quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Boas Festas!!



Caro caminhante dessa Rua que é meu blog,

Sempre que chegarmos ao final de mais um ano é comum nos dirigirmos aos circundantes com todos os rapapés e salamaleques próprios dessa época. São abraços de congratulações pelo bom combate nos 365 dias que se findam e votos de grandes realizações nos 365 dias que se iniciam. É o momento da gente desejar aos amigos que todos seus sonhos se realizem no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.

Este blogueiro não poderia deixar de agradecer aos 120 seguidores deste blog e a todos os que passaram por esta "minha rua" e que deixaram marcas de seus passos por suas calçadas modestas. Com esta postagem quero desejar que tenham um Ano Novo repleto de muita Paz, Saúde e Prosperidade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O FRACASSO DA COP-15 E AS SAGRADAS ESCRITURAS

Natal e Reveillon há muito se tornaram mais um apelo ao consumismo que verdadeiramente um convite à confraternização, à reflexão e ao balanço do que foi feito pelo indivíduo durante o ano findo.  Mas, para não ficarem totalmente descaracterizados, guardam, ainda, um pouco do substrato religioso que lhes deu origem. Contudo o verniz místico-religiosos que reveste a imagem capitalista cultuada nesta época de festas e comemorações a cada ano se dilui.

Eis que encerramos mais um ano (e quase mais uma década) e a humanidade tem muito pouco para comemorar. Uma catástrofe ecológica se aproxima, e que se somará outra catástrofe já em curso e perpetrada contra a humanidade por governos corruptos: a fome e a miséria. Enquanto isso, em Copenhagen, a esperança depositada na COP-15, a Conferência sobre as Mudanças Climáticas da ONU,  derreteu como o gelo numa estufa.

Mas ainda há salvação. E acreditem, ela pode estar nas sagradas escrituras...

Enquanto pesquisava para meu livro, Painel de Lendas e Mitos da Amazônia (1993), fui despertado para uma análise sobre a prática judáica de se "guardar o sábado", apresentada pelo psicanalista alemão Erich Fromm (23/30/1900-18/03/1980). Partindo de alguns textos bíblicos - Exôdo, 20:8-11; Dt. 5:12-15;  Nm. 4:22 ss; Gen. 2:2,3; Is. 58:13-14 - e tamúldicos, Fromm propõe uma releitura dos símbolos contidos no ritual sabático mencionado no Antigo Testamento.

No último capítulo de seu livro "A Linguagem Esquecida..." (1966), lemos:

"Uma análise mais pormenorizada do significado simbólico do ritual sabático mostrará que estamos tratando não com um obsessivo rigor exagerado, mas com uma concepção de trabalho e repouso diversa da nossa."

Para ele "trabalho" é qualquer interferência construtiva ou destrutiva que o homem realiza no mundo físico; enquanto "descanso" pode ser entendido como um estado de paz entre homem e natureza.

Com base nessa interpretação podemos concluir que o ritual de "guardar o sábado", além de uma evidente medida de "higiene social", é também uma evidente advertência ecológica. Sem embargo, as citações bíblicas seriam, já, os primeiros registros que se tem notícia de uma tentativa de desenvolver uma consciência e preocupação com a conservação e preservação do meio ambiente. Não nos importa aqui o dia em si, isto é, o sábado, mas sim o fato de já existir há mais de dois mil anos, uma alusão aos problemas provocados pelo desequilíbrio entre o homem e a natureza. Isso fica-nos patente quando Erich Fromm conclui que "assim como um homem não deve interferir ou modificar o equilíbrio natural deve abster-se de alterar a ordem social".

O significado dos textos evangélicos podem ser entendidos como uma ordenação para que, pelo menos uma vez por semana, o homem pare com sua agressão às coisas da natureza e reverencie a toda Criação. Essa consciência de que a Natureza é algo mais que árvores e bichos já a tinham as antigas civilizações da Grécia, Roma, Egito, Índia e China, que faziam diversas oferendas e sacrifícios aos seres incorpóreos presentes em todas as manifestações da natureza. O filósofo e alquimista Paracelsus também compartilhava dessa crença e defendia a existência de uma substância sutil, quintessenciada, em cada elemento, mas não perceptível por nossos sentidos normais e instrumentos científicos.

E com isso, chegamos à hipótese do biólogo inglês James Lovelok, segundo o qual "tudo se relaciona com tudo" também conhecida como Hipótese Gaia. Para Lovelok a Terra é um gigantesco ser vivo, Gaia, que adquire consciência através da complexa rede nervosa ecológica. O conhecimento de que as energias geofísícas transitam por canais conhecidos por "Leys" e afloram em locais especifícos, levou os primitivos à construção e alinhamento de dolmens, círculos de pedras, túmulos pré-históricos, altares pagãos e igrejas medievais. Todas essas atitudes e rituais tinham por objetivo equilibrar as energias telúricas e manter sadio o organismo que as produzia. As construções desordenadas e o desmatamento podem “entupir” esses canais da mesma forma que o colesterol entope nossas artérias e vasos, sanguíneos. Em ambos os casos as conseqüências são desastrosas.

Então, bastará que guardemos o Sábado para que a Natureza também descanse, se recarreque? Talvez. O certo é que, se pelo menos um dia da semana o homem dedicar-se a amar e respeitar a mãe Terra, toda a criação se beneficiará e o planeta agradecerá.


*Nota: Exceto pelos 3 primeiros parágrafos e pelo último, o texto acima foi extraído da página 87 do  meu livro "Painel de Lendas e Mitos da Amazônia" - Veja na barra lateral.

FROMM, Erich. A linguagem esquecida: uma introdução ao entendimento dos sonhos, contos de fadas e mitos. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O medo do Nada e a história do número ZERO

Todo mundo sabe que a Matemática deu ao Homem a ferramenta intelectual com a qual fez sua história, transformou o mundo e conquistou o universo. E tudo surgiu com a invenção (ou descoberta) dos algarismos e dos números. Mas você já parou para pensar sobre o que seria da sociedade humana se não existisse o ZERO?

Já se perguntou qual a forma do NADA? Será o zero a forma do nada? Há alguma relação entre a forma circular escolhida para representar o vazio e o zero? O zero pode ter sido descoberto/inventado antes e mantido oculto por interesses herméticos? A construção do conceito de Zero contribui para a aprendizagem matemática? Decidi empreender uma pesquisa para responder essas questões em 2003, durante o curso de Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas, realizado no NPADC/UFPA.


O medo do nada

Nas sociedades primitivas a tradição de transmitir oralmente os conhecimentos tendo por base mitos, lendas, fábulas etc, era institucionalizada, entretanto observamos que em todas os mitos cosmológicos e antropogônicos (os que tratam da criação do mundo e do homem) não falam no nada, no vazio. Parece-nos claro que “la razón de este proceder es obvia: el hombre tiene horror al vácio (grifo nosso) y necessita de uma seguridad que el reconocimiento de esas tenieblas le impediría tener para actuar eficazmente em su ambiente” (Sagrera. 1967, p.40). De fato, “na vida cotidiana, não nos apercebemos dessa unidade de todas as coisas; em vez disso, dividimos o mundo em objetos e eventos isolados” (Capra. 2000, p.103).

Assim, num mundo completamente preenchido por coisas dinâmicas e visíveis, como seria possível ao homem mostrar o vazio, o nada? Essa “idéia de quantidade” não encontrava correspondente em suas representações visuais, táteis ou mentais. O fato de ele “não ter” era-lhe uma idéia bastante clara e facilmente transmissível para outros, o impossível era associar essa “idéia” concreta de quantidade com outra, absurdamente abstrata, o nada... até que surgiu o Zero.

O zero também não encontrava lugar nas reflexões dos filósofos da antiguidade, da mesma forma que “a noção de repouso absoluto, ou inatividade estava quase inteiramente ausente da filosofia chinesa” (Capra. 2000, p.34). Mas os mestres e sábios antigos debruçavam-se sobre tudo que lhes conduzisse à compreensão do ser e do não-ser, na busca de identificar diferenças, de estabelecer limites, de mensurar o real e o imaginário, o vulgar e o maravilhoso, o tangível e o intangível.

Cronologicamente, o 1 foi o primeiro algarismo e o zero o último a compor a escada do progresso do ser humano, um progresso que o tem levado cada vez mais próximo do aniquilamento, do nada do qual tenta desesperadamente fugir, pois o homem é o único ser da natureza que tem consciência que vai morrer. Essa filosofia nos remete ao fluxo constante e universal de todas as coisas, aos ciclos que regem todas as manifestações; e isso nos lembra a mensagem contida no símbolo do Yin e Yang: quando Yin atinge seu ponto máximo cede lugar ao Yang; quando Yang atinge seu ponto máximo, cede lugar ao Yin.

O zero eclodiu no momento em que o conceito de número havia atingido seu clímax (seu ponto máximo para a época), daí necessitava sofrer uma transformação evolutiva, um morrer e um renascer (a forma de ovo reforça a analogia). Ele marca o momento da morte dos números e seu renascimento, reconfigurados em importância, símbolo e significado. Na pesquisa que realizamos em 2003, com estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola particular em Belém, a aluna L.F. (6ª série-12 anos) apresenta uma bem elaborada concepção quando diz que o “zero é o começo de tudo, não só dos números, mas de tudo, pois tudo começa do zero, o que não começa do zero não começa, continua”.

Este é um excerto do meu artigo "A Mística Origem do Zero: um olhar sobre a evolução do conceito de Zero", escrito em 2004. Leia o artigo completo clicando na imagem referente ao artigo, na barra lateral. Ou deixe seu e-mail num comentário que lhe mando o arquivo.
*As referências nesse excerto confira-as no texto original 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Homenagem ao blogueiro no I Concurso Estadual de Blogs

Esse edublogueiro (educador blogueiro) foi homenageado hoje, durante a cerimônia de entrega dos prêmios aos blogs vencedores do I Concurso Estadual de Blogs Educativos - Educablog 2009 (veja mais AQUI), por ser o "pai da criança" e pelo pioneirismo no uso pedagógico de blogs nas escolas públicas paraenses, conforme disse a professora Vanja Vilhena, da Coordenação de Tecnologia Aplicada a Educação-CTAE.

No pequeno auditório do Museu Paraense Emílio Goeldi, cerca de 40 pessoas foram assistir a cerimônia de divulgação e premiação dos melhores blogs educativos do estado do Pará. Essa inexpressiva participação, no entanto, não tirou o brilho da cerimônia, que teve abertura solene com o Hino Nacional e Hino do Pará, além das falas dos membros da mesa.

Na categoria Blog de Professor, o primeiro lugar coube ao bonito Blog do professor Eric Siqueira ( veja AQUI ), e na categoria Blog de Escola a premiada foi a Escola D. Helena Guilhon (veja AQUI), onde, por sinal, trabalha o professor Eric.

É digno de nota o fato de que ambos os blogs também foram os vencedores do II Concurso de Blogs Educativos da Grande Belém (veja a relação dos vencedores AQUI ), promovido pelo NTE Prof. Washington Lopes (acesse AQUI), um projeto criado e coordenado por este blogueiro.

Agradeci a homenagem ressaltando que a honra maior não está em ser o primeiro, mas em ver que a semente plantada só se transformou em árvore frondosa porque encontrou solo fértil, tanto na equipe do NTE, onde foi iniciada, quanto na própria Secretaria Estadual de Educação-SEDUC, onde a proposta foi abraçada e se transformou em parte das políticas públicas da SEDUC.

Na ocasião, disse que "ter um filho carregado por tanta gente nos dá a maior satisfação". Por isso, dividia as honras recebidas com a equipe do NTE e com aqueles que acreditam que os blogs educativos podem melhorar a educação pública, pois funcionam como uma vitrina da escola, como um espelho do que ocorre no seio da comunidade escolar. Eles, os blogs, possibilitam aos professores mostrar como e o que estão ensinando; aos alunos mostrarem o que aprenderam e aos gestores e demais técnicos mostrarem como atuam para que toda ação pedagógica ocorra no chão da escola.

Acredito que os blogs, trabalhados como instrumento de ação didático-pedagógica, podem transformar a escola transformando a relação entre seus principais atores. Por exemplo, é comum observar nos comentários ou nos recados, alunos elogiando o desempenho de seus professores,  embora muitas vezes eles não o façam presencialmente. Já ouvi, e li nalguns blogs de escolas, vários depoimentos de alunos e de professores, que reconhecem certas mudanças ocorridas na escola a partir da implantação do blog. Mudanças que falam da elevação da auto estima do estudante, da satisfação em participar das atividades da escola e até de melhorias na própria segurança da escola, entre outras.

Os blogs das escolas públicas paraenses, e de seus professores, têm tornado mais prazeroso o trabalho de ensinar e de estudar. Tem revelado talentos estudantis, tem estimulado professores a pesquisar e a escrever com frequência, tem envolvido cada vez mais os alunos, motivando-os a se apropriarem da tecnologia para a construção de conhecimento e produção de informação, tem dado transparência e visibilidade as ações curriculares e extra-curriculares desenvolvidas na escola, enfim, está mudando a cara de nossa escola. Mudança lenta, mas gradual.

E é nesse sentido que oriento minhas forças desde 2006, quando desenvolvi os primeiros projetos que envolviam escolas públicas empregando Podcast e Blogs, numa perspectiva educomunicativa de formação de professores e de construção de conhecimentos.

Nosso concurso de Blogs já serviu de modelo para outros estados, como a Bahia, onde o NTE de Vitória da Conquista realizou evento semelhante, inclusive solicitando-nos, por e-mail, o modelo do projeto. Outros NTE também nos fizeram a mesma solicitação, e esperamos ver os edublogueiros espalhados pelo Brasil participando de um grande Concurso Nacional, premiando os Blogs de escolas, de professores e de alunos.

O Pará, através do NTE  Prof. Washington Lopes, e da CTAE, torna-se pioneiro nessa proposta realizar um concurso de blogs de escolas públicas, para através dessa ação estimular o uso de blogs como instrumento de valorização do trabalho educativo, de inclusão digital e cidadania, de estímulo à leitura, à escrita e à pesquisa, e a interação entre escolas.

E esse blogueiro sente-se imensamente honrado por ter dado o pontapé inicial nesse processo. Mas, sente-se ainda mais honrado em ter os parceiros que teve e tem, aqueles que mantém a bola rolando, pois quando a vitória chega, ela é de todos.

E mais tarde, quando me retirar do campo, carregarei a satisfação perene de ter participado desta partida. E, se não fiz o gol, pelo menos suei a camisa , e fiz deste blog a minha rua.  

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De Iquitos à Belém: a jangada de Júlio Verne

Estou lendo...
Por volta dos meus 10/11 anos conheci os escritores que influenciaram sobremaneira meu gosto pela literatura, pelo romance de aventura em especial, bem como impactaram bastante minhas preferências pelas coisas do povo, pelo folclore. Primeiro foram dois estrangeiros, o americano Mark Twain (1835-1910) e o francês Júlio Verne (1828-1905), ambos estavam na mesma ordem de influência e importância; e, finalmente, mas não menos importante, o brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948).
Twain e Verne li-os da estante de meu pai, enquanto Lobato eu só travaria um contato mais profundo com a coleção da biblioteca do Colégio Afrânio Peixoto (Nova Iguaçu/RJ), onde meu pai era o secretário. No CAP estudávamos eu e meus irmãos, e lá fiz apenas a primeira e a segunda série ginasial. Mas nesse intervalo li os 15 volumes do Sítio do PicaPau Amarelo.
Lembro-me bem de ter lido Tom Sawyer e Huck Finn antes de Pedrinho e Narizinho. Depois de Twain, vieram os clássicos “Viagem ao Centro da Terra” e “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (não lembro qual o primeiro, mas isso não importa). Júlio Verne me fez ver a importância de uma boa e cuidadosa pesquisa.

E a troco de que essa postagem?
Bem, estou lendo um dos livros que comprei na XIII Feira Pan-Azônica do Livro, ocorrida em novembro passado aqui em Belém. É o primeiro livro de Júlio Verne a retratar uma aventura fluvial de Iquitos até Belém, sobre o rio Amazonas.

Trata-se de A Jangada-800 léguas pelo Amazonas (Editora Planeta, SP. 2003), que comprei pela bagatela de R$ 15,00. Uma merreca, se considerarmos  que o livro é novo, o papel é de boa qualidade e os quase 40 desenhos de Benett ilustram magistralmente a publicação. Afora que o Posfácio enriquece o leitor de informações históricas complementares, tanto sobre o romancista quanto sobre o romance em si.

Como se sabe, Verne nunca veio ao Brasil, muito menos á Amazônia, onde é ambientada sua história, e acredito até que nunca tenha visto uma jangada nordestina de perto. Mas esse romance, publicado originalmente em 1881, ele descreve uma imensa jangada onde instalaram a casa do dono (com varanda e jardim), alojamentos para seus empregados, uma igrejinha, mercearia e outras construções. Na verdade é mais uma pequena ilha flutuante que uma embarcação.

A Jangada conta a história de uma viagem empreendida pela família de um próspero fazendeiro instalada em Iquitos. O objetivo confesso: ir a Belém para casar Minha, a filha, com um colega de estudos do irmão. Mas João Garral tem também suas razões secretas: conseguir, correndo o risco da sua efetiva execução, a revisão da sentença que o condenou injustamente à morte pelo caso de um roubo de diamante vinte e seis anos antes, enquanto ele trabalhava, sob a sua verdadeira identidade de Dacosta, nas minas imperialistas brasileiras. Com o objetivo de se deslocar, visto que o projeto era familiar, o herói não imagina outro meio senão construir uma gigantesca aldeia flutuante que se deixará levar pela correnteza do rio... (da orelha do livro).
Leia mais sobre A Jangada AQUI:
Baixe alguns livros de J.Verne AQUI:

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Instigar é papel dos blogs?

Instigar é da natureza da criatura humana. Onde houver dois ou mais seres humanos haverá interação entre eles e um incitará o outro a fazer algo, seja uma ação solo ou seja em conjunto.

Instigar deve ser, também, o  papel fundamental da grande mídia. De que vale apenas transmitir informações sem estimular o receptor a pesquisar, a se aprofundar, a  refletir sobre a informação e resignificá-la? Agir assim é ser leviano com o conhecimento. E já que a mídia institucionalizada é tendenciosa com suas notícias, ou pelo menos está atrelada a valores mais econômicos que éticos, cabe as mídias alternativas, como os blogs, instigar, incitar, estimular a sua rede de leitores a desenvolver um olhar mais percuciente sobre uma dada questão, a ampliar sua cosmovisão ou cosmoconcepção. Assim, e através dela, atingir a população, instando-a às mudanças.


Blogs são formadores de opinião
Apesar do amadorismo, muitos blogs apresentam conteúdo de qualidade e são instigadores de seus leitores. Desde 2007 é possível perceber que o papel dos blogs como mídia está em franco crescimento e expansão. E ainda que longe de impactar os grandes veículos de comunicação de massa, alguns grandes jornais e emissoras de rádio e TV, como a rede Globo, p.ex., se renderam a maneira ágil e dinâmica que a informação circula nos blogs e a credibilidade que eles conquistam; já perceberam a importância dos blogs no universo da informação on demand. 

Hoje, muitos colunistas, artistas e apresentadores possuem blogs. E há casos do cara começar num blog e ser contratado pela grande mídia. Isso prova que os blogs instigam os grandes veículos de comunicação a adotarem uma atitude de respeito e não de desprezo ou preconceito.

Blog Instigante: o selo
Instigar é verbo que deve ser conjugado no plural por todo e qualquer educador que se preze. É a atitute que todo professor deve promover diante de seus aprendizes. Instigar é atiçar a curiosidade, e como sempre digo: é no espanto que a aprendizagem começa. Ser instigante é tudo que um blogueiro quer. Eis porque este blog se sente honrado ao recebeu da Professora Maria do Rocio, do blog Aprendências, o selo "Blog Instigante".
NOTA: Fiz uma rápida pesquisa mas não descobri que teve a idéia de criar o selo. Se souber me mande.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Corrupção no Brasil é como a Web: uma teia onde tudo se interliga

No Brasil a corrupção é como a Internet: tudo se interliga como numa teia
Em 1998 tivemos o escandaloso caso do "mensalão", tornado famoso pelos depoimentos do deputado Roberto Jefferson, que abalou a credibilidade do governo Lula sem, no entanto, atingir o presidente.

Bem antes de eclodir o famigerado caso do mensalão outros escândalos espocaram, como o famoso caso dos dólares na cueca, o escândalo dos bingos, o escândalo dos Correios, a corrupção na prefeitura de Santo André e a morte de Celso Daniel, a cínica Dança da Pizza entre outros.

Quem não se lembra do escandaloso caso da SUDAM, em 2000, que envolveu a governadora do Maranhão, Roseana Sarney? E o escabroso caso da morte do prefeito Celso Daniel? Ou do caso Celso Pita, a corrupção na prefeitura de São Paulo, a CPI do Banestado e do juiz Nicolalau?  

O site A Voz do Cidadão faz uma lista de escândalos dos governos recentes, desde 1979, com o presidente que preferia o cheiro dos cavalos ao de gente, João Batista de Figueiredo, até Lula. Também a Wikipédia nos traz uma lista de 96 supostos casos de escândalos para os anos 1990 e 124 casos para os nove anos da década de 2000. De certo que a fonte não é lá muito confiável, entretanto serve muito bem para que se tenha uma imagem do bas-fond  da política nacional.

Mensalão já era, agora é meiasalão

Já tivemos políticos de alto coturno, e alguns de seus cherimbabos*, que foram flagrados recebendo propina. Eles escondia o dinheiro de suas falcatruas em sacos, malas, cuecas e agora estão usando também as meias. Como diria o macaco Simão: No país da esculhambação geral, inauguraram o meiasalão. Hahahaaa!...

O deputado Prudente, prudentemente, guardou sua propina nas meias enquanto o deputado Roberto Arruda (DEM) colocou a bolada num saco.  Mas nem com reza forte de pastor,  nem com mandinga, patuás, galho de arruda e oscambau, ficaram livres do "mau olhado": os olhos da Nação estavam todos voltados para eles. Foram vistos em cadeia nacional, escondendo o dinheiro. E se esses mesmos olhos não esquecerem o que viram, nunca mais eles serão eleitos, caso venham a se candidatar novamente.

Mas essa é uma tola esperança deste blogueiro, pois a memória do povo é mais volátil que memória RAM. Quantos políticos processados e condenados, quantos corruptos confessos ou pegos em flagrante, quantos candidatgos supostamente envolvidos nos mais hediondos crimes já foram reeleitos?

Encerro este post com duas frases proféticas do ex-presidente Abrahan Lincoln:

"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder."
"Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente."

Crédito: Imagem obtida no blog Proibido Proibir

 *Cherimbabo é um termo nativo para um pequeno animal de cria doméstica. Na gíria paraense designa o auxiliar, ajudante ou puxa-saco.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Água não tem cabelo...

Nessas paragens amazônicas nem sempre é de carro ou ônibus que os trabalhadores se deslocam para seus locais de trabalho ou que alunos vão para suas escolas. Mesmo aqui em Belém, a capital paraense, existem regiões que só se vai de barco ou de casquinho, as pequenas canoas cujas bordas ficam apenas a dois dedos do nível da água. Cá entre nós, não sei como os ribeirinhos têm coragem de nagevar pelos grandes rios e igarapés com essas frágeis canoinhas. E para quem não sabe, nessa região os rios são os caminhos, mas eu não entro numa delas nem com reza braba...

Contudo, como canta o poeta Rui Barata: "este rio é minha rua..." E este blog é minha rua...

 Há diversas ilhas que fazem parte da região administrativa da capital paraense, com pequenas escolas ou unidades pedagógicas cheias de estudantes que precisam receber educação e formação escolar. Uma dessas escolas é a Unidade Pedagógica da Faveira (clique no link ao lado para saber mais) que fica na ilha de Cotijuba, distante cerca de 1 hora de barco do porto de Icoaraci, distrito do município de Belém, a cerca de 30 minutos do centro da cidade. Na semana passada fui visitá-la, a trabalho.

A Unidade Pedagógica da Faveira é um anexo da Escola Bosque, localizada em Icoaraci, e diariamente os professores devem fazer uso de um barco fretado pela prefeitura para fazer a travesia da Baía do Marajó.

Cheguei  ao porto em Icoaraci  por volta das 7h da manhã e o pequeno cais estava cheio de passageiros. Qual a nossa surpresa ao ver que um incidente havia tombado o pequeno cais flutuante, que estava inclinado e quase totalmente submerso. Diversos barcos pesqueiros de pequeno porte, e pequenos barcos de passageiros, estavam atracados diretamente na rampa de acesso, ou amarrados uns aos outros. Isso obrigava as pessoas a passarem de um barco a outro até atingir o cais.

Encontrei um grupo de uns 15 professores da rede municipal que aguardavam o barco para a escola da Faveira. O barco chegou e embarcamos. No slideshow a seguir você encontrará algumas cenas dessa viagem. Passe o mouse nas fotos para identificar as imagens. (Infelizmente, o site Slide.com foi desativado e os projetos que fizemos desapareceram - o autor, outubro/2013)



quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Projeto Época na Educação & Blogs: campeões de audiência

Embora não seja do meu feitio empregar o CTRL+C e CTRL+V nas minhas postagens, posto que gosto da originalidade, muitas vezes queremos dar a informação tal qual a colhemos. Assim, o melhor caminho é a transcrição ipsis literis.
Por considerar uma fonte de pesquisa no assunto, e de provável interesse de meus poucos leitores, transcrevo abaixo um recorte de uma série de artigos publicados na Revista Época edição nº 428, de 2006, sobre "como os diários da internet estão revolucionando a política, os negócios, a carreira, a cultura e as relações pessoais", e uma linha do tempo da blogosfera mundial

Embora um tanto velha, a notícia me parece bem atual. Quem desejar ler a reportagem na íntegra clique AQUI.
Aproveitando, recomendo a leitura sobre o Projeto Época na Educação.

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ÉPOCA NA EDUCAÇÃO



Estão abertas as incrições para o projeto ÉPOCA NA EDUCAÇÃO.
O projeto está há dez anos propiciando aos alunos e seus professores uma viagem fantástica pelo mundo da informação. INSCREVA SUA ESCOLA.
Consulte o regulamento e veja como sua escola pode participar clicando AQUI.



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Blogs: Campeões de Audiência

John Batelle, um dos fundadores da revista Wired, diz que os blogs fazem sucesso porque "as pessoas adoram falar"
 
O jornalista e professor americano John Batelle é um entusiasta dos blogs. Ele é um dos fundadores da revista Wired e colaborador do Boing Boing, o blog mais popular do mundo. Para Batelle, blogs são conversas entre pessoas e ganharam importância justamente por isso. "As pessoas adoram falar umas sobre as outras."




John Batelle




O que ele fez
fundou a Wired
O que ele faz
colabora com o blog Boing Boing e dá aulas na Universidade da Califórnia, em Berkley



ÉPOCA - O que define um blog?
John Batelle - Um blog é simplesmente o trabalho público de uma pessoa.
ÉPOCA - Por que se fala tanto sobre blogs?
Batelle
- Porque os blogs são feitos por pessoas, e as pessoas adoram falar umas sobre as outras. Blogs são um tipo de mídia, e a mídia tradicional é tão ameaçada quanto fascinada pelos blogs. E, claro, a mídia adora falar sobre si mesma.
ÉPOCA - Qual a importância dos blogs para o desenvolvimento da comunicação?
Batelle
- Os blogs são o primeiro passo para que todas as pessoas alfabetizadas tenham sua própria plataforma no mundo. Um espaço onde elas possam declarar quem são, o que querem e o que pensam.
ÉPOCA - Então o senhor acredita que os blogs estão satisfazendo as necessidades de comunicação das pessoas?
Batelle
- Para muitos, sim. Mas há milhões e milhões de blogs internet afora. Quem sou eu para dizer se eles estão funcionando para todo mundo?
ÉPOCA - Podemos dizer que a internet está se transformando em um grande trabalho coletivo, com o conteúdo sendo gerado pelos usuários? Isso é bom?
Batelle
- Sim, mas não apenas conteúdo gerado por usuários, mas de todo tipo.
ÉPOCA - Como a internet evoluiu para o que é hoje, com tanta participação dos usuários?
Batelle
- Essa é uma questão complicada. Resumindo, o aspecto mais importante no mundo (dos humanos) é a atenção. O valor está nas coisas para as quais as pessoas dão atenção. E elas estão interessadas no que os outros estão fazendo on-line. Isso faz com que a web seja tão interessante quanto a vida. Como um espelho, mas um espelho com uma memória bem grande.
ÉPOCA - A internet é o novo espaço público? Debates on-line podem contribuir para o avanço político de cidadãos e da sociedade organizada?
Batelle
- Sim, isso já ocorre ao redor do mundo. Há centenas de exemplos. A internet é uma mídia poderosa no que diz respeito à mobilização. E é uma ferramenta sem fronteiras.Você pode alcançar pessoas em qualquer lugar.
ÉPOCA - O senhor diria que as pessoas estão fazendo um bom uso da tecnologia? O resultado é satisfatório?
Batelle
- Sim, mas sou otimista. As pessoas em geral são boas e querem usar a tecnologia para o bem. Infelizmente, também há os que adquirem controle sobre ela e acabam fazendo um mau uso.
ÉPOCA - Por que as empresas de comunicação parecem temer os blogs?
Batelle
- Empresas tradicionais de mídia controlam todo o conteúdo que possuem e ninguém controla os blogs, exceto seu autor e a comunidade que interage com ele.
ÉPOCA - Agora essas empresas estão começando a publicar seus próprios blogs. Essa é uma boa idéia?
Batelle
- Sim. Blogs são uma forma diferente de mídia, não mediada, mais direta. Tem mais a ver com desempenho do que com um pacote fechado de produtos. Essa é uma habilidade que as empresas de mídia precisam adquirir.






A linha do tempo com os principais acontecimentos da blogosfera mundial
Janeiro de 1994
O estudante Justin Hall cria o primeiro blog do mundo, o Links.net
Dezembro de 1997
O colunista de internet Jorn Barger cunha o termo "weblog"
Abril de 1999
O programador Peter Merholz encurta as coisas: "weblog" vira apenas "blog"
Agosto de 1999
Lançada a primeira ferramenta popular de criação de blogs, o Blogger.com
Janeiro de 2000
O Boing Boing entra no ar
Fevereiro de 2002
A designer Heather Armstrong é demitida por falar sobre o emprego em seu blog, Dooce. O nome vira um termo em inglês que significa "demitido por blogar"
Agosto de 2002
Nick Denton lança o Gizmodo, que se tornaria um império de blogs. Nasce também o Blogads, para negociar publicidade em blogs
Dezembro de 2002
Lançamento do Gawker, inaugurando a era dos blogs de fofoca
Março de 2003
Salam Pax, um blogueiro iraquiano, manda notícias direto da Bagdá sob ataque americano
Junho de 2003
O Google lança o serviço AdSense, ferramenta que exibe anúncios relacionados ao conteúdo dos blogs
Agosto de 2003
A primeira grande onda de anúncios em blogs políticos
Setembro de 2003
Jason Calcanis funda a empresa Weblogs.Inc, que chega a ter 85 blogs sob seu guarda-chuva
Dezembro de 2004
O dicionário inglês Merriam-Webster classifica "blog" como "A palavra do ano"
Janeiro de 2005
Uma pesquisa revela que 32 milhões de americanos lêem blogs
Maio de 2005
Criado o blog político The Huffington Post
Outubro de 2005
Os blogs da Weblogs.Inc são vendidos para a AOL por US$ 25 milhões
Dezembro de 2005
O ano soma US$ 100 milhões em publicidade para os blogs
Janeiro de 2006
A revista Time paga para ter o blog de Andrew Sullivan em seu site






No TOP BLOG 2011 ficamos entre os 100 melhores da categoria. Pode ser pouco para uns, mas para mim é motivo de orgulho e satisfação.
Sou muito grato a todos que passaram por essa rua que é meu blog e deram seu voto. Cord ad Cord Loquir Tum

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Petição por uma Internet Democrática