faziam diversas oferendas e sacrifícios aos seres incorpóreos presentes em todas as manifestações da natureza. O filósofo e alquimista Paracelsus também compartilhava dessa crença e defendia a existência de uma substância sutil, quintessenciada, em cada elemento, mas não perceptível por nossos sentidos normais e instrumentos científicos.

E com isso, chegamos à hipótese do biólogo inglês James Lovelok, segundo o qual "tudo se relaciona com tudo" também conhecida como Hipótese Gaia. Para Lovelok a Terra é um gigantesco ser vivo, Gaia, que adquire consciência através da complexa rede nervosa ecológica. O conhecimento de que as energias geofísícas transitam por canais conhecidos por "Leys" e afloram em locais especifícos, levou os primitivos à construção e alinhamento de dolmens, círculos de pedras, túmulos pré-históricos, altares pagãos e igrejas medievais. Todas essas atitudes e rituais tinham por objetivo equilibrar as energias telúricas e manter sadio o organismo que as produzia. As construções desordenadas e o desmatamento podem “entupir” esses canais da mesma forma que o colesterol entope nossas artérias e vasos, sanguíneos. Em ambos os casos as conseqüências são desastrosas.

Então, bastará que guardemos o Sábado para que a Natureza também descanse, se recarreque? Talvez. O certo é que, se pelo menos um dia da semana o homem dedicar-se a amar e respeitar a mãe Terra, toda a criação se beneficiará e o planeta agradecerá.


*Nota: Exceto pelos 3 primeiros parágrafos e pelo último, o texto acima foi extraído da página 87 do  meu livro "Painel de Lendas e Mitos da Amazônia" - Veja na barra lateral.

FROMM, Erich. A linguagem esquecida: uma introdução ao entendimento dos sonhos, contos de fadas e mitos. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O medo do Nada e a história do número ZERO

Todo mundo sabe que a Matemática deu ao Homem a ferramenta intelectual com a qual fez sua história, transformou o mundo e conquistou o universo. E tudo surgiu com a invenção (ou descoberta) dos algarismos e dos números. Mas você já parou para pensar sobre o que seria da sociedade humana se não existisse o ZERO?

Já se perguntou qual a forma do NADA? Será o zero a forma do nada? Há alguma relação entre a forma circular escolhida para representar o vazio e o zero? O zero pode ter sido descoberto/inventado antes e mantido oculto por interesses herméticos? A construção do conceito de Zero contribui para a aprendizagem matemática? Decidi empreender uma pesquisa para responder essas questões em 2003, durante o curso de Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas, realizado no NPADC/UFPA.


O medo do nada

Nas sociedades primitivas a tradição de transmitir oralmente os conhecimentos tendo por base mitos, lendas, fábulas etc, era institucionalizada, entretanto observamos que em todas os mitos cosmológicos e antropogônicos (os que tratam da criação do mundo e do homem) não falam no nada, no vazio. Parece-nos claro que “la razón de este proceder es obvia: el hombre tiene horror al vácio (grifo nosso) y necessita de uma seguridad que el reconocimiento de esas tenieblas le impediría tener para actuar eficazmente em su ambiente” (Sagrera. 1967, p.40). De fato, “na vida cotidiana, não nos apercebemos dessa unidade de todas as coisas; em vez disso, dividimos o mundo em objetos e eventos isolados” (Capra. 2000, p.103).

Assim, num mundo completamente preenchido por coisas dinâmicas e visíveis, como seria possível ao homem mostrar o vazio, o nada? Essa “idéia de quantidade” não encontrava correspondente em suas representações visuais, táteis ou mentais. O fato de ele “não ter” era-lhe uma idéia bastante clara e facilmente transmissível para outros, o impossível era associar essa “idéia” concreta de quantidade com outra, absurdamente abstrata, o nada... até que surgiu o Zero.

O zero também não encontrava lugar nas reflexões dos filósofos da antiguidade, da mesma forma que “a noção de repouso absoluto, ou inatividade estava quase inteiramente ausente da filosofia chinesa” (Capra. 2000, p.34). Mas os mestres e sábios antigos debruçavam-se sobre tudo que lhes conduzisse à compreensão do ser e do não-ser, na busca de identificar diferenças, de estabelecer limites, de mensurar o real e o imaginário, o vulgar e o maravilhoso, o tangível e o intangível.

Cronologicamente, o 1 foi o primeiro algarismo e o zero o último a compor a escada do progresso do ser humano, um progresso que o tem levado cada vez mais próximo do aniquilamento, do nada do qual tenta desesperadamente fugir, pois o homem é o único ser da natureza que tem consciência que vai morrer. Essa filosofia nos remete ao fluxo constante e universal de todas as coisas, aos ciclos que regem todas as manifestações; e isso nos lembra a mensagem contida no símbolo do Yin e Yang: quando Yin atinge seu ponto máximo cede lugar ao Yang; quando Yang atinge seu ponto máximo, cede lugar ao Yin.

O zero eclodiu no momento em que o conceito de número havia atingido seu clímax (seu ponto máximo para a época), daí necessitava sofrer uma transformação evolutiva, um morrer e um renascer (a forma de ovo reforça a analogia). Ele marca o momento da morte dos números e seu renascimento, reconfigurados em importância, símbolo e significado. Na pesquisa que realizamos em 2003, com estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola particular em Belém, a aluna L.F. (6ª série-12 anos) apresenta uma bem elaborada concepção quando diz que o “zero é o começo de tudo, não só dos números, mas de tudo, pois tudo começa do zero, o que não começa do zero não começa, continua”.

Este é um excerto do meu artigo "A Mística Origem do Zero: um olhar sobre a evolução do conceito de Zero", escrito em 2004. Leia o artigo completo clicando na imagem referente ao artigo, na barra lateral. Ou deixe seu e-mail num comentário que lhe mando o arquivo.
*As referências nesse excerto confira-as no texto original 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Homenagem ao blogueiro no I Concurso Estadual de Blogs

Esse edublogueiro (educador blogueiro) foi homenageado hoje, durante a cerimônia de entrega dos prêmios aos blogs vencedores do I Concurso Estadual de Blogs Educativos - Educablog 2009 (veja mais AQUI), por ser o "pai da criança" e pelo pioneirismo no uso pedagógico de blogs nas escolas públicas paraenses, conforme disse a professora Vanja Vilhena, da Coordenação de Tecnologia Aplicada a Educação-CTAE.

No pequeno auditório do Museu Paraense Emílio Goeldi, cerca de 40 pessoas foram assistir a cerimônia de divulgação e premiação dos melhores blogs educativos do estado do Pará. Essa inexpressiva participação, no entanto, não tirou o brilho da cerimônia, que teve abertura solene com o Hino Nacional e Hino do Pará, além das falas dos membros da mesa.

Na categoria Blog de Professor, o primeiro lugar coube ao bonito Blog do professor Eric Siqueira ( veja AQUI ), e na categoria Blog de Escola a premiada foi a Escola D. Helena Guilhon (veja AQUI), onde, por sinal, trabalha o professor Eric.

É digno de nota o fato de que ambos os blogs também foram os vencedores do II Concurso de Blogs Educativos da Grande Belém (veja a relação dos vencedores AQUI ), promovido pelo NTE Prof. Washington Lopes (acesse AQUI), um projeto criado e coordenado por este blogueiro.

Agradeci a homenagem ressaltando que a honra maior não está em ser o primeiro, mas em ver que a semente plantada só se transformou em árvore frondosa porque encontrou solo fértil, tanto na equipe do NTE, onde foi iniciada, quanto na própria Secretaria Estadual de Educação-SEDUC, onde a proposta foi abraçada e se transformou em parte das políticas públicas da SEDUC.

Na ocasião, disse que "ter um filho carregado por tanta gente nos dá a maior satisfação". Por isso, dividia as honras recebidas com a equipe do NTE e com aqueles que acreditam que os blogs educativos podem melhorar a educação pública, pois funcionam como uma vitrina da escola, como um espelho do que ocorre no seio da comunidade escolar. Eles, os blogs, possibilitam aos professores mostrar como e o que estão ensinando; aos alunos mostrarem o que aprenderam e aos gestores e demais técnicos mostrarem como atuam para que toda ação pedagógica ocorra no chão da escola.

Acredito que os blogs, trabalhados como instrumento de ação didático-pedagógica, podem transformar a escola transformando a relação entre seus principais atores. Por exemplo, é comum observar nos comentários ou nos recados, alunos elogiando o desempenho de seus professores,  embora muitas vezes eles não o façam presencialmente. Já ouvi, e li nalguns blogs de escolas, vários depoimentos de alunos e de professores, que reconhecem certas mudanças ocorridas na escola a partir da implantação do blog. Mudanças que falam da elevação da auto estima do estudante, da satisfação em participar das atividades da escola e até de melhorias na própria segurança da escola, entre outras.

Os blogs das escolas públicas paraenses, e de seus professores, têm tornado mais prazeroso o trabalho de ensinar e de estudar. Tem revelado talentos estudantis, tem estimulado professores a pesquisar e a escrever com frequência, tem envolvido cada vez mais os alunos, motivando-os a se apropriarem da tecnologia para a construção de conhecimento e produção de informação, tem dado transparência e visibilidade as ações curriculares e extra-curriculares desenvolvidas na escola, enfim, está mudando a cara de nossa escola. Mudança lenta, mas gradual.

E é nesse sentido que oriento minhas forças desde 2006, quando desenvolvi os primeiros projetos que envolviam escolas públicas empregando Podcast e Blogs, numa perspectiva educomunicativa de formação de professores e de construção de conhecimentos.

Nosso concurso de Blogs já serviu de modelo para outros estados, como a Bahia, onde o NTE de Vitória da Conquista realizou evento semelhante, inclusive solicitando-nos, por e-mail, o modelo do projeto. Outros NTE também nos fizeram a mesma solicitação, e esperamos ver os edublogueiros espalhados pelo Brasil participando de um grande Concurso Nacional, premiando os Blogs de escolas, de professores e de alunos.

O Pará, através do NTE  Prof. Washington Lopes, e da CTAE, torna-se pioneiro nessa proposta realizar um concurso de blogs de escolas públicas, para através dessa ação estimular o uso de blogs como instrumento de valorização do trabalho educativo, de inclusão digital e cidadania, de estímulo à leitura, à escrita e à pesquisa, e a interação entre escolas.

E esse blogueiro sente-se imensamente honrado por ter dado o pontapé inicial nesse processo. Mas, sente-se ainda mais honrado em ter os parceiros que teve e tem, aqueles que mantém a bola rolando, pois quando a vitória chega, ela é de todos.

E mais tarde, quando me retirar do campo, carregarei a satisfação perene de ter participado desta partida. E, se não fiz o gol, pelo menos suei a camisa , e fiz deste blog a minha rua.  

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De Iquitos à Belém: a jangada de Júlio Verne

Estou lendo...
Por volta dos meus 10/11 anos conheci os escritores que influenciaram sobremaneira meu gosto pela literatura, pelo romance de aventura em especial, bem como impactaram bastante minhas preferências pelas coisas do povo, pelo folclore. Primeiro foram dois estrangeiros, o americano Mark Twain (1835-1910) e o francês Júlio Verne (1828-1905), ambos estavam na mesma ordem de influência e importância; e, finalmente, mas não menos importante, o brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948).
Twain e Verne li-os da estante de meu pai, enquanto Lobato eu só travaria um contato mais profundo com a coleção da biblioteca do Colégio Afrânio Peixoto (Nova Iguaçu/RJ), onde meu pai era o secretário. No CAP estudávamos eu e meus irmãos, e lá fiz apenas a primeira e a segunda série ginasial. Mas nesse intervalo li os 15 volumes do Sítio do PicaPau Amarelo.
Lembro-me bem de ter lido Tom Sawyer e Huck Finn antes de Pedrinho e Narizinho. Depois de Twain, vieram os clássicos “Viagem ao Centro da Terra” e “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (não lembro qual o primeiro, mas isso não importa). Júlio Verne me fez ver a importância de uma boa e cuidadosa pesquisa.

E a troco de que essa postagem?
Bem, estou lendo um dos livros que comprei na XIII Feira Pan-Azônica do Livro, ocorrida em novembro passado aqui em Belém. É o primeiro livro de Júlio Verne a retratar uma aventura fluvial de Iquitos até Belém, sobre o rio Amazonas.

Trata-se de A Jangada-800 léguas pelo Amazonas (Editora Planeta, SP. 2003), que comprei pela bagatela de R$ 15,00. Uma merreca, se considerarmos  que o livro é novo, o papel é de boa qualidade e os quase 40 desenhos de Benett ilustram magistralmente a publicação. Afora que o Posfácio enriquece o leitor de informações históricas complementares, tanto sobre o romancista quanto sobre o romance em si.

Como se sabe, Verne nunca veio ao Brasil, muito menos á Amazônia, onde é ambientada sua história, e acredito até que nunca tenha visto uma jangada nordestina de perto. Mas esse romance, publicado originalmente em 1881, ele descreve uma imensa jangada onde instalaram a casa do dono (com varanda e jardim), alojamentos para seus empregados, uma igrejinha, mercearia e outras construções. Na verdade é mais uma pequena ilha flutuante que uma embarcação.

A Jangada conta a história de uma viagem empreendida pela família de um próspero fazendeiro instalada em Iquitos. O objetivo confesso: ir a Belém para casar Minha, a filha, com um colega de estudos do irmão. Mas João Garral tem também suas razões secretas: conseguir, correndo o risco da sua efetiva execução, a revisão da sentença que o condenou injustamente à morte pelo caso de um roubo de diamante vinte e seis anos antes, enquanto ele trabalhava, sob a sua verdadeira identidade de Dacosta, nas minas imperialistas brasileiras. Com o objetivo de se deslocar, visto que o projeto era familiar, o herói não imagina outro meio senão construir uma gigantesca aldeia flutuante que se deixará levar pela correnteza do rio... (da orelha do livro).
Leia mais sobre A Jangada AQUI:
Baixe alguns livros de J.Verne AQUI:

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Instigar é papel dos blogs?

Instigar é da natureza da criatura humana. Onde houver dois ou mais seres humanos haverá interação entre eles e um incitará o outro a fazer algo, seja uma ação solo ou seja em conjunto.

Instigar deve ser, também, o  papel fundamental da grande mídia. De que vale apenas transmitir informações sem estimular o receptor a pesquisar, a se aprofundar, a  refletir sobre a informação e resignificá-la? Agir assim é ser leviano com o conhecimento. E já que a mídia institucionalizada é tendenciosa com suas notícias, ou pelo menos está atrelada a valores mais econômicos que éticos, cabe as mídias alternativas, como os blogs, instigar, incitar, estimular a sua rede de leitores a desenvolver um olhar mais percuciente sobre uma dada questão, a ampliar sua cosmovisão ou cosmoconcepção. Assim, e através dela, atingir a população, instando-a às mudanças.


Blogs são formadores de opinião
Apesar do amadorismo, muitos blogs apresentam conteúdo de qualidade e são instigadores de seus leitores. Desde 2007 é possível perceber que o papel dos blogs como mídia está em franco crescimento e expansão. E ainda que longe de impactar os grandes veículos de comunicação de massa, alguns grandes jornais e emissoras de rádio e TV, como a rede Globo, p.ex., se renderam a maneira ágil e dinâmica que a informação circula nos blogs e a credibilidade que eles conquistam; já perceberam a importância dos blogs no universo da informação on demand. 

Hoje, muitos colunistas, artistas e apresentadores possuem blogs. E há casos do cara começar num blog e ser contratado pela grande mídia. Isso prova que os blogs instigam os grandes veículos de comunicação a adotarem uma atitude de respeito e não de desprezo ou preconceito.

Blog Instigante: o selo
Instigar é verbo que deve ser conjugado no plural por todo e qualquer educador que se preze. É a atitute que todo professor deve promover diante de seus aprendizes. Instigar é atiçar a curiosidade, e como sempre digo: é no espanto que a aprendizagem começa. Ser instigante é tudo que um blogueiro quer. Eis porque este blog se sente honrado ao recebeu da Professora Maria do Rocio, do blog Aprendências, o selo "Blog Instigante".
NOTA: Fiz uma rápida pesquisa mas não descobri que teve a idéia de criar o selo. Se souber me mande.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Corrupção no Brasil é como a Web: uma teia onde tudo se interliga

No Brasil a corrupção é como a Internet: tudo se interliga como numa teia
Em 1998 tivemos o escandaloso caso do "mensalão", tornado famoso pelos depoimentos do deputado Roberto Jefferson, que abalou a credibilidade do governo Lula sem, no entanto, atingir o presidente.

Bem antes de eclodir o famigerado caso do mensalão outros escândalos espocaram, como o famoso caso dos dólares na cueca, o escândalo dos bingos, o escândalo dos Correios, a corrupção na prefeitura de Santo André e a morte de Celso Daniel, a cínica Dança da Pizza entre outros.

Quem não se lembra do escandaloso caso da SUDAM, em 2000, que envolveu a governadora do Maranhão, Roseana Sarney? E o escabroso caso da morte do prefeito Celso Daniel? Ou do caso Celso Pita, a corrupção na prefeitura de São Paulo, a CPI do Banestado e do juiz Nicolalau?  

O site A Voz do Cidadão faz uma lista de escândalos dos governos recentes, desde 1979, com o presidente que preferia o cheiro dos cavalos ao de gente, João Batista de Figueiredo, até Lula. Também a Wikipédia nos traz uma lista de 96 supostos casos de escândalos para os anos 1990 e 124 casos para os nove anos da década de 2000. De certo que a fonte não é lá muito confiável, entretanto serve muito bem para que se tenha uma imagem do bas-fond  da política nacional.

Mensalão já era, agora é meiasalão

Já tivemos políticos de alto coturno, e alguns de seus cherimbabos*, que foram flagrados recebendo propina. Eles escondia o dinheiro de suas falcatruas em sacos, malas, cuecas e agora estão usando também as meias. Como diria o macaco Simão: No país da esculhambação geral, inauguraram o meiasalão. Hahahaaa!...

O deputado Prudente, prudentemente, guardou sua propina nas meias enquanto o deputado Roberto Arruda (DEM) colocou a bolada num saco.  Mas nem com reza forte de pastor,  nem com mandinga, patuás, galho de arruda e oscambau, ficaram livres do "mau olhado": os olhos da Nação estavam todos voltados para eles. Foram vistos em cadeia nacional, escondendo o dinheiro. E se esses mesmos olhos não esquecerem o que viram, nunca mais eles serão eleitos, caso venham a se candidatar novamente.

Mas essa é uma tola esperança deste blogueiro, pois a memória do povo é mais volátil que memória RAM. Quantos políticos processados e condenados, quantos corruptos confessos ou pegos em flagrante, quantos candidatgos supostamente envolvidos nos mais hediondos crimes já foram reeleitos?

Encerro este post com duas frases proféticas do ex-presidente Abrahan Lincoln:

"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder."
"Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente."

Crédito: Imagem obtida no blog Proibido Proibir

 *Cherimbabo é um termo nativo para um pequeno animal de cria doméstica. Na gíria paraense designa o auxiliar, ajudante ou puxa-saco.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Água não tem cabelo...

Nessas paragens amazônicas nem sempre é de carro ou ônibus que os trabalhadores se deslocam para seus locais de trabalho ou que alunos vão para suas escolas. Mesmo aqui em Belém, a capital paraense, existem regiões que só se vai de barco ou de casquinho, as pequenas canoas cujas bordas ficam apenas a dois dedos do nível da água. Cá entre nós, não sei como os ribeirinhos têm coragem de nagevar pelos grandes rios e igarapés com essas frágeis canoinhas. E para quem não sabe, nessa região os rios são os caminhos, mas eu não entro numa delas nem com reza braba...

Contudo, como canta o poeta Rui Barata: "este rio é minha rua..." E este blog é minha rua...

 Há diversas ilhas que fazem parte da região administrativa da capital paraense, com pequenas escolas ou unidades pedagógicas cheias de estudantes que precisam receber educação e formação escolar. Uma dessas escolas é a Unidade Pedagógica da Faveira (clique no link ao lado para saber mais) que fica na ilha de Cotijuba, distante cerca de 1 hora de barco do porto de Icoaraci, distrito do município de Belém, a cerca de 30 minutos do centro da cidade. Na semana passada fui visitá-la, a trabalho.

A Unidade Pedagógica da Faveira é um anexo da Escola Bosque, localizada em Icoaraci, e diariamente os professores devem fazer uso de um barco fretado pela prefeitura para fazer a travesia da Baía do Marajó.

Cheguei  ao porto em Icoaraci  por volta das 7h da manhã e o pequeno cais estava cheio de passageiros. Qual a nossa surpresa ao ver que um incidente havia tombado o pequeno cais flutuante, que estava inclinado e quase totalmente submerso. Diversos barcos pesqueiros de pequeno porte, e pequenos barcos de passageiros, estavam atracados diretamente na rampa de acesso, ou amarrados uns aos outros. Isso obrigava as pessoas a passarem de um barco a outro até atingir o cais.

Encontrei um grupo de uns 15 professores da rede municipal que aguardavam o barco para a escola da Faveira. O barco chegou e embarcamos. No slideshow a seguir você encontrará algumas cenas dessa viagem. Passe o mouse nas fotos para identificar as imagens. (Infelizmente, o site Slide.com foi desativado e os projetos que fizemos desapareceram - o autor, outubro/2013)



quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Projeto Época na Educação & Blogs: campeões de audiência

Embora não seja do meu feitio empregar o CTRL+C e CTRL+V nas minhas postagens, posto que gosto da originalidade, muitas vezes queremos dar a informação tal qual a colhemos. Assim, o melhor caminho é a transcrição ipsis literis.
Por considerar uma fonte de pesquisa no assunto, e de provável interesse de meus poucos leitores, transcrevo abaixo um recorte de uma série de artigos publicados na Revista Época edição nº 428, de 2006, sobre "como os diários da internet estão revolucionando a política, os negócios, a carreira, a cultura e as relações pessoais", e uma linha do tempo da blogosfera mundial

Embora um tanto velha, a notícia me parece bem atual. Quem desejar ler a reportagem na íntegra clique AQUI.
Aproveitando, recomendo a leitura sobre o Projeto Época na Educação.

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ÉPOCA NA EDUCAÇÃO



Estão abertas as incrições para o projeto ÉPOCA NA EDUCAÇÃO.
O projeto está há dez anos propiciando aos alunos e seus professores uma viagem fantástica pelo mundo da informação. INSCREVA SUA ESCOLA.
Consulte o regulamento e veja como sua escola pode participar clicando AQUI.



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Blogs: Campeões de Audiência

John Batelle, um dos fundadores da revista Wired, diz que os blogs fazem sucesso porque "as pessoas adoram falar"
 
O jornalista e professor americano John Batelle é um entusiasta dos blogs. Ele é um dos fundadores da revista Wired e colaborador do Boing Boing, o blog mais popular do mundo. Para Batelle, blogs são conversas entre pessoas e ganharam importância justamente por isso. "As pessoas adoram falar umas sobre as outras."




John Batelle




O que ele fez
fundou a Wired
O que ele faz
colabora com o blog Boing Boing e dá aulas na Universidade da Califórnia, em Berkley



ÉPOCA - O que define um blog?
John Batelle - Um blog é simplesmente o trabalho público de uma pessoa.
ÉPOCA - Por que se fala tanto sobre blogs?
Batelle
- Porque os blogs são feitos por pessoas, e as pessoas adoram falar umas sobre as outras. Blogs são um tipo de mídia, e a mídia tradicional é tão ameaçada quanto fascinada pelos blogs. E, claro, a mídia adora falar sobre si mesma.
ÉPOCA - Qual a importância dos blogs para o desenvolvimento da comunicação?
Batelle
- Os blogs são o primeiro passo para que todas as pessoas alfabetizadas tenham sua própria plataforma no mundo. Um espaço onde elas possam declarar quem são, o que querem e o que pensam.
ÉPOCA - Então o senhor acredita que os blogs estão satisfazendo as necessidades de comunicação das pessoas?
Batelle
- Para muitos, sim. Mas há milhões e milhões de blogs internet afora. Quem sou eu para dizer se eles estão funcionando para todo mundo?
ÉPOCA - Podemos dizer que a internet está se transformando em um grande trabalho coletivo, com o conteúdo sendo gerado pelos usuários? Isso é bom?
Batelle
- Sim, mas não apenas conteúdo gerado por usuários, mas de todo tipo.
ÉPOCA - Como a internet evoluiu para o que é hoje, com tanta participação dos usuários?
Batelle
- Essa é uma questão complicada. Resumindo, o aspecto mais importante no mundo (dos humanos) é a atenção. O valor está nas coisas para as quais as pessoas dão atenção. E elas estão interessadas no que os outros estão fazendo on-line. Isso faz com que a web seja tão interessante quanto a vida. Como um espelho, mas um espelho com uma memória bem grande.
ÉPOCA - A internet é o novo espaço público? Debates on-line podem contribuir para o avanço político de cidadãos e da sociedade organizada?
Batelle
- Sim, isso já ocorre ao redor do mundo. Há centenas de exemplos. A internet é uma mídia poderosa no que diz respeito à mobilização. E é uma ferramenta sem fronteiras.Você pode alcançar pessoas em qualquer lugar.
ÉPOCA - O senhor diria que as pessoas estão fazendo um bom uso da tecnologia? O resultado é satisfatório?
Batelle
- Sim, mas sou otimista. As pessoas em geral são boas e querem usar a tecnologia para o bem. Infelizmente, também há os que adquirem controle sobre ela e acabam fazendo um mau uso.
ÉPOCA - Por que as empresas de comunicação parecem temer os blogs?
Batelle
- Empresas tradicionais de mídia controlam todo o conteúdo que possuem e ninguém controla os blogs, exceto seu autor e a comunidade que interage com ele.
ÉPOCA - Agora essas empresas estão começando a publicar seus próprios blogs. Essa é uma boa idéia?
Batelle
- Sim. Blogs são uma forma diferente de mídia, não mediada, mais direta. Tem mais a ver com desempenho do que com um pacote fechado de produtos. Essa é uma habilidade que as empresas de mídia precisam adquirir.






A linha do tempo com os principais acontecimentos da blogosfera mundial
Janeiro de 1994
O estudante Justin Hall cria o primeiro blog do mundo, o Links.net
Dezembro de 1997
O colunista de internet Jorn Barger cunha o termo "weblog"
Abril de 1999
O programador Peter Merholz encurta as coisas: "weblog" vira apenas "blog"
Agosto de 1999
Lançada a primeira ferramenta popular de criação de blogs, o Blogger.com
Janeiro de 2000
O Boing Boing entra no ar
Fevereiro de 2002
A designer Heather Armstrong é demitida por falar sobre o emprego em seu blog, Dooce. O nome vira um termo em inglês que significa "demitido por blogar"
Agosto de 2002
Nick Denton lança o Gizmodo, que se tornaria um império de blogs. Nasce também o Blogads, para negociar publicidade em blogs
Dezembro de 2002
Lançamento do Gawker, inaugurando a era dos blogs de fofoca
Março de 2003
Salam Pax, um blogueiro iraquiano, manda notícias direto da Bagdá sob ataque americano
Junho de 2003
O Google lança o serviço AdSense, ferramenta que exibe anúncios relacionados ao conteúdo dos blogs
Agosto de 2003
A primeira grande onda de anúncios em blogs políticos
Setembro de 2003
Jason Calcanis funda a empresa Weblogs.Inc, que chega a ter 85 blogs sob seu guarda-chuva
Dezembro de 2004
O dicionário inglês Merriam-Webster classifica "blog" como "A palavra do ano"
Janeiro de 2005
Uma pesquisa revela que 32 milhões de americanos lêem blogs
Maio de 2005
Criado o blog político The Huffington Post
Outubro de 2005
Os blogs da Weblogs.Inc são vendidos para a AOL por US$ 25 milhões
Dezembro de 2005
O ano soma US$ 100 milhões em publicidade para os blogs
Janeiro de 2006
A revista Time paga para ter o blog de Andrew Sullivan em seu site






quinta-feira, 26 de novembro de 2009

De pai para filho...

O que deve ter sentido o filho de Vinícius de Moraes ao ser mote de vários poemas de seu pai? Não falo apenas da canção "O Filho que eu quero ter", dele com Toquinho, e que sempre me emociona quando ouço (pois me faz pensar que é assim que eu gostaria de partir: ouvindo um acalanto de adeus de meu filho, enquanto ele cerra meus olhos); ou "Pedro, Meu Filho" (veja AQUI), ou ainda o famoso "Poema Enjoadinho", aquele que diz:
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?

O que deve ter sentido Stephan, filho de Marcelo D2, quando o pai compôs "Loadeando" e cantaram juntos: (Marcelo) "Eu me desenvolve e evoluo com meu filho"; (Stephan) "Eu me desenvolve e evoluo com meu pai"?

O que sentiram não sei, mas certamente deve ter sido algo pelo menos parecido com o que senti quando Jucá Santos, primo e amigo de meu saudoso pai, me disse que guardava um poema escrito por ele para mim, quando nasci. E olha que esse poema já devia ter sido esquecido pelo meu velho, pois nunca falou dele. E, muito provavelmente, ficou também desconhecido até de minha mãe. Talvez só o primo Jucá o tenha conhecido. Mas o fato é que guardou-o juntamente com outros fragmentos e vestígios da breve passagem de Waldick Pereira por nossas vidas. Guardou-o até o dia em que, casualmente, me descobriu na Internet. Encontrou este blog, trocamos e-mail e ele me manda esse presente, esse pedaço perdido de minha história.

É dessa forma, retornando do passado e me fazendo surpresas, que se cumpre o vaticínio que meu pai faz no terceto final do soneto que abaixo publico. E publico não porque isso me irá massagear o ego, pois meu quinhão de orgulho e satisfação quando recebi o soneto não pode ser superado. Publico apenas e tão somente para honrar e fazer juz a um sentimento fraterno e respeitoso "que conforta e ampara, como a bengala ao cego e o cajado ao pastor" (Canto ao Caminheiro só - Waldick Pereira - in Momentos de Amor e Caminhos, 1970): a amizade. Uma amizade que foi além do tempo e do espaço, que fez Cláudio Antonio Jucá Santos guardar os 14 versos de um soneto rabiscado á mão num pedaço de papel e dirigidos a um nasciturno que ele pegou no colo e só veio reencontrar quase 57 anos depois. Publico para homenagear a amizade entre Jucá e meu pai e que agora me é mais um legado seu.

MEU FILHO
A Franz Kreüther
Meu filho é tudo o que eu quis ter na vida:
Glória, fortuna, pousos passageiros!
É como a nossa crença mais querida
Que não se iguala nunca a mil luzeiros.


Ter na velhice quem me ampare a lida,
Enxugando os meus prantos derradeiros.
Quem me afague a cabeça já pendida
Às bordas dos sepulcros, dos carneiros.


Meu filho é tudo o que eu sonhei um dia:
- Os risos dos meus lábios, a alegria
De ver tão moço ,alguém que eu tenha feito!


E depois... e depois quando eu morrer.
Meu filho - alma bendita do meu ser
Me sentirá mais vivo no seu peito!
                                   Waldick Pereira (Maceió,1952)

Você, meu amigo/a, que me acompanhou até aqui, escreva um poema para seu filho(s). Garanto que ele irá gostar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sua Memória é RAM?


Há poucos momentos meu colega ligou o computador ao lado e a máquina começou a emitir um BIP curto e repetitivo.


O sinal  já nos era conhecido, aliás, o é de quase todos que lidam com um computador: a placa-mãe sinalizava, com aquele apito, que havia problemas na placa de vídeo ou que a memória RAM estava bichada. A geladeira duplex lá de casa também apita assim sempre que a porta fica muito tempo aberta.

Um apito de alerta
 
Muitas coisas apitam com a finalidade de enviar um recado, um aviso. Desde  indicar ao usuário que algo vai indo mal ou que ele cometeu algum erro, até alertar alguém para algo prestes a acontecer, como é o caso dos navios que vão partir, das chaleiras postas no fogo, que apitam para indicar que a água está fervendo, e dos guardas de trânsito quando cometemos uma infração.

Enquanto pensava nisso, nosso técnico de plantão diagnosticou: Isso é problema de memória RAM. Abriu o gabinete, retirou o pente de memória, passou uma borracha, dessas de uso escolar mesmo, nos contatos de metal e espetou a plaquinha de memória de volta em sua baia. Resultado: o computador voltou a funcionar perfeitamente.

A título de piada, disse-lhe: Quer dizer que basta "apagar" as má lembranças para que a máquina volte a funcionar com perfeição? Pode parecer brincadeira ou tolice, mas o fato é que ter esse tipo de memória pode ser o sonho de muita gente. Imagine se fosse possível passar uma borracha e apagar os pesadelos, as recordações indesejáveis, as más lembranças, amarguras e tristezas residentes na memória, que nos trazem sofrimento e que travam a nossa máquina de vez em quando?

Sabemos que só se aprende com os erros. Até mesmo com os animais é assim. E que as lembranças ruins são vestígios de nossas falhas, nossas faltas e erros cometidos, armazenados no inconsciente e disparados sempre que um fato semelhante se aproxima ou tende a se repetir.

Mas, são essas recordações amargas as gestadoras de tormentos, estresses e  depressões, e com elas chegam os pensamentos obsedantes, negativos. Com uma memória do tipo RAM, poderíamos guardar o aprendizado e "apagar" com uma borracha as tormentosas e torturantes lembranças. Daí, tudo seria como um eterno e jovial recomeço.

Uma pílula da felicidade?

Há muito tempo que o homem busca criar uma "pílula da felicidade", uma droga capaz de apagar um determinado evento traumático da memória. Há diversas pesquisas científicas nesse sentido, e acredito que um dia alcançarão esse estágio. Ai, definitivamente, ficaremos iguais ao computador que agora emprego para fazer este post. É Matrix que se aproxima ou já está instalada?

A título de brincadeira, costumo dizer que tenho uma "memória privilegiada", porque esqueço tudo. É claro que isso é um exagero, mas em verdade minha memória é muito ruim, entretanto não há nada nela que eu queira apagar, nada.
* A imagem foi obtida no Blog News Errado (AQUI) e (AQUI)


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Alunos Repórteres no NavegaTube

Incentivar as iniciativas bem sucedidas no chão da escola é obrigação não somente de todos os professores, como da comunidade em geral. E um projeto que merece nosso apoio tem sido o Aluno Repórter, através do qual professores e estudantes de escolas públicas trabalham numa perspectiva educomunicativa, fazendo entrevistas, produzindo documentários, atuando como verdadeiros profissionais da reportagem e da produção de informações. Em muitos casos com equipamentos emprestados.

Um desses projetos acaba de ser publicado no NavegaTube, uma ação integrada do NavegaPará, e está concorrendo a um prêmio de cinco mil reais, sendo que boa parte dele irá para o objeto do documentário, o Cordão de Pássaro Dona Arara, e o restante para a escola comprar equipamentos.

Ester Blog é Minha Rua, colaborando na divulgação dessa proposta e na divulgação do trabalho desses alunos, convida você a ler a mensagem enviada ao blogueiro (abaixo) e colaborar com o seu voto para que eles sejam premiados. 
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Car@s companheir@s
Os alunos repórteres da Escola estadual do Tenoné(Belém-PA), auxiliados pelos seus professores partiram à procura da cultura viva de seu bairro onde conheceram Dona Joana (Dona Arara) e seu Cordão de Pássaro. Dona Joana é uma Srª de 84 anos que tem livros e músicas premiados pelo Instituto de Artes do Pará - IAP. Ela é Mestra de Cultura Popular no bairro do Tenoné e desde os 7 anos trabalha na tradição do "Cordão de Pássaro". Uma verdadeira expressão da cultura popular!

O vídeo "Caminhos da Cultura no Tenoné", produzido pelos alunos e professores está concorrendo a uma premiação no NavegaTube, com a possibilidade de ganhar uma ilha de edição + R$ 5.000,00 para comprar equipamentos pra escola, que é extremamente carente.

O vídeo e fruto de um projeto maior de inclusão digital que a escola está realizando com apoio do Núcleo de Tecnologia-NTE da Seduc, mesmo sem a escola possuir sequer uma TV ou DVD ou computador. O trabalho realizado está revolucionando a escola, estimulando e provocando alunos e professores. A concepção de alunos-repórteres que vão além dos muros da escola para produzirem conhecimentos, e a divulgação destes trabalhos através de vídeos-documentários e de um jornal que ainda vai sair, são alguns objetivos do projeto que também esta ligado ao Portal Educarede.

Diante disso, contamos com o apoio de cada um de vocês para divulgarem o vídeo e para realizarem o máximo possível de acesso, pois o vídeo mais visualizado ganhará o prêmio. O prazo para os acessos é até o dia 13/11/2009. Então, vamos lá dar essa força!

Basta clicar no link ao lado: Caminhos da Cultura no Tenoné ou clique no link para a categoria Cultura de Periferia AQUI
Petronio Medeiros
Professor da Escola Estadual Tenoné

domingo, 1 de novembro de 2009

Brinquedos humanos de ontem e de hoje

Essa postagem faz parte da blogagem coletiva do Blog Vou de Coletivo, cujo tema de novembro é "Brinquedos: dos mais antigos aos mais recetes". Leia as outras postagens AQUI.
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Brinquedos humanos de ontem e de hoje

Um brinquedo é a ferramenta de um jogo que traz lazer e diversão ao usuário. É um instrumento de alegria, de prazer, de gozo individual ou grupal. Independente de idade, sexo, religião ou condição social, todo ser humano gosta de brincar, o que muda é o tipo de brinquedo.

Quando se é bebê, tudo é brinquedo: água, chupeta, dedão do pé, cocô...
Na infância novos brinquedos surgem ou são criados e descobertos. É uma fase de brincadeiras quase sempre egoístas, individuais.

Se for menino é bola, carrinho, pipa, bonecos de super heróis...
Se for menina é boneca (quase sempre Barbie),  bichinhos de pelúcia, maquilagem da mãe, panelinhas, fogãozinho...

Entrando na puberdade/adolescência os brinquedos também mudam. As brincadeiras apelam para o espírito coletivo e o tribalismo, embora algumas "brincadeiras" sejam realizadas na solidão.

Se for garoto é o prazer solitário, o "cinco contra um", o futebol no campinho, as meninas, os games, Orkut, mais meninas, MSN, Twitter, fumo, álcool, "carreira", sexo...
Se for garota é celular, maquilagem da mãe, meninos, MSN, Orkut, sapato, bolsas...

Na fase adulta alguns dos brinquedos descobertos na adolescência desaparecem, outros assumem o maior destaque. Permanece o espírito grupal, sem no entanto extrapolar para o universalismo.

Se for homem é sexo, futebol, mulheres, álcool, mulheres, fumo, carros, sexo, malhação, mais mulheres, tatoo, muito mais sexo, chifre...

Se for mulher é  cartão de crédito (melhor quando é do marido), bolsas, sapatos, perfumes, carros, malhação, lipo, botox, silicone, tatoo, sexo, chifre...

Na velhice, indistintamente de sexo, aposenta-se muitos ou quase todos os brinquedos até então usados, e adota-se outros com foco na recreação, na distração. Nessa fase os brinquedos alternam-se entre coletivos e individuais: dama, dominó, paciência, palavras cruzadas, bingo, plantas, livros, netos, TV...

Porém, sempre existiram aqueles cujos brinquedos são coletivos mas suas brincadeiras são egoístas. Eles gostam de brincar com muitas pessoas, mas são os únicos que querem se divertir, sentir prazer na brincadeira. Via de regra seu único e exclusivo brinquedo é um jogo chamado Ambição. Um jogo basicamente sem regras, que se joga com um brinquedo chamado "dinheiro". Ganha quem alcançar o objetivo do jogo, o Poder.

Seus principais jogadores são os governantes e políticos corruptos, os empresários sem escrúpulos e os líderes religiosos obcecados pelo sucesso material. Para esses o mundo todo é um parquinho de diversões e, por detrás de cada guerra ou conflito armado, de cada comunidade miserável, de cada ato de violência, de cada jovem drogado, de cada pessoa infeliz, com fome, sofrendo por falta de saúde, por falta de terra para trabalhar ou por falta de emprego e renda, sempre há o sorriso de um deles.

POSTAGENS RELACIONADAS:
Masturbação Tecnológica pelo Computador
Pará, terra de a torto e a direitos
Eleições obrigatórias é democracia?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A Revolução do Software Livre

Neste final de semana acabei a leitura do romance  "O Complexo de Di", do escritor chinês Dai Sije. O livro conta as peripécias de Muo, o primeiro psicanalista da China, apaixonado pelas teorias de Freud.  Muo, que tem 40 anos e é virgem,  estudou na França e retorna ao seu país para tentar salvar sua amada da prisão e da condenação à morte, imposta pelo juiz Di.  Para isso o quixotesco Muo precisa encontrar uma virgem para o juiz. 
Com humor, criatividade e muita competência, Dai Sijie apresenta uma China pós-revolução cultural, miserável, em confronto com uma China tradicional, onde a cultura medieval ainda impera em vários recantos.  A leitura é um tanto pesada, por conta do excesso de descrição e detalhamento, pelo ir e vir no tempo e no espaço, mas é muito interessante pelas informações sobre hábitos e costumes locais.

Terminado esse, que recomendo, comecei a leitura (um tanto tardia, confesso) de "O Homem que Matou Getúlio Vargas", do consagrado Jô Soares (Cia. das Letras, 1999) e A Revolução do Software Livre (Comunidade SOL; Manaus, 2009). E é sobre este último que trata esse post. 

A Revolução do Software Livre é um livro que pode ser obtido enviando um email para a ONG Comunidade SOL (http://www.comunidadesol.org/).  Fiz o pedido em nome do Núcleo de Informática Educativa Prof. Washington Lopes (NTE Belém) e do Núcleo de Informática Educacional - NIED, e na sexta-feira passada o livro chegou no NIED. Quero agradecer de público ao Tiago de Melo por nos ter presenteado com a obra.

O livro é uma coletânea organizada por Tiago Eugenio de Melo, fundador e diretor-geral da ONG Comunidade SOL Software Livre, responsável pela públicação da obra. Reúne 10 autores, todos especialistas em TI e usuários compulsivos de softwares livres. Alguns, inclusive, são desenvolvedores e colaboradores atuantes da comunidade GNU/Linux.  Cada autor é responsável por um capítulo, distribuídos em 366 páginas. Veja abaixo a relação dos capítulos e seus autores:

Cap. I  - Estudando o Software Livre - Marcelo Ferreira
Cap. II -  Liberdades, Exclusão e Licenciamento de Software Livre e outras Obras Culturais - Alexandre Oliveira
Cap. III - Creative Commmons, Software Livre e Cultura Livrte - Pedro Mizukami
Cap. IV - Software Livre e Inovação - Rubens Queiroz
Cap. V - Reflexões sobre Algumas Respostas Psicológicas a Forças de Mercado - Pedro Rezende
Cap. VI - O Crescimento Econômico com Software Livre: Uma Visão para Micro e Pequena Empresa - Paulo Michelazzo
Cap. VII - Modelos de Negócio em Software Livre: Quem Disse que não se Ganha Dinheiro com Software Livre? - Cezar Taurion
Cap. VIII - Desenvolvimento Colaborativo - Christiano Anderson
Cap. IX - O Lado Técnico da Lioberdade: Soluções, Mitos, Desafios e Alternativas - Jansen Sena
Cap. X - GNU/Linux em seus Diversos Sabores - Tiago de Melo

Como ainda não terminei de lê-lo, trago um breve olhar sobre alguns capitulos, a guiza de estímulo para que você, leitor amigo, possa se interessar por sua leitura. Considero o livro leitura imprescindível para a comunidade e/ou interessados em SL.

O Capítulo I é um excelente artigo sobre o SL. Simples, didático e rico de informações e história. Além de oferecer uma linha do tempo,  esclarece os principais conceitos, licenças e siglas da Comunidade GNU. Muito bom para quem não conhece ou está se aventurando no GNU-Linux.  O Capítulo X pode complementar, em muito, suas informações.

O Capítulo II é muito interessante e criativo. Trata de direitos autorais e produtos culturais com humor e originalidade, apresentando um páis fictício chamado Pãn'k (Pânico), onde adoravam um deus chamado T'Pãn e cuja principal indústria é o pão, o alimento essecial da população. Então, alguém desenvolve uma fantástica máquina capz de copiar qualquer objeto ou substância, e esse produto essencial passa a ser copiado e vendido.  A partir dessas analogias, o autor revela como são criadas as leis de proteção aos interesses mercadológicos, marcas e patentes, os selos de qualidade, garantias e a pirataria.  É o capítulo mais longo, começa na página 61 e vai terminar na página 123. Mas se lê praticamente de um fôlego só, tal sua criatividade e humor.

O Capitulo III trata das licenças Creative Commons, que também protege os post desse blog e de tantos outros. Você sabia que, "a partir do momento em que determinada criação intelectual é fixada em uma base física, ela é submetida ao regime legal dos direitos autorais (Lei 9.610/98 - art. 7)"? Você sabia que as licenças CC só eram válidas nos Estados Unidos da América, que o Brasil foi o terceirto país a adotar as licenças CC, e que hoje são 50 países que as adotam? Sabe o que é copyright e copyleft?

O Capítulo IV é o menor do livro, começa na página 177 e termina na 183. Trata da experiência de criação do sistema Nou-Rau, da UNicamp. O sistema foi desenvolvido para o gerenciamento de bibliotecas da Universidade e hoje está disponível na Web e pode ser empregado por diversas outras instituições. Os demais capítulos tratam de questões práticas e mercadológicas do Software Livre. Mas, para mim, a principal mensagem do livro é a filosofia do software livre: "Just for Fun".

* Créditos das imagens: 1- radio-com.blogspot.com; 2 - wireleess.ictp.it/school_2006

domingo, 25 de outubro de 2009

Divulgue seu blog em 316 buscadores

Há muitos blogs de professores e de escolas públicas aqui em Belém (Pará) que ajudei a criar, através de oficinas nos Núcleos de Tecnologia Educacional  da rede estadual (Prof. Washington Luis Barbosa Lopes -NTE de Belém) e da rede municipal (o Núcleo de Informática Educativa-NIED), ou em atendimentos individuais ao professor/professora (geralmente de sala de informática) interessado(a) em criar seu blog ou de sua instituição. E vejo com grande satisfação que alguns superaram em muito minhas espectativas, e conquistaram um espaço considerável de respeito e admirção.

Muitos desses blogs já sofreram alterações em seu layout, melhoraram seu visual, incrementaram os elementos de página, os gadgets, o que revela um real interesse do blogueiro em superar suas limitações iniciais e oferecer um produto melhor e mais bem acabado aos seus leitores e visitantes. Esse é o espírito do verdadeiro educador, que se reflete em seu blog.

Mas uma coisa ainda não está de todo praticada por muitos desses blogs: a divulgação. Com vistas a contribuir nesse particular, encontrei um site que lhe permitirá divulgar seu blog (ou site) em 321 Sites de Buscas (35 Brasileiros e 286 Internacionais).

O cadastro é rápido e simples. Mas uns poucos buscadores internacionais pedem confirmação. Clique AQUI para se cadastrar no DataHosting.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Masturbação tecnológica pelo Computador

Esse post é uma preparação para a minha próxima postagem, que fará parte da blogagem coletiva proposta pelo Blog Vou de Coletivo para o mes de novembro, e cujo tema é Brinquedos. Leia e confira.
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Antigamente, nos anos 1960 e meados de 1970, tudo que um adolescente queria era um dos famosos "Catecismos", as revista de sacanagem em quadrinhos desenhadas por Carlos Zéfiro, e alguns instantes a sós no banheiro de casa. Depois vieram as revistas de sacanagem com fotos coloridas, contrabandeadas da Suécia e Dinamarca, que comprávamos de amigos marinheiros e escondíamos como se fosse um tesouro.

Na década de 1980 explodem nas bancas de todo Brasil as revistas eróticas, nacionais e internacionais, como Ele&Ela, Playboy, Status, Penthouse. Mais tarde surgem as revistas de sexo explicito, liberadas nas bancas de jornais.

Com o advento da internet e da troca de arquivos P2P, fotos e vídeos pornôs estão disponíveis  para todo e qualquer adolescente. Uma nova era de prazeres solitários se inaugura. Mas não paramos por ai.

Então, um cabra inteligente e sacana que também é engenheiro da NASA, descontente em usar o computador apenas para VER sacanagem, decidiu que o computador deveria fazê-lo SENTIR prazer enquanto via um filminho pornô na telinha (será que o aparelho acompanha o kit de sobrevivência dos astronautas da NASA - risos?).

O novo brinquedo only for guys chama-se Real Touch, the future of adult entertainment, anuncia o site do produto (clique AQUI). O Real Touch é um aparelho de estimulação peniana que é conectado ao PC pela porta USB, enquanto um programinha (plugin) adapta o Windows Media Player para fazer a interação entre o que acontece no filme e o aparelho. Depois, é só relaxar e...  Ah! Custa menos de 200 dólares.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ninguém sabe o duro que dei



Naturalmente que fui assistir ao documentário sobre Wilson Simonal de Castro (Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei; Brasil, 2008), o maior cantor do Brasil (desnecessário dizer que é meu ídolo), tão logo esteve em exibição aqui em Belém.

Não me surpreendi com o público pequeno daquela sessão, afinal documentário é algo que o brasileiro ainda não está muito acostumado em assistir, exceto no Discovery, History e National Geographic. 

Sobre o valor do trabalho do casseta Cláudio Manoel, de Micael Langer e Calvito Leal, para a história da MPB, e de sua importância para o resgate da figura daquele que considero o maior ídolo do cancioneiro popular brasileiro muitos já falaram. Dizer da injustiça sofrida por Simonal, perpetrada pela inteligentzia invejosa, pela impensa marrom, pela inveja da classe artística é chover no molhado. O documentário mostra isso. Ainda que Raphael Viviani, o contador da  Simonal Produções e pivô do caso, diga num dado trecho de seu depoimento, que o cantor foi vê-lo no DOPS mas não sentiu pena de seu estado físico (depois das porradas que levou, supostamente a mando do ex-patrão). Por isso Raphael não sentia nenhuma pena de Simonal.  Para mim este é o único momento em que ele disse a verdade.

Me surpreendi foi com os poucos depoimentos apresentados no filme. Nenhum cantor importante da época, como, p.ex.  Jorge Benjor (responsável por um dos maiores sucessos da carreira de Simonal) ou um Chico Buarque, um Gilberto Gil, um Caetano, se apresentaram para contribuir com seu depoimento? Até parece que a classe a qual pertencia o artista continua de costas para ele. Pior, que a pecha de delator permanece sobre o malfadado cantor! Apenas Pelé, Tony Tornado, Chico Anysio, Miéle e Castrinho se dispuseram a falar em defesa de Simonal.

E a intolerante imprensa, que promoveu o linchamento moral de Simonal, sem lhe dar chances de defesa? Essa, sequer deu as caras no documentário. Bem, há o Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), cujo testemunho é taxativo: Quem ferrou Simonal foi a classe artística e a imprensa. E ponto final!

Ah! Não estou considerando o depoimento do Jaguar (Sérgio Jaguaribe, d'O Pasquim, responsável maior pelo ostracismo em que foi atirado o cantor), que com um cinismo etílico revoltante, deixa claro que não se arrependeu de ter destruído uma carreira brilhante, uma vida. E, ao final, ainda teve a desfaçatez de admitir que o Raphael (o contador) podia mesmo ter roubado a Simonal Produções.    

As falas dos filhos de Simonal, Simonhinha e Max de Castro, me deixaram a impressão de que eles não ficaram muito satisfeitos com o resultado do documentário, que ao fim e ao cabo, não expõe a verdadeira face do caso: a crucificação de um inocente, e todo sofrimento imputado ao cantor e sua família.

O filme vale pelas músicas, pelo revival, e para mostrar aos jovens de hoje, tão acostumados a música apelativa e de pésima qualidade, como um verdadeito cantor consegue mobilizar uma multidão apenas com seu enorme, amazônico e irresistível talento. Tudo no gogó, com molho, com champinhom, com swing. Isso não se vê mais. É um privilégio exclusivo da minha geração. Por isso criei o selo Bossa Simonal, que ostento aqui na barra lateral.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Professor brasileiro: esse alquimista e herói!

Postagem integrante da Blogagem Coletiva Professores do Brasil proposta pelo Blog Ponderantes.
NOTA: Programei-a para ser publicada logo na primeira meia hora do dia. Como não foi, publico agora.
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Acho que quando eu nasci, um anjo torto, desses que vivem nas sombras deve ter dito: Vai Franz, ser professor na vida... Ou foi um anjo safado, um chato dum querubim que decretou que eu tava predestinado a ser professor?

Só pode ser, pois nunca pensei em ser professor. Queria ser engenheiro, arquiteto, químico,cientista maluco, arqueólogo, piloto de disco voador... Mas professor?? Qual!

Já fui vendedor (de fogos de artifício, de livros, de seguros, de agência de viagens, de assinaturas de revista), balconista, cardexista, auxiliar de escritório, técnico de controle de qualidade na Firestone, pesquisador, desenhista (publiquei alguns cartuns no Pasquim por volta de 1975-, ilustrei alguns artigos em revistas e jornais em Nova Iguaçu-RJ, ilustrei alguns livros). Já fui técnico em química, carregador, guia de cego.... Mas professor?? Qual!

Até que um dia me descobri no ponto médio entre um quadro negro e um bando de alunos... e com um pedaço de giz nas mãos. Isso a 30 anos! Nunca mais larguei o giz.

Dia 15 de outubro é consagrado à essa profissão que não escolhi, ela é que me escolheu: nasci nesse dia! Essasagrada profissão de professor. Sagrada não por ser um trabalho árduo, ou pelo esforço exigido e desprendido, ou pelas dificuldades enfrentadas, ou ... Isso tudo muitas outras profissões apresentam, algumas até em maior grau. Mas, por que então ela é sagrada? Porque ser professor é como ser a bengala para o cego e o cajado para o pastor.;

O professor é um alquimista que busca, incessantemente, transmutar o chumbo da ignorância no luminoso ouro do conhecimento, e o toque de sua sabedoria pode dissolver a mais dura das substâncias. No ano passado fiz uma postagem com um acróstico que homenageava o professor, esse alquimista (Leia AQUI).

O professor é um pastor que conhece os melhores pastos e os mais seguros caminhos por onde suas ovelhas podem atingí-los e saciar-se. É um lavrador que ara o solo bruto com palavras. É um explorador de regiões ignotas, para as quais leva progresso, evolução. É um herói dos tempos modernos.

Um herói não é apenas o sujeito que faz coisas extraordinárias,  que se arisca em atos de extrema coragem e bravura. Herói não é o mais forte, nem o mais inteligente, o mais rico, o mais bonito ou valoroso. Herói é aquele que , apesar de todas as dificuldades persiste naquilo que acredita, naquilo que acha certo.

Como professor consegui tudo que queria, me realizei. Por isso, neste 15 de outubro, agradeço ao Criador por me fazer professor, e congratulo todos meus colegas de giz, quadro e truz.

Postagens Relacionadas
Professor brasileiro, esse alquimista

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Quando o professor está pronto o aluno aparece?

O Guru 
Meu falecido pai (que descanse em Paz Profunda),entre outras ocupações, também dedicava-se ao misticismo. Sempre que eu lhe pedia para me iniciar em certas práticas e segredos, invariavelmente respondia com um aforisma esotérico muito conhecido e verdadeiro: "Quando o chela está pronto o Guru aparece", ou "quando o aluno está pronto o professor aparece".  E me explicava que esse mestre pode vir na figura de uma pessoa, um animal, um livro, ou qualquer coisa material ou abstrata que suscite reflexões e desperte o indivíduo para um aprendizado.

Vivi esperando esse ser iluminado, mágico até, dotado de sabedoria extrema, de paciência, de compreensão da vida, sabedor dos sinais e mistérios da natureza... e que me ensinasse tudo. É óbvio! Esperava um mestre que me dissesse: 'Gafanhoto', o que buscas nessa estrada empoeirada que não termina quando chega a noite?... O caminho é por ali! Ele me afastaria da escuridão e me conduziria pela trilha da luz.

Muito, mas muito mais tarde descobri que a figura que mais se aproxima desse ideal é a do professor. Etmologicamente, guru quer dizer professor, em sânscrito (Índia, Indonésia). Mas também pode ser chamado de lama,(Tibet - um conceito  budista para monge, mas ainda assim com o sentido prático de professor), mulá (Turquia - veja as Histórias de Nasrudin) ou maestro/mestre (Espanha, México, Argentina), rabi/rabino (Oriente Médio - tem uma conotação religiosa, mas dentro do judaísmo significa professor).

O professor e o Guru 
Guru, lama, mulá, rabi, mestre, são conceitos milenares e soam com reverência. Estão carregados de um respeito que advém não somente da bagagem de conhecimentos que esse indivíduo detém e do conteúdo de suas vivências, mas de seu extrato espiritual.

O que os diferencia do atual conceito de professor? Os objetivos, a prática e a maneira de ensinar, a contemporaneidade? Não. O que faz a diferença é a família onde o aluno moderno recebe suas primeiras lições de educação básica, de moral, de ética, de bons costumes. Os pais já não controlam seus filhos, não lhes transmite responsabilidade, não sabe impor limites... E o aluno que não apresenta respeito, consideração e reverência pelos pais não irá demonstrá-los por seus professores.

Todas as dificuldades das etapas formativas do indivíduo, que deveriam ser tratadas no seio doméstico, familiar (veja Quem Ama, Educa! de Icami Tiba), são agora transferidas para os ombros do professor. E isso se agrava na escola pública. Temos a educação como um produto, a escola como prestadora de um serviço e o professor um escravo das conjunturas educativas.

O paidagogo
Na Grécia antiga chamavam de paidagogos (ou pedagogos) os escravos encarregados de ensinar aos filhos de seus amos. Era um trabalho às vezes muito difícil e desenvolvido por escravos que já não tinham muita produtividade. Cabia-lhes, entre outras coisas, ensinar ao pupilo normas de conduta e prepará-lo para a vida na sociedade. Há pouca diferença entre eles e os professores atuais.

Se é verdade que quando o aluno está pronto o professor aparece, é verdade, também, que quando o professor está pronto o aluno aparece? Mas que professor é capaz de saber-se "pronto" ou reconhecer quando o aluno está "pronto"? Que universidade ou curso de formação inicial desenvolve essas habilidades e competencias no futuro professor?

Trabalhando com formação de professores há bastante tempo, vejo que nem o professor nem o aluno chegam na escola prontos para aprender. Não falo daquele velho conceito de prontidão tão conhecido dos educadores, mas de uma prontidão que nada tem a ver com currículo e conteúdos disciplinares tradicionais, oficiais.

Maktub!
Embora nunca pensasse em ser professor acredito que, talvez, tenha sido a partir daqueles momentos com meu pai que a semente do que viria a ser meu Eu profissional foi plantada. Mas se como aluno já me sinto pronto, como professor sei que não estou, e talvez jamais esteja. Contudo sei também que ninguém foge de suas tendências. Essa certeza me traz a esperança de um dia ver e reconhecer meu Aluno.
* Credito: imagem obtida em http://letrasimples.blogs.sapo.pt/arquivo/luz.jpg 

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Um livro a qualquer hora e lugar

Essa postagem faz parte da blogagem coletiva proposta pelo blog Vou de Coletivo, que a cada mês traz um tema. Neste mês de outubro o mote é "Hábitos de leitura: quais são as suas manias na hora de ler?". Confira as outras postagems clicando AQUI.
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Mania de querer bem, mania de falar mal
De não deitar pra dormir, sem antes ler o jornal
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(Manias - Flávio Cavalcante e Celso Cavalcante)


Hábitos e manias, qual é a pessoa normal que não os tem as pencas? Tenho poucos (acho eu - Rssss!!....). Alguns hábitos, como usar o relógio no pulso direito, foram herdados do meu saudoso pai. Acho que herdei também meu gosto pelos livros, pela leitura e escrita. Tal como meu velho, eu tenho a mania de ler em qualquer lugar.

Aprendi com ele a almoçar lendo. Ah! E a desalmoçar também. Eu sempre levava para a mesa um Gibi ou um livro qualquer, apesar de minha mãe sempre brigar por causa disso. Já adulto, ler de manhã durante o café pode dar aquele ar de importante, mas eu não gosto nem faço. Continuo, algumas vezes, lendo durante o almoço. E ir ao banheiro? Com algo pra ler, mesmo bula de remédio, parece que fica mais prazeroso.

Bem, que tem qualquer coisa de magia entre as duas capas de um livro, dentro das páginas de papel e tinta, isso tem. Enxergo mundos comprimidos entre o branco e o preto. Há luz escondida, presa, no negrume das palavras.

Gosto especialmente de livros velhos, antigos, de livros lidos, pois estes também contam suas histórias pessoais em cada frase ou palavra destacada pelo leitor anterior, nas observações de pé de página...

Gosto de garimpar em sebos. Não gosto de ler obras na telinha do PC. Gosto de livros reais. Gosto do cheiro de livros, gosto de sopesá-lo, de pegar no papel e sentir a testura, de ouvir o ruído do folhear...

Sempre começo um livro pelas orelhas, pelos comentários da contra-capa. De fora para dentro e, depois, de dentro para fora. *Imagem obtida na Internet e adaptada por mim

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Desabafo de um professor

Uma recente discussão na Lista Blogs Educativos foi sobre o desabafo de um professor de uma escola da rede municipal do Rio de Janeiro. Essa escola, como tantas outras, foi alvo de violência perpetrada, supostametne, por um aluno.

Na última quinta-feira, dia 23/09, essa escola viveu um clima de terror e agonia. De alguma forma um suposto gás tóxico ou asfixiante foi liberado, colocando em pânico toda comunidade escolar e causando problemas de saúde em alunos e profesores.

O quadro atual é esse: Enquanto o governo desenvolve uma campanha para estimular o crescimento do número de professores no país, alguns educadores pensam em abandonar a carreira por conta do elevado risco de vida que virou a profissão.

Se serve de consolo, devo dizer que a tendência é piorar!

Pesimista, eu? Que tal realista? Essa é a dura, cruel e, por que não, abjeta realidade das escolas publicas desse patropi. A violência invadiu o chão da escola brasileira. São roubos, agressões, ameaças a professores, mortes que já frequentam as salas de aula, onde a vítima pode ser qualquer um. Veja um exemplo: Aqui em Belém, na quarta-feira passada, dia 30/09, um professor da escola municipal Inês Maroja foi sequestado ao entrar com seu carro na escola. Isso antes das 15 horas!!! Soube, também, que este é o 4º sequesto relâmpago de professores dessa mesma escola!! Me lembrei de um livro do Garcia Marques, "Crônica de uma morte anunciada"...

Tal como a maioria dos educadores das salas de aula desse reino tupiniquim afora, quero uma escola que harmonize uma pedagogia moderna (ou pós-moderna?) e assentada nas tecnologias de comunicação e informação atuais, com a formação de um ser ético, moral e culturalmente bem constituído. Um indivíduo política e profissionalmente preparado e participativo, um cidadão cônscio de seus direitos e deveres sociais. É isso ou não o tipo de indivíduo que a escola deve formar? Sim, é claro!

Que a Educação é objeto de transformação social todos sabemos. Entretanto, é cada vez maior o repasse e a transferência de responsabilidades e obrigações da nossa sociedade sobre a malfadada escola e sobre o famigerado sistema educacional. E a corda mais fraca está do lado do educador. Se não vejamos: a direção quer que o professor imponha disciplina ao aluno; a familia quer que o professor ensine respeito aos seus filhos, que o eduque moral e culturalmente; o Estado quer que o professor forme um cidadão crítico e participativo, pronto para o mundo do trabalho; e o que quer o aluno? Ele não quer apenas um amigo na figura do professor, quer uma autoridade (veja pesquisa do prof. Marcos Meier - http://www.marcosmeier.com.br) a quem obedeça, que o faça cumprir com seu dever de estudante, que o ponha "nos trilhos", que o "livre do mal - Amém!"

Não sei se antigamente ser professore era mais fácil. Hoje, não é fácil não, pessoal! O profissional tem que ter as "10 novas competência para ensinar"; tem ter as 8 "inteligências múltiplas"; tem que estar inserido na sociedade da tecnologia digital (ter e-mail e URL, blog, site, orkut, facebook, Twitter etc); tem que saber lidar com alunos portadores de necessidades especiais, por conta da política inclusiva; tem que saber identificar o paradigma cartesiano-newtoniano; tem que diferenciar as diversas trendências vigentes ou em desuso (tradicional, libertadora, humanista, escolanovista, tecnicista, critico-social dos conteúdos, construtivista, interacionista, inter-multi-trans-seiláoquê disciplinar); tem que ser pesquisador; cuidar de sua autoformação ou formação continuada e em serviço. É mole?!

Tem que saber do paradigma emergente - e aqui cabe uma ou duas questões: já que ele está emergindo, o que se vê é apenas uma parte, como sua cabeça, ou já se vislumbra quase todo o corpo? Se o novo paradigma mostra apenas uma parte de si, o que trará o restante oculto?-

Antigamente - e eu não quero parecer um conservador, mas um saudosista -, a preocupação do professor era apenas ensinar o que sabia, promover o aprendizado de seus estudantes naquilo para o qual se preparou por 4 ou 5 anos; ou seja, a construção de conhecimentos na sua disciplina. Para isso que foi formado, não é?

Que a sociedade atual exige novos cidadãos e novos valores é fato consumado. E para acompanhar a acelerada evolução das ciências, em todas as áreas do saber, a escola - e o professor em particular - deve estar em constante processo de pesquisa e autoformação. Mas e os pais e responsáveis pelos alunos? E a família? Não devem eles, também e necessariamente, desenvolver seu processo de autoformação, de crescimento e evolução, como célula mater da sociedade? Não estamos invertendo o papel: a escola passou a ser a célula mater da sociedade?

Para finalizar, deixo uma frase que capturei no Abecedário de Antigamente (Silas Correa Leite - http://www.paralerepensar.com.br): Antigamente o "Professor não precisava ensinar caráter e educação, os alunos traziam de casa, do berço, do lar, da família, de próprio acervo grupal".
No TOP BLOG 2011 ficamos entre os 100 melhores da categoria. Pode ser pouco para uns, mas para mim é motivo de orgulho e satisfação.
Sou muito grato a todos que passaram por essa rua que é meu blog e deram seu voto. Cord ad Cord Loquir Tum

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