sábado, 18 de abril de 2009

TROVAS DE VINTÉM

Desculpe, caro leitor, mas hoje me deu uma saudade danada do meu velho pai, e essa postagem traz algumas de suas trovas; vai falar um pouco sobre ele. Então, se não lhe interessar ler visite outro blog dos que recomendo ai, na sidebar, mas se parmanecer até o fim da postagem te agradeço muitíssimo.

Trovas de Vintém é o título de um livrinho de trovas publicado numa gráfica de Duque de Caxias (RJ) por Waldick Pereira, meu saudoso pai, em 1972. Quando ele morreu, em 1982, na lápide de sua tumba, está gravada uma trova que expressa seu amor pela terra adotiva, Nova Iguaçu:

Eu não sei se é castigo,
Se é mandinga ou se é vodu,
Eu só sei que não consigo
Viver longe de Iguaçu
.


Eis mais algumas:
..........................
Saudede é como cupim
Furando o peito de alguém:
-Vai furando, até que enfim,
Não se oculta de ninguém.
..........................
Amor é doce-de-côco
Que às visitas se oferece:
-É gostoso quando é pouco,
Em demasia, aborrece...
..........................
Tenho raiva do luar
Que zombando aos meus anseios
Vem de leve se filtrar
Entre as dunas dos teus seios.
.........................
Nada nos faz mais sofrer
Nem nos traz tanto desdém
Do que ferir sem querer
A quem nos queremos bem.
..........................
Quando Deus criou a flor,
Plantou-a no mundo inteiro...
Não fez distinção da cor
Da pele do jardineiro...
..........................
Quando alguma estrela vejo
Vir caindo como um véu,
Penso que me traz um beijo
De minha mãe, lá do céu.
..........................
Se de saudade padeço
Todo um dia de maltrato,
Muitas noites adormeço
Falando com teu retrato.

Waldick, que fora delegado da União Brasileira de Trovadores-UBT e realizou os I e II Jogos Florais de Nova Iguaçu, também foi professor, arqueólogo, historiador, jornalista, escritor e poeta. Unia a paixão pela história do município de Nova Iguaçu (RJ)-tendo sido fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu-IHGNI, o qual presidiu até sua morte, em fevereiro de 1983- à sua paixão pelas letras, e escreveu vários livros, tendo publicado apenas Nova Iguaçu para o Curso Normal (1969); A Mudança da Vila (1970); Cana, Café e Laranja (Fundação Getúlio Vargas-1977), sobre a história iguaçuana, além de alguns de poesia e trovas. Hoje é patrono do CIEP 113, em Nova Iguaçu.

6 comentários:

Rocio Rodi disse...

Franz,
Que saudade bonita! Cheia de trovas - e no dia de Monteiro! - e melodias do amor.
Lembrei-me agora de que José Renato Monteiro Lobato mudou de nome por causa de uma bengala de seu pai (José Bento) que tinha as iniciais J.B.M.L. Ele disse que aprendeu mais com o pai na fazenda do que nos bancos da escola.
Os filhos gostam do pai... Bendito aqueles que os pais gostam do filho!
Uma bela homenagem a saudade paterna e neste dia literário!
Coincidências? Boa inspiração!
Maria do Rocio

esteblogminharua disse...

Oi Maria, obrigado pelo comentário. Em verdade não me aprecebi que estávamos no dia de M. Lobato, e fico-lhe grato por me lembrar e com isso tornar mais significativa minha postagem.

Anônimo disse...

Oi Franz,

Na saudade niguem manda!
Surge quando a ela convem.
Mas é verdade infinita,
São boas lembramças que o coração tem!

esteblogminharua disse...

Diz a música que "a saudade mata a gente", mas nunca vou morrer de saudades... vou viver dela, isto sim.

Luciana Farias disse...

"A BUSCA E O CONHECIMENTO,DE UM PERSISTENTE SONHADOR, MUITAS DAS VEZES O TORNA UM HOMEM IMORTAL!!"
(Eulina Monteiro)

Achei muito bonita a sua postagem, com toda certeza teu pai foi um grande homem, e esta grandiosidade na vida e na arte são eternas.
Luciana Farias

Adinalzir Pereira disse...

Olá, meu amigo Franz!

Eu sei que ando meio sumido aqui no teu blog e também no blogs educativos. São muitos afazeres, aqui por essas bandas, mas eu não resisti quando li os poemas do seu pai Valdick Pereira sobre Nova Iguaçu, são textos muito autênticos e que demonstram toda a sensibilidade do autor. Que Deus o tenha no mundo eterno!

Ainda quanto a velha Nova Iguaçu, aí vai na íntegra, uma boa notícia que anda rolando por aqui:

"Pires na mão
Símbolo de Nova Iguaçu, o casarão em ruínas da Fazenda São Bernardino ganhou uma boa notícia: o projeto de restauração foi concluído pela prefeitura. Agora só falta conseguir dinheiro. O trabalho será apresentado à Petrobrás."

Foi publicado no jornal O Dia, a data completa eu não lembro, só sei que foi no mes de abril.
O problema agora é esperar pela burocracia, que emperra tudo... E quem sabe até pedir uma ajudinha a Macumaína..Rsss.

Quando puder visite também:
http://malta336.blogspot.com (blog da minha escola)
www.historiaecia.com ( meu site)

Saudações fraternas, aqui desta cidade do Rio de Janeiro com temperatura amena,
Adinalzir Pereira

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