quarta-feira, 22 de abril de 2009

A escola forma para o futuro?

O Grupo Blogs Educativos é um espaço virtual de excelência em discussões sobre a Educação mediada por rede de computadores, com ênfase nos blogs. Vez ou outra espocam temas efervescentes, as discussões se alongam, as contribuições fluem de forma prazerosa, inteligente, criativa, de tal forma que influenciam a práxis de seus participantes e deixam rastros no seu fazer pedagógico cotidiano. Uma das recentes discussões teve como tema "A Escola forma gente para futuro ou para o passado?". Dela participei, na noite do dia 20, com o texto a seguir, que segundo a Elisangela Zampieri deveria virar postagem. Pois então, tá!
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A escola forma para o passado ou para o Futuro?
Não sei se a escola forma para o passado ou para o futuro, e nem acho que isso verdadeiramente importa saber. A meu ver, a questão não deveria ser essa, mas sim porque as mudanças demoram tanto para acontecer no chão da escola. Por outro lado sei que, em se tratando da questão temporal, a escola atual ainda enfrenta os mesmos problemas que J. Amós Comenius já apontava a quase 500 anos (!?) em sua Didática Magna.

Veja-se, por exemplo, quanta tecnologia já entrou na sala de aula desde Comenius: quadro, giz, caderno, lápis, livro, cartaz, massinha, guache, material dourado, Cuissinarie, jornal, revista, slide, mimeógrafo (lembram-se dele?), ventilador, condicionador de ar, rádio, televisão, vídeo, som, computadores... Tudo que era/é novidade em seu tempo foi - e é - empurrado porta a dentro da escola. Mas parece que não tem trazido melhorias no aprendizado dos alunos e na maneira do professor ensinar. Bem, não trouxe até então, pois o computador tem feito o que nenhuma outra dessas ferramentas tecnológicas fez: dar a verdadeira dimensão de futuro à educação, além de colocar um pouco de satisfação no processo de ensino-aprendizagem tradicional.

Para muitos professores a solução está na urgente mudança no/do currículo escolar. Eu também cheguei a defender uma mudança de currículo como forma de reinventar o ensinar-aprender mas, numa sociedade globalizada, num mundo internacionalizado como o que vivemos, que currículo, por melhor que seja, vai atender suas necessidades? O currículo continua composto de fragmentos e fundamentado no classicismo cartesiano. Traz blocos de conteúdos considerados necessários à formação do cidadão, delimita as estratégias de ensino-aprendizagem, estipula o método e critérios de avaliação, e mesmo que o discurso diga que o currículo é flexível, o que a escola quer é uma agulha apontando sempre numa mesma direção, pois ninguém consegue seguir uma bússola desorientada. Em verdade, poucos sabem o que significa um currículo flexível.... Porque se for flexível demais o professor corre o risco de não saber o que fazer, o pessoal técnico pedagógico não saber que rumo tomar, o aluno não se sentir orientado etc.

Perdoem-me, mas começo a crer que a escola verdadeira é como um ser formado por um conjunto de órgãos de outros seres (coisa mais franksteniana, não é? Será efeito do Campari on the rocks que estou bebendo? Será influêcia da 'hora do lobisomem' -nesse momento estamos aos 9 minutos de terça-feira- ou piração de um cérebro cansado da lida do dia?). Bem, o que quero dizer é que a Escola não é um corpo único e inconsútil; não é como um navio ou avião no qual as pessoas embarcam com um destino e o comandante apenas segue o rumo traçado num mapa. Ela é formada por tudo que o homem construiu como instituição social, cultural, religiosa, científica, militar... E cada uma delas com seus valores, e os quer fazer valer. Logo, a educação é uma responsabilidade de todos, não somente dos professores e pedagogos. Quanto a formar ou não para o futuro, penso que a Escola que temos é imediatista, exige resultados imediatos e forma indivíduos para atender a sociedade.

15 comentários:

Alfabetização em Foco disse...

Que bom que virou postagem! E bom também ser a primeira a comentar aqui. Uma coisa é certa, se foi efeito da hora do lobisomem ou do drink, faça isso sempre porque o inspirou magníficamente. Abre-se aí um leque para amplas e profundas reflexões.

Bjus...

Rocio Rodi disse...

Oi, Franz!
O computador nas mãos do guri e da guria, dos jovens e dos jovens há mais tempo... possibilita o uso da imaginação e criatividade que requer de cada um o ter alguma coisa para comunicar, expressar-se, sentir mais e mais, e também a si mesmo.
A escola mal vem conseguindo fazer com que ele se aproprie do conhecimento historicamente construído nas relações entre diferentes pessoas. Imagine só deparar-se com o novo.
O currículo ou será a Pedagogia de Projetos pode possibilitar ao sujeito quebrar as paredes da sala de aula ou mesmo ressignifica-la através da releitura e abertura ao mundo, no botão também do estar alerta...
E daí "a pergunta roda e a cabeça agita"... O processo de construção possibilita à APROPRIAÇÃO E A INOVAÇÃO? Ou a gente na hora do "vamu vê" repete o que as outras gerações fizeram?
Vamos olhar mais atentamente para essa nova geração que acessa as informações, faz releituras e nesse sambar, maneja conhecimento e idéias pululam e daí o inesperado acontece...

É um bom tema.

Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada(...)
Eu fico com a pureza da resposta das crianças (...)
A beleza de ser um eterno aprendiz!!!

Abraços!
Maria do Rocio

esteblogminharua disse...

Oi,Mª do Rocio, seus comentários, como suas postagens, são sempre excelentes. Grato, mesmo.
Concordo contigo que a metodologia de projetos é excepcional.Para vc ter uma idéia, quando fiz a especialização do Proinfo, em 1997, essa disciplina foi dada por ninguém menos que minha querida amiga Dra. Léa Fagundes. Já trabalhei nessa perspectiva algumas vezes, e tenho inclusive um trabalho de etnomatemática apresentado num dos Encontros Nacionais do ProInfo e num Congresso Internacional. Mas hoje tenho outro olhar, que foca mais sobre a TransD, mas sem deixar a Metodologia de porjetos.

Rocio Rodi disse...

A Transdisciplinaridade de Ubiratan D'Ambrósio? A idéia da etnomatemática? Pois é, eu trabalho muito nessa linha, gosto das discussões de Marli André e Menga Lüdke também na área da metodologia e discussões sobre Ego-História.
Tem dois livros bem legais nessa direção, da Teresa Vergani: "Educação Etnomatemática, o que é?" e "O zero e os infinitos: uma experiência de antropologia cognitiva e educação matemática intercultural". Todos os dois eu ganhei do Iran Mendes, paraense que hoje está na UFRN.
Tenho saudades daquele grupo do GRECOM.
De novo você puxou o fio que une os paralelos...
Abraços!
Maria do Rocio

Robson Freire disse...

Caro amigo Franz

Que texto maravilhoso!!!

São essas reflexões que fazem a diferença. Esse debate é urgente e preciso não podemos mais adia-lo.

Quem souber para onde estamos indo que mostre o caminho, mas até lá vamos debatendo e tentando entender o nosso papel nesse enredo todo.

A luz do conhecimento só vem com a troca de ideias entre as pessoas, levando o conhecimento a um outro nível.

Ótima reflexão.

Abraços

esteblogminharua disse...

Oi, Robsom. Muito obrigado por suas palavras sempre gentis.

esteblogminharua disse...

Oi, Rocio.A TransD que me refiro é a proposta defendida pelo CETRANS (http://www.cetrans.com.br/) e que tem seus fundamentos em E. Morin, Bassarab Nicolescu, Capra e outros. A TransD oferece uma epistemologia holística, um olhar abrangente, integrador, cujo eixo básico é a Complexidade. É um movimento de caráter científico-educacional, e embora não defenda abertamente, tem muito de misticismo. E como místico, me identifiquei desde que li Morim.
Durante a oficina do Programa TONOMUNDO, aqui no NIED, a TransD foi apresentada pela Maria F.de Mello (CETRANS), uma criatura incrível!

Sérgio F. Lima disse...

Opa Franz,

Todo mundo achou que seu texto merecia vir para o blogue :-)

Continue tomando seus drinques e nos brindando com suas ótimas análises.

abs

Rocio Rodi disse...

Que legal, Franz!
Como eu imaginei, o GRECOM, é o Grupo da Complexidade na Federal de Natal, em que o Iran faz parte. No Rio é o COMPLEXUS. Mas, o D'Ambrósio tem um livro que se chama Transdisciplinaridade. Os pensamentos se encontram...
Maria do Rocio

Norival R. Duarte disse...

Aê, Franz!

Muito bom o seu blog!

Depois eu volto, pois existem algumas postagens nele que pretendo publicar no meu brogui, com a sua devida licença.

Abraços e um bom domingo!

esteblogminharua disse...

Oi, Rorival.
Fique à vontade para usar e abusar dessas postagens. Visitei seu blog e dei umas boas risadas.

Rosa Melo disse...

Rosa Melo
Eu já tinha visitado o teu blog...só não deixei nenhum comentário.
Adoro os temas...quando tiver um pouco livre vou ler todos os teus temas.
Colega está frase "A escola forma para o futuro" nós trabalhamos para isso,mas infelizmente os nossos alunos não trabalham...é muito triste o que está acontecer.
Já estou como tua seguidora e vou colocar nos meus links o teu blog.

Um abraço

ROSA MELO

Rosa Melo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rosa Melo disse...

Franz!
Já votei no teu blog.
Felicidade e boa sorte!!!
Eu estou inscrita mas não posso concorrer por ser Portuguesa.

Um abraço

ROSA MELO

Rosa Melo disse...

Olá Franz!

Visita de novo o meu blog...pois tem um presentinho para você.


Um abraço

Rosa Melo

No TOP BLOG 2011 ficamos entre os 100 melhores da categoria. Pode ser pouco para uns, mas para mim é motivo de orgulho e satisfação.
Sou muito grato a todos que passaram por essa rua que é meu blog e deram seu voto. Cord ad Cord Loquir Tum

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