Seria uma parada de ônibus comum numa rua comum se não tivesse uma rede armada de ponta à ponta, um casal deitado nela e algumas tralhas ocupando totalmente o banco. Um acampamento? Uma morada?
Indo para o trabalho no NTE fui passando bem ao lado. A mulher saiu da rede e sentou-se no encosto do banco de cimento. Mas que absurdo!- pensei. Passei... Então senti pena. Parei e voltei. Pedi licença para fotografar e por no blog. Fotografei com o celular. Ele, que já me fez fotos muito melhores, nessa me decepcionou. Deixou-a tão desfocada, sem qualidade, triste tal qual o objeto que fotografava. Ou foi o olhar que ela me deitou ao ser fotografada que nublou a lente...?
Disse que vinham de São Brás, que vendia amendoim. Uma lata de amendoim no chão guardava quatro pacotinhos. Não havia carvão aceso na lata. Pra ajudar dei cinco paus e pedi um. Frio feito bunda de pinguim! - Ah! Mas estão bons - disse ela. Dizer que aqueles amendoins estavam bons é o mesmo que dizer que Alexandre Frota e Rita Cadillac eram bons atores e seriam novo par romântico da nova novela das 6, ou que o BBB é um programa pra gente inteligente.
Disse que estava muito triste, que tinha uma filha tomada pelo Conselho Tutelar e que achava que nunca mais veria a filha. Queria ajuda. Perguntei o que faria com uma filha naquelas codições. Ela começou a chorar. Não sei se era fingimento. Fui embora.
Indo para o trabalho no NTE fui passando bem ao lado. A mulher saiu da rede e sentou-se no encosto do banco de cimento. Mas que absurdo!- pensei. Passei... Então senti pena. Parei e voltei. Pedi licença para fotografar e por no blog. Fotografei com o celular. Ele, que já me fez fotos muito melhores, nessa me decepcionou. Deixou-a tão desfocada, sem qualidade, triste tal qual o objeto que fotografava. Ou foi o olhar que ela me deitou ao ser fotografada que nublou a lente...?
Conversei. O nome dela é Ana e o dele é Luiz Gonzaga. Ela aparenta não mais que 30; ele uns 40, talvez pouco mais. Ela de Belém, ele do interior de Marapanim. Disse que eram casados, talvez querendo garantir uma dignidade já esquecida. Perguntei se ele estava doente. - Não. Apenas cansado, disse ela.
Disse que estava muito triste, que tinha uma filha tomada pelo Conselho Tutelar e que achava que nunca mais veria a filha. Queria ajuda. Perguntei o que faria com uma filha naquelas codições. Ela começou a chorar. Não sei se era fingimento. Fui embora.
Pobreza, miséria, desamparo, angústia, sofrimento, abandono social etc, não só cenas de Belém. Essa poderia ser uma cena de qualquer canto desse país.
5 comentários:
Ei Franz,
Triste cena que tua lente capta para mexer com nossas emoções. Sensibilidade crítica, gesto solidário, tristeza na partida, talvez indignação com tal realidade a nos estampar. Detalhes das contradições de muitas grandes ou pequenas cidades.
Bom foco...
Maria do Rocio
Pois é, amiga Rocio, a crueza da vida e a suavidade da poesia muitas vezes se unem para aumentar nossa dor. Aliás, essa é a única coisa que faz o homem evoluir: dor.
Abraços
Cena triste que retrata a realidade de Belém e também aqui do meu Rio de Janeiro. É uma cena do cotidiano, que por sua vez faz parte da História dos homens e da sociedade.
Uma reflexão digna de um João do Rio!
Abraços fraternos!
Caro companheiro Adinalzir, bom dia!
Realmente, essa é a realidade de qualquer canto, de qualquer povo. É a realidade da humanidade: o descaso pelo outro, a falta de caridade, de solidariedade...
Forte e fraterno abraço dessa Belém nubladíssima
Fantásticas suas percepções de Belém.Coloque mais. abraço
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