quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O medo do Nada e a história do número ZERO

Todo mundo sabe que a Matemática deu ao Homem a ferramenta intelectual com a qual fez sua história, transformou o mundo e conquistou o universo. E tudo surgiu com a invenção (ou descoberta) dos algarismos e dos números. Mas você já parou para pensar sobre o que seria da sociedade humana se não existisse o ZERO?

Já se perguntou qual a forma do NADA? Será o zero a forma do nada? Há alguma relação entre a forma circular escolhida para representar o vazio e o zero? O zero pode ter sido descoberto/inventado antes e mantido oculto por interesses herméticos? A construção do conceito de Zero contribui para a aprendizagem matemática? Decidi empreender uma pesquisa para responder essas questões em 2003, durante o curso de Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas, realizado no NPADC/UFPA.


O medo do nada

Nas sociedades primitivas a tradição de transmitir oralmente os conhecimentos tendo por base mitos, lendas, fábulas etc, era institucionalizada, entretanto observamos que em todas os mitos cosmológicos e antropogônicos (os que tratam da criação do mundo e do homem) não falam no nada, no vazio. Parece-nos claro que “la razón de este proceder es obvia: el hombre tiene horror al vácio (grifo nosso) y necessita de uma seguridad que el reconocimiento de esas tenieblas le impediría tener para actuar eficazmente em su ambiente” (Sagrera. 1967, p.40). De fato, “na vida cotidiana, não nos apercebemos dessa unidade de todas as coisas; em vez disso, dividimos o mundo em objetos e eventos isolados” (Capra. 2000, p.103).

Assim, num mundo completamente preenchido por coisas dinâmicas e visíveis, como seria possível ao homem mostrar o vazio, o nada? Essa “idéia de quantidade” não encontrava correspondente em suas representações visuais, táteis ou mentais. O fato de ele “não ter” era-lhe uma idéia bastante clara e facilmente transmissível para outros, o impossível era associar essa “idéia” concreta de quantidade com outra, absurdamente abstrata, o nada... até que surgiu o Zero.

O zero também não encontrava lugar nas reflexões dos filósofos da antiguidade, da mesma forma que “a noção de repouso absoluto, ou inatividade estava quase inteiramente ausente da filosofia chinesa” (Capra. 2000, p.34). Mas os mestres e sábios antigos debruçavam-se sobre tudo que lhes conduzisse à compreensão do ser e do não-ser, na busca de identificar diferenças, de estabelecer limites, de mensurar o real e o imaginário, o vulgar e o maravilhoso, o tangível e o intangível.

Cronologicamente, o 1 foi o primeiro algarismo e o zero o último a compor a escada do progresso do ser humano, um progresso que o tem levado cada vez mais próximo do aniquilamento, do nada do qual tenta desesperadamente fugir, pois o homem é o único ser da natureza que tem consciência que vai morrer. Essa filosofia nos remete ao fluxo constante e universal de todas as coisas, aos ciclos que regem todas as manifestações; e isso nos lembra a mensagem contida no símbolo do Yin e Yang: quando Yin atinge seu ponto máximo cede lugar ao Yang; quando Yang atinge seu ponto máximo, cede lugar ao Yin.

O zero eclodiu no momento em que o conceito de número havia atingido seu clímax (seu ponto máximo para a época), daí necessitava sofrer uma transformação evolutiva, um morrer e um renascer (a forma de ovo reforça a analogia). Ele marca o momento da morte dos números e seu renascimento, reconfigurados em importância, símbolo e significado. Na pesquisa que realizamos em 2003, com estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola particular em Belém, a aluna L.F. (6ª série-12 anos) apresenta uma bem elaborada concepção quando diz que o “zero é o começo de tudo, não só dos números, mas de tudo, pois tudo começa do zero, o que não começa do zero não começa, continua”.

Este é um excerto do meu artigo "A Mística Origem do Zero: um olhar sobre a evolução do conceito de Zero", escrito em 2004. Leia o artigo completo clicando na imagem referente ao artigo, na barra lateral. Ou deixe seu e-mail num comentário que lhe mando o arquivo.
*As referências nesse excerto confira-as no texto original 

5 comentários:

Suzana Gutierrez disse...

Oi guri

Desculpe a demora. Até acho que cheguei tarde :) Não estou ouvindo música no teu blog, então... acho que tu já conseguistes tirar.

abração!

Adinalzir disse...

Caro Franz!

Está aí um belo complemento para a história da Matemática...

É uma pena que muitos professores da matéria se esquecem de ensinar assim. Se assim fizessem, talvez o ensino fosse melhor.

Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz! :-)

Anônimo disse...

Feliz 2010!

Que seja O ano de realizar sonhos :)

bjss

ROBERTOI disse...

Prof. Dr. Franz,

Gostaria de receber o artigo A MISTICA ORIGEM DO ZERO... 16 páginas para poder imprimi-las para mim. Sou estudante de Matematica e tenho 67 anos, sou tambem Biologo, Historiador e Filosofo. Ficaria imensamente agradecido, pois vivo sómente pela CURIOSIDADE. Sinto uma necessidade enorme de aprender mais e mais... e a idade .. nem me lembro dela.

Um grande abraço

Inacio Roberto de Queiroz
bio_queiroz@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Oi Franz, gostaria de receber o artigo sobre o zero e outros que voc~e publicou que fala sobre etnomatemática e classes multisseriadas. Faço mestrado no PPGECM e estou pesquisando sobre essa temática. Meu e-mail é saviobicho@yahoo.com.br.

Att,
José Sávio Bicho

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