Você sabe qual o maior palavrão da "última flor do Lácio, inculta e bela" (vide Olavo Bilac) ? Se pensou no acadêmico "
Pô...!", no ecumênico "
É fod..!", no
clássico divisionista
"Filho da...!", no sonoro e hiperlativo "
Caral...!", no top(roct)ológico
"Vá tomar no...!" ou no
delivery "Vá pra P...quiuspariu!", devo dizer que se enganou (embora concorde que você manda bem no palavrão, heim!).
Ah! E aqueles palavrões menos verborrágicos que infestam as letras de Funk, de Hip-Hop e gritos de guerra de torcidas organizadas em jogos decisivos? Errou de novo, e passou longe, caro amigo/a. O maior palavrão já dito por um brasileiro não é um xingamento, mas
uma palavra de 46 letras que, segundo meu Houaiss, identifica o indivíduo que sofre de uma doença pulmonar provocada por inalar cinzas vulcânicas:
Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.
E o que isso tem a ver com essa postagem? Respondo: é que hoje vou falar de palavrões que são xingamentos, ofensas. E antes que me pergunte se é desses palavrões que estamos acostumados a ouvir no trânsito, numa discussão de rua ou durante uma partida de futebol, vou logo dizendo que não. Mas desses que estamos ficando acostumados a ouvir justamente onde se espera que haja exemplos de bons modos, de educação, cortesia, auto-controle, ética, diplomacia: nas plenárias das casas do Legislativo tupiniquim.
Você já observou como é, muitas vezes, escandaloso o tratamento anti-ético entre alguns vereadores, deputados e senadores quando discutem em plenária seus pontos de vista? Principalmente se o foco
da discussão é o orçamento e a defesa de suas emendas ou projetos
milionários.
A troca de insultos, xingamentos, tabefes, socos outros "elementos de reforço de
discurso" se tornaram rotina nas sessões das três esferas do
nosso Legislativo que até me parece ser uma nova linguagem de alguns
insignes parlamentares discutirem o futuro do país, ou os
graves problemas de estado ou município.
Lógico que falar palavrão é coisa do nosso cotidiano, e é uma prática milenar. Inclusive há estudos acadêmicos (Escola de Psicologia da Universidade de Keele-Inglaterra), que comprovam que falar palavrão pode até aliviar uma dor física. Mas n
inguém gosta de ser xingado, ser ofendido, mesmo se for merecedor.
"
Canalha", por exemplo, já não é palavra forte o suficiente. É uma expressão tão corriqueira entre os parlamentares que já não causa o impacto esperado. Acho até que o povo não considera "canalha" ofensa grave para um político, afinal
tantos são os canalhas eleitos e/ou reeleitos.
Eis pois que, faz algum tempo, encontrei no blog "
Fenixando", da Sueli, uma administradora de empresas de São Paulo, uma proposta
sui generis: adotar o "Vossa Excelência", pomposo pronome de tratamento entre parlamentares, como o mais novo palavrão, a mais nova ofensa da língua brasileira. Segundo Sueli "
seria um “vossa excelência” usado como substantivo e não como pronome. Tipo assim: Aquele fulano é um “vossa excelência”! ou “Oh, seu “vossa excelência” você me paga!” ... rs."
É claro que isso tudo é uma grande brincadeira, mas vou acrescentar o "Vossa Excelência" ao meu
Acervo Brasileiro de Altos Insultos, Xingamentos e Ofensas -ABAIXO, uma espécie de dicionário de palavrões que, por diversão, estou montando.
Mas pense nisso na hora em que for votar nas próximas eleições, afinal você não vai querer eleger um canalha nem um grande "vossa excelência". Ou vai?.