Pense nisso quando for votar
A última folha da revista ISTOÉ traz, a cada número, um texto de um consagrado artista ou homem de negócios, como Marcos Sá Corrêa, Miguel Falabela e Zeca Baleiro. Este último número o texto é de Ricardo Amorim e tem o título de Hobin
Hood às avessas. Eis um trecho:
Imagine que Robin Hood tivesse um ataque de loucura e resolvesse fazer tudo ao contrário: roubar dos pobres para dar aos ricos. (...) Que tal se ele roubasse de 200 e desse tudo para um único indivíduo?
Você pensa que isso é mais uma história fantasiosa, uma ficção? Pois saiba que esse Robin Hood às avessas existe e vive no Brasil sob o nome de Previdência Social do Setor Público. Amorim esclarece que, enquanto o teto das aposentadorias do
INSS é 3,4 mil, as aposentadorias e pensões do Legislativo e do Judiciário superam os 13 mil mensais, em média. E como isso não bastasse, “há no Congresso (mais) uma proposta de emenda à Constituição, já APROVADA no Congresso, que elimina a contribuição de 11% sobre as aposentadorias e pensões de inativos do setor público. Se aprovada, os impostos de todos os brasileiros aumentarão para que um grupo de 0,5% de privilegiados ganhe ainda mais”.
Para obter esses benefícios de lesa-magestade o Legislativo se alia ao Judiciário contra o Executivo e, como num jogo de frescobol entre os dois, a nossa Carta Magna vira a bola que leva raquetadas a torto e a direito. Assim, a Constituição cheia de remendos virou uma colcha de retalhos, e continua recebendo remendos. E de tão remendada encontra-se rota, senão mutilada.
O caminho dos impostos no Brasil é uma via de mão única:jamais retorna ás origens, isto é, os impostos não voltam às mãos daqueles que pagam, como seria de direito. No caso da Previdência Social o cenário é de longe o pior. Então, de que adianta a economia brasileira crescer e o país aumentar seu PIB se isso não retorna como benefícios para o povo?
Tá certo que, neste governo, o salário mínimo (mais de U$ 200) é o maior de todos os tempos! Tá certo que o poder de compra do trabalhador melhorou. Em compensação, a qualidade de vida do cidadão brasileiro piorou assustadoramente.
Qualidade de vida não é aumentar o padrão de vida do trabalhador, ou seja, não é apenas poder comprar mais. Ter qualidade de vida é poder viver melhor, é ter melhor educação, melhores condições de moradia, de transporte, de lazer, de saúde. Qualidade de vida envolve fatores sociais, psíquicos e físico-emocionais que geram bem-estar. Quantos cidadãos brasileiros podem afirmar que vivem em paz, segurança e tranqüilidade? Nem mesmo os marajás do Legislativo e do Judiciário.
Quanto mais esses senhores legislarem em causa própria para aumentar seus salários e se cercarem de benefícios, mais injustiça promovem e mais desrespeito demonstram para com o resto da população, consequentemente mais frustração estarão gerando nos corações do trabalhador brasileiro.
Assim, misturando injustiça, frustração e desrespeito no cadinho social, eles estarão/estão contribuindo para manter e aumentar o câncer social que grassa nesse país: a violência e a criminalidade.
E considerando a violência e criminalidade no
Brasil como uma reação da sociedade, que inclusive já foge do controle nalguns lugares
como o Rio de Janeiro, por exemplo, uma questão me incomoda: Quousque tandem abutere, Congresso, patientia nostra?
Crédito: Imagem obtida em http://www.sediscute.com/2010_06_01_archive.html
7 comentários:
Olá, professor!
Até quando o Congresso vai abusar da nossa paciência?
Acredito que até o dia em que o povo reaja a tantos disparates, abusos e falta de respeito.
O fato é que a maior parte da sociedade não tem uma leitura crítica de mundo e não tem "força" para dizer "chega"!
Eu, que gostaria de dizer estrondosamente "parem de nos roubar!", não sei o que fazer diante do panorama político brasileiro, pois perdi completamente a confiança nessa classe.
Sei que generalizar pode ser um equívoco. Entretanto, parece-me que basta colocar os pés no Congresso e nas Câmaras para ser contaminado pelo sistema.
Mesmo em ano de eleições, sinto uma certa impotência como cidadão.
Excelente reflexão, Franz.
Vou linkar o seu texto num post que estou fazendo.
Um forte abraço!
P.S. Faz uma semana que está ensolarado aqui nos pampas. Sinto-me em Belém...rs
Que país é esse, cujas matemática e química estranhas mostram que a economia brasileira cresce, seu PIB aumenta e os benefícios se esvaem e não se transformam em melhores condições de moradia, de transporte, de lazer, de saúde e educação? Que literatura é essa cujo Robin Wood modifica a lenda porque pensa que somos pequenos polegares ou mindinhos em país de "dedos gordos"? Qual é o conceito de qualidade de vida e bem-estar desses não-matemáticos? Talvez por isso a educação apresente resultados tão ínfimos, afinal, de que escolas vieram, ou melhor, qual é a escola que (a)fundaram?
E nisso, estamos nós aposentados buscando e brigando na justiça, que diga de passagem, tem olhos vendados e boca fechada e ouvidos tapados.
Como diz um âncora de TV, isso é uma vergonha.
Abraço
Oi, Max. De fato, a política nacional nos causa asco. É por isso que fiz uma postagem sobre as próximas eleiçoes, colocando um "mi" no meio da palavra VOTE.
Acho que é uma boa resposta aos politiqueiros tupiniquins: vomitar (não necessáriamente inverter os movimentos peristálticos) nas urnas.
A arma é o voto, mas não sabendo usá-la ela se volta contra o usuário...
FRanz
Rocio, a matemática da politicalha nacional só conhece a operação de subtração: subtrair dos cofres públicos tudo que puderem.
Franz
Caro Lucideira, tb estou prestes a me aposentar pela SEDUC, por isso fiz a postagem.
Obrigado pela visita.
Daqui a poucos anos, eu também serei mais um desses aposentados mal pagos. Enquanto isso, o Conselho Nacional de Justiça aposenta com salários de 24 e 25 mil reais mensais, dois juízes que vendiam sentenças. É uma vergonha para o nosso país! :-(
Abraços,
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