quinta-feira, 26 de novembro de 2009

De pai para filho...

O que deve ter sentido o filho de Vinícius de Moraes ao ser mote de vários poemas de seu pai? Não falo apenas da canção "O Filho que eu quero ter", dele com Toquinho, e que sempre me emociona quando ouço (pois me faz pensar que é assim que eu gostaria de partir: ouvindo um acalanto de adeus de meu filho, enquanto ele cerra meus olhos); ou "Pedro, Meu Filho" (veja AQUI), ou ainda o famoso "Poema Enjoadinho", aquele que diz:
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?

O que deve ter sentido Stephan, filho de Marcelo D2, quando o pai compôs "Loadeando" e cantaram juntos: (Marcelo) "Eu me desenvolve e evoluo com meu filho"; (Stephan) "Eu me desenvolve e evoluo com meu pai"?

O que sentiram não sei, mas certamente deve ter sido algo pelo menos parecido com o que senti quando Jucá Santos, primo e amigo de meu saudoso pai, me disse que guardava um poema escrito por ele para mim, quando nasci. E olha que esse poema já devia ter sido esquecido pelo meu velho, pois nunca falou dele. E, muito provavelmente, ficou também desconhecido até de minha mãe. Talvez só o primo Jucá o tenha conhecido. Mas o fato é que guardou-o juntamente com outros fragmentos e vestígios da breve passagem de Waldick Pereira por nossas vidas. Guardou-o até o dia em que, casualmente, me descobriu na Internet. Encontrou este blog, trocamos e-mail e ele me manda esse presente, esse pedaço perdido de minha história.

É dessa forma, retornando do passado e me fazendo surpresas, que se cumpre o vaticínio que meu pai faz no terceto final do soneto que abaixo publico. E publico não porque isso me irá massagear o ego, pois meu quinhão de orgulho e satisfação quando recebi o soneto não pode ser superado. Publico apenas e tão somente para honrar e fazer juz a um sentimento fraterno e respeitoso "que conforta e ampara, como a bengala ao cego e o cajado ao pastor" (Canto ao Caminheiro só - Waldick Pereira - in Momentos de Amor e Caminhos, 1970): a amizade. Uma amizade que foi além do tempo e do espaço, que fez Cláudio Antonio Jucá Santos guardar os 14 versos de um soneto rabiscado á mão num pedaço de papel e dirigidos a um nasciturno que ele pegou no colo e só veio reencontrar quase 57 anos depois. Publico para homenagear a amizade entre Jucá e meu pai e que agora me é mais um legado seu.

MEU FILHO
A Franz Kreüther
Meu filho é tudo o que eu quis ter na vida:
Glória, fortuna, pousos passageiros!
É como a nossa crença mais querida
Que não se iguala nunca a mil luzeiros.


Ter na velhice quem me ampare a lida,
Enxugando os meus prantos derradeiros.
Quem me afague a cabeça já pendida
Às bordas dos sepulcros, dos carneiros.


Meu filho é tudo o que eu sonhei um dia:
- Os risos dos meus lábios, a alegria
De ver tão moço ,alguém que eu tenha feito!


E depois... e depois quando eu morrer.
Meu filho - alma bendita do meu ser
Me sentirá mais vivo no seu peito!
                                   Waldick Pereira (Maceió,1952)

Você, meu amigo/a, que me acompanhou até aqui, escreva um poema para seu filho(s). Garanto que ele irá gostar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sua Memória é RAM?


Há poucos momentos meu colega ligou o computador ao lado e a máquina começou a emitir um BIP curto e repetitivo.


O sinal  já nos era conhecido, aliás, o é de quase todos que lidam com um computador: a placa-mãe sinalizava, com aquele apito, que havia problemas na placa de vídeo ou que a memória RAM estava bichada. A geladeira duplex lá de casa também apita assim sempre que a porta fica muito tempo aberta.

Um apito de alerta
 
Muitas coisas apitam com a finalidade de enviar um recado, um aviso. Desde  indicar ao usuário que algo vai indo mal ou que ele cometeu algum erro, até alertar alguém para algo prestes a acontecer, como é o caso dos navios que vão partir, das chaleiras postas no fogo, que apitam para indicar que a água está fervendo, e dos guardas de trânsito quando cometemos uma infração.

Enquanto pensava nisso, nosso técnico de plantão diagnosticou: Isso é problema de memória RAM. Abriu o gabinete, retirou o pente de memória, passou uma borracha, dessas de uso escolar mesmo, nos contatos de metal e espetou a plaquinha de memória de volta em sua baia. Resultado: o computador voltou a funcionar perfeitamente.

A título de piada, disse-lhe: Quer dizer que basta "apagar" as má lembranças para que a máquina volte a funcionar com perfeição? Pode parecer brincadeira ou tolice, mas o fato é que ter esse tipo de memória pode ser o sonho de muita gente. Imagine se fosse possível passar uma borracha e apagar os pesadelos, as recordações indesejáveis, as más lembranças, amarguras e tristezas residentes na memória, que nos trazem sofrimento e que travam a nossa máquina de vez em quando?

Sabemos que só se aprende com os erros. Até mesmo com os animais é assim. E que as lembranças ruins são vestígios de nossas falhas, nossas faltas e erros cometidos, armazenados no inconsciente e disparados sempre que um fato semelhante se aproxima ou tende a se repetir.

Mas, são essas recordações amargas as gestadoras de tormentos, estresses e  depressões, e com elas chegam os pensamentos obsedantes, negativos. Com uma memória do tipo RAM, poderíamos guardar o aprendizado e "apagar" com uma borracha as tormentosas e torturantes lembranças. Daí, tudo seria como um eterno e jovial recomeço.

Uma pílula da felicidade?

Há muito tempo que o homem busca criar uma "pílula da felicidade", uma droga capaz de apagar um determinado evento traumático da memória. Há diversas pesquisas científicas nesse sentido, e acredito que um dia alcançarão esse estágio. Ai, definitivamente, ficaremos iguais ao computador que agora emprego para fazer este post. É Matrix que se aproxima ou já está instalada?

A título de brincadeira, costumo dizer que tenho uma "memória privilegiada", porque esqueço tudo. É claro que isso é um exagero, mas em verdade minha memória é muito ruim, entretanto não há nada nela que eu queira apagar, nada.
* A imagem foi obtida no Blog News Errado (AQUI) e (AQUI)


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Alunos Repórteres no NavegaTube

Incentivar as iniciativas bem sucedidas no chão da escola é obrigação não somente de todos os professores, como da comunidade em geral. E um projeto que merece nosso apoio tem sido o Aluno Repórter, através do qual professores e estudantes de escolas públicas trabalham numa perspectiva educomunicativa, fazendo entrevistas, produzindo documentários, atuando como verdadeiros profissionais da reportagem e da produção de informações. Em muitos casos com equipamentos emprestados.

Um desses projetos acaba de ser publicado no NavegaTube, uma ação integrada do NavegaPará, e está concorrendo a um prêmio de cinco mil reais, sendo que boa parte dele irá para o objeto do documentário, o Cordão de Pássaro Dona Arara, e o restante para a escola comprar equipamentos.

Ester Blog é Minha Rua, colaborando na divulgação dessa proposta e na divulgação do trabalho desses alunos, convida você a ler a mensagem enviada ao blogueiro (abaixo) e colaborar com o seu voto para que eles sejam premiados. 
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Car@s companheir@s
Os alunos repórteres da Escola estadual do Tenoné(Belém-PA), auxiliados pelos seus professores partiram à procura da cultura viva de seu bairro onde conheceram Dona Joana (Dona Arara) e seu Cordão de Pássaro. Dona Joana é uma Srª de 84 anos que tem livros e músicas premiados pelo Instituto de Artes do Pará - IAP. Ela é Mestra de Cultura Popular no bairro do Tenoné e desde os 7 anos trabalha na tradição do "Cordão de Pássaro". Uma verdadeira expressão da cultura popular!

O vídeo "Caminhos da Cultura no Tenoné", produzido pelos alunos e professores está concorrendo a uma premiação no NavegaTube, com a possibilidade de ganhar uma ilha de edição + R$ 5.000,00 para comprar equipamentos pra escola, que é extremamente carente.

O vídeo e fruto de um projeto maior de inclusão digital que a escola está realizando com apoio do Núcleo de Tecnologia-NTE da Seduc, mesmo sem a escola possuir sequer uma TV ou DVD ou computador. O trabalho realizado está revolucionando a escola, estimulando e provocando alunos e professores. A concepção de alunos-repórteres que vão além dos muros da escola para produzirem conhecimentos, e a divulgação destes trabalhos através de vídeos-documentários e de um jornal que ainda vai sair, são alguns objetivos do projeto que também esta ligado ao Portal Educarede.

Diante disso, contamos com o apoio de cada um de vocês para divulgarem o vídeo e para realizarem o máximo possível de acesso, pois o vídeo mais visualizado ganhará o prêmio. O prazo para os acessos é até o dia 13/11/2009. Então, vamos lá dar essa força!

Basta clicar no link ao lado: Caminhos da Cultura no Tenoné ou clique no link para a categoria Cultura de Periferia AQUI
Petronio Medeiros
Professor da Escola Estadual Tenoné

domingo, 1 de novembro de 2009

Brinquedos humanos de ontem e de hoje

Essa postagem faz parte da blogagem coletiva do Blog Vou de Coletivo, cujo tema de novembro é "Brinquedos: dos mais antigos aos mais recetes". Leia as outras postagens AQUI.
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Brinquedos humanos de ontem e de hoje

Um brinquedo é a ferramenta de um jogo que traz lazer e diversão ao usuário. É um instrumento de alegria, de prazer, de gozo individual ou grupal. Independente de idade, sexo, religião ou condição social, todo ser humano gosta de brincar, o que muda é o tipo de brinquedo.

Quando se é bebê, tudo é brinquedo: água, chupeta, dedão do pé, cocô...
Na infância novos brinquedos surgem ou são criados e descobertos. É uma fase de brincadeiras quase sempre egoístas, individuais.

Se for menino é bola, carrinho, pipa, bonecos de super heróis...
Se for menina é boneca (quase sempre Barbie),  bichinhos de pelúcia, maquilagem da mãe, panelinhas, fogãozinho...

Entrando na puberdade/adolescência os brinquedos também mudam. As brincadeiras apelam para o espírito coletivo e o tribalismo, embora algumas "brincadeiras" sejam realizadas na solidão.

Se for garoto é o prazer solitário, o "cinco contra um", o futebol no campinho, as meninas, os games, Orkut, mais meninas, MSN, Twitter, fumo, álcool, "carreira", sexo...
Se for garota é celular, maquilagem da mãe, meninos, MSN, Orkut, sapato, bolsas...

Na fase adulta alguns dos brinquedos descobertos na adolescência desaparecem, outros assumem o maior destaque. Permanece o espírito grupal, sem no entanto extrapolar para o universalismo.

Se for homem é sexo, futebol, mulheres, álcool, mulheres, fumo, carros, sexo, malhação, mais mulheres, tatoo, muito mais sexo, chifre...

Se for mulher é  cartão de crédito (melhor quando é do marido), bolsas, sapatos, perfumes, carros, malhação, lipo, botox, silicone, tatoo, sexo, chifre...

Na velhice, indistintamente de sexo, aposenta-se muitos ou quase todos os brinquedos até então usados, e adota-se outros com foco na recreação, na distração. Nessa fase os brinquedos alternam-se entre coletivos e individuais: dama, dominó, paciência, palavras cruzadas, bingo, plantas, livros, netos, TV...

Porém, sempre existiram aqueles cujos brinquedos são coletivos mas suas brincadeiras são egoístas. Eles gostam de brincar com muitas pessoas, mas são os únicos que querem se divertir, sentir prazer na brincadeira. Via de regra seu único e exclusivo brinquedo é um jogo chamado Ambição. Um jogo basicamente sem regras, que se joga com um brinquedo chamado "dinheiro". Ganha quem alcançar o objetivo do jogo, o Poder.

Seus principais jogadores são os governantes e políticos corruptos, os empresários sem escrúpulos e os líderes religiosos obcecados pelo sucesso material. Para esses o mundo todo é um parquinho de diversões e, por detrás de cada guerra ou conflito armado, de cada comunidade miserável, de cada ato de violência, de cada jovem drogado, de cada pessoa infeliz, com fome, sofrendo por falta de saúde, por falta de terra para trabalhar ou por falta de emprego e renda, sempre há o sorriso de um deles.

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