Natal e Reveillon há muito se tornaram mais um apelo ao consumismo que verdadeiramente um convite à confraternização, à reflexão e ao balanço do que foi feito pelo indivíduo durante o ano findo. Mas, para não ficarem totalmente descaracterizados, guardam, ainda, um pouco do substrato religioso que lhes deu origem. Contudo o verniz místico-religiosos que reveste a imagem capitalista cultuada nesta época de festas e comemorações a cada ano se dilui.
Eis que encerramos mais um ano (e quase mais uma década) e a humanidade tem muito pouco para comemorar. Uma catástrofe ecológica se aproxima, e que se somará outra catástrofe já em curso e perpetrada contra a humanidade por governos corruptos: a fome e a miséria. Enquanto isso, em Copenhagen, a esperança depositada na COP-15, a Conferência sobre as Mudanças Climáticas da ONU, derreteu como o gelo numa estufa.
Mas ainda há salvação. E acreditem, ela pode estar nas sagradas escrituras...
Enquanto pesquisava para meu livro, Painel de Lendas e Mitos da Amazônia (1993), fui despertado para uma análise sobre a prática judáica de se "guardar o sábado", apresentada pelo psicanalista alemão Erich Fromm (23/30/1900-18/03/1980). Partindo de alguns textos bíblicos - Exôdo, 20:8-11; Dt. 5:12-15; Nm. 4:22 ss; Gen. 2:2,3; Is. 58:13-14 - e tamúldicos, Fromm propõe uma releitura dos símbolos contidos no ritual sabático mencionado no Antigo Testamento.
No último capítulo de seu livro "A Linguagem Esquecida..." (1966), lemos:
Eis que encerramos mais um ano (e quase mais uma década) e a humanidade tem muito pouco para comemorar. Uma catástrofe ecológica se aproxima, e que se somará outra catástrofe já em curso e perpetrada contra a humanidade por governos corruptos: a fome e a miséria. Enquanto isso, em Copenhagen, a esperança depositada na COP-15, a Conferência sobre as Mudanças Climáticas da ONU, derreteu como o gelo numa estufa.
Mas ainda há salvação. E acreditem, ela pode estar nas sagradas escrituras...
Enquanto pesquisava para meu livro, Painel de Lendas e Mitos da Amazônia (1993), fui despertado para uma análise sobre a prática judáica de se "guardar o sábado", apresentada pelo psicanalista alemão Erich Fromm (23/30/1900-18/03/1980). Partindo de alguns textos bíblicos - Exôdo, 20:8-11; Dt. 5:12-15; Nm. 4:22 ss; Gen. 2:2,3; Is. 58:13-14 - e tamúldicos, Fromm propõe uma releitura dos símbolos contidos no ritual sabático mencionado no Antigo Testamento.
No último capítulo de seu livro "A Linguagem Esquecida..." (1966), lemos:
"Uma análise mais pormenorizada do significado simbólico do ritual sabático mostrará que estamos tratando não com um obsessivo rigor exagerado, mas com uma concepção de trabalho e repouso diversa da nossa."
Para ele "trabalho" é qualquer interferência construtiva ou destrutiva que o homem realiza no mundo físico; enquanto "descanso" pode ser entendido como um estado de paz entre homem e natureza.
Com base nessa interpretação podemos concluir que o ritual de "guardar o sábado", além de uma evidente medida de "higiene social", é também uma evidente advertência ecológica. Sem embargo, as citações bíblicas seriam, já, os primeiros registros que se tem notícia de uma tentativa de desenvolver uma consciência e preocupação com a conservação e preservação do meio ambiente. Não nos importa aqui o dia em si, isto é, o sábado, mas sim o fato de já existir há mais de dois mil anos, uma alusão aos problemas provocados pelo desequilíbrio entre o homem e a natureza. Isso fica-nos patente quando Erich Fromm conclui que "assim como um homem não deve interferir ou modificar o equilíbrio natural deve abster-se de alterar a ordem social".
O significado dos textos evangélicos podem ser entendidos como uma ordenação para que, pelo menos uma vez por semana, o homem pare com sua agressão às coisas da natureza e reverencie a toda Criação. Essa consciência de que a Natureza é algo mais que árvores e bichos já a tinham as antigas civilizações da Grécia, Roma, Egito, Índia e China, que faziam diversas oferendas e sacrifícios aos seres incorpóreos presentes em todas as manifestações da natureza. O filósofo e alquimista Paracelsus também compartilhava dessa crença e defendia a existência de uma substância sutil, quintessenciada, em cada elemento, mas não perceptível por nossos sentidos normais e instrumentos científicos.
E com isso, chegamos à hipótese do biólogo inglês James Lovelok, segundo o qual "tudo se relaciona com tudo" também conhecida como Hipótese Gaia. Para Lovelok a Terra é um gigantesco ser vivo, Gaia, que adquire consciência através da complexa rede nervosa ecológica. O conhecimento de que as energias geofísícas transitam por canais conhecidos por "Leys" e afloram em locais especifícos, levou os primitivos à construção e alinhamento de dolmens, círculos de pedras, túmulos pré-históricos, altares pagãos e igrejas medievais. Todas essas atitudes e rituais tinham por objetivo equilibrar as energias telúricas e manter sadio o organismo que as produzia. As construções desordenadas e o desmatamento podem “entupir” esses canais da mesma forma que o colesterol entope nossas artérias e vasos, sanguíneos. Em ambos os casos as conseqüências são desastrosas.
Então, bastará que guardemos o Sábado para que a Natureza também descanse, se recarreque? Talvez. O certo é que, se pelo menos um dia da semana o homem dedicar-se a amar e respeitar a mãe Terra, toda a criação se beneficiará e o planeta agradecerá.
*Nota: Exceto pelos 3 primeiros parágrafos e pelo último, o texto acima foi extraído da página 87 do meu livro "Painel de Lendas e Mitos da Amazônia" - Veja na barra lateral.
FROMM, Erich. A linguagem esquecida: uma introdução ao entendimento dos sonhos, contos de fadas e mitos. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.
2 comentários:
Caro Franz
Está aí mais um belo texto para se refletir...
O fracasso de Copenhague na minha opinião, revela a decadência de um mundo materialista, imediatista, egoísta e outros istas. É a decadência da nossa civilização industrial. É o resultado da ausência de valores e racionalidade universais. É um fracasso da diplomacia, dos movimentos ambientalistas, dos governos e das ONGs.
De que adiantou tanto alarde? Para que tanto gasto em passagens e hospedagem em Copenhague e reuniões preparatórias? Que sentido faz todo esse desperdício e verborragia?
Gostaria que os extra-terrestres (eu acredito que eles existem) invadissem o nosso planeta e resolvessem cuidar dele. Quanta incompetência a nossa!
Enquanto os nossos "lideres" se preocuparem somente como a sua economia e como serão seus lucros daqui pra frente, chegaremos à um ponto que não haverá mais economia e muito menos lucro. Restará somente desordem. Além de uma destruição em massa de tudo aquilo que nós ousamos chamar de "Nosso Planeta".
Desculpe a minha raiva... :-(
Um Feliz 2010 e muita paz para você e toda a família. Com todo o brilho do reveillon carioca. Rsss..
Olá Franz, na verdade tudo o que Deus disse ao seu povo, Israel. Tinha uma finalidade maior,que naquele momento não havia como explicar "cientificamente",realmente hoje se sabe que é necessário parar um pouco para fazer uma "higiene mental", no caso não há melhor terapia do que adorar a Deus,pensar na sua grandeza e sabedoria ao criar todas as coisas.
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