Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
O que deve ter sentido Stephan, filho de Marcelo D2, quando o pai compôs "Loadeando" e cantaram juntos: (Marcelo) "Eu me desenvolve e evoluo com meu filho"; (Stephan) "Eu me desenvolve e evoluo com meu pai"?
O que sentiram não sei, mas certamente deve ter sido algo pelo menos parecido com o que senti quando Jucá Santos, primo e amigo de meu saudoso pai, me disse que guardava um poema escrito por ele para mim, quando nasci. E olha que esse poema já devia ter sido esquecido pelo meu velho, pois nunca falou dele. E, muito provavelmente, ficou também desconhecido até de minha mãe. Talvez só o primo Jucá o tenha conhecido. Mas o fato é que guardou-o juntamente com outros fragmentos e vestígios da breve passagem de Waldick Pereira por nossas vidas. Guardou-o até o dia em que, casualmente, me descobriu na Internet. Encontrou este blog, trocamos e-mail e ele me manda esse presente, esse pedaço perdido de minha história.
É dessa forma, retornando do passado e me fazendo surpresas, que se cumpre o vaticínio que meu pai faz no terceto final do soneto que abaixo publico. E publico não porque isso me irá massagear o ego, pois meu quinhão de orgulho e satisfação quando recebi o soneto não pode ser superado. Publico apenas e tão somente para honrar e fazer juz a um sentimento fraterno e respeitoso "que conforta e ampara, como a bengala ao cego e o cajado ao pastor" (Canto ao Caminheiro só - Waldick Pereira - in Momentos de Amor e Caminhos, 1970): a amizade. Uma amizade que foi além do tempo e do espaço, que fez Cláudio Antonio Jucá Santos guardar os 14 versos de um soneto rabiscado á mão num pedaço de papel e dirigidos a um nasciturno que ele pegou no colo e só veio reencontrar quase 57 anos depois. Publico para homenagear a amizade entre Jucá e meu pai e que agora me é mais um legado seu.
MEU FILHO
A Franz Kreüther
Meu filho é tudo o que eu quis ter na vida:
Glória, fortuna, pousos passageiros!
É como a nossa crença mais querida
Que não se iguala nunca a mil luzeiros.
Ter na velhice quem me ampare a lida,
Enxugando os meus prantos derradeiros.
Quem me afague a cabeça já pendida
Quem me afague a cabeça já pendida
Às bordas dos sepulcros, dos carneiros.
Meu filho é tudo o que eu sonhei um dia:
- Os risos dos meus lábios, a alegria
De ver tão moço ,alguém que eu tenha feito!E depois... e depois quando eu morrer.
Meu filho - alma bendita do meu ser
Me sentirá mais vivo no seu peito!
Waldick Pereira (Maceió,1952)
Você, meu amigo/a, que me acompanhou até aqui, escreva um poema para seu filho(s). Garanto que ele irá gostar.
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