No dia 23 de fevereiro de 1938, nascia aquele que para mim se tornaria o maior cantor do Brasil. Falo de Wilson Simonal de Castro, que viveu 62 anos, quase metade deles no umbral, aquele lugar entre a terra e o céu povoado sombras, dor e amargura.
Atirado nessa espécie de limbo, ou antesala do inferno, sob a acusação injusta de colaborador e "dedo-duro" do regime militar, Wilsom Simonal acabou execrado pela mídia, odiado pelos colegas de profissão, desconhecido da nova geração e, quase totalmente, esquecido de seu outrora gigantesco público.
Vítima maior - e única - da inveja, do preconceito, do rancor e da hipocrisia que habitam os porões da mídia institucionalizada e do meio artístico, esse artista único morreu, ou "viajou fora do combinado" (conforme costuma dizer Rolando Boldrim), em 25 de junho de 2000.
E me vem à lembrança um início de 1972, quando eu era
vendedor de livros. Minha equipe fazia a área do Jardim Botânico. Estávamos em frente ao prédio da Rede Globo, e do outro lado da rua vi dois sujeitos saíndo da Vênus
Platinada. Logo reconheci Simonal, num terno branco. Me aproximei e pedi um autógrafo. Foi o único artista a quem já pedi um
autógrafo, mas infelizmente perdi.
Hoje, resolvi começar a ler o livro "Nem vem que não tem - A vida e o veneno de Wilson Simonal", presente de Natal de Madaya, minha filha.
Como fã de carteirinha que sou, já era para ter devorado tal livro tão logo o houvesse recebido, não é? Mas não. Toda vez que olhava a capa (que mostra o rosto de Simonal com o queixo entre as mãos e uma mais que profunda e triste expressão de abandono e desamparo) algo me trazia um esquisito mixer de saudade, tristeza (pela insubstituível perda que a boa música brasileira sofreu, indignação, revolta?) me fazia adiar a leitura.
Mas hoje comecei a lê-lo. Curiosamente, hoje o grande Simona, o maior cantor/ artista negro do Brasil estaria completando 71 anos de idade...
Com o livro aberto aqui ao lado, onde acabo de ler a origem do nome "Simonal", reflito sobre as homenagens (mais do que justas e merecidas) que começaram a espocar desde 2009 com o documentário "Ninguém sabe o duro que dei". E me lembro que no próximo mês de junho já serão passados 10 anos de seu falecimento!...
Parece que o tempo passou depressa... mas só depois de sua morte.
7 comentários:
Pai,conheço pouco...mt pouco de Simonal,tenho aprendido com seus comentários e postagens (eu quase diria idolatria rs)mas o fato é que (in)ou felizmente,prefiro crer no feliz,o reconhecimento póstumo veio e com toda a repaginação que tem ganhado está permitindo que eu e futuramente outros possamos reconhecer a maestria das composições dele...A iniciativa do Baile do Simonal,encabeçada pelos filhos,é um ótimo exemplo.
Enfim,cantarei Sá Marina para minha filha rs... :]
Um bj,Princess Má.
Meu querido amigo Franz, está escrevendo cada vez melhor...Agora também tenho um blog, sobre memórias educativas...:)..tinha que ser, não é mesmo?...
Saudades sempre...
bjo
Oi Franz!
Passei para uma visitinha e vi a bela homenagem ao inesquecível Wilson Simonal. Parabéns a Mayara pela bela iniciativa de incentivo à leitura. Abraços,
Josete
Oi Franz!
Corrigindo... Sua filha Madaya... (desculpe ter chamado de Mayara)
Oi, Josete. Muito obrigado pela visita.
Simonal é merecedor de todas a homenagens que se lhe possam ser prestadas, mas ainda assim não se terá feito a justiça que ele mereceu em vida.
Quanto ao nome da Madaya, não há necessidade de se desculpar (Rsss.).
Volte sempre. Franz
Olá Franz,
sou de Belo Horizonte e produzo um programa cultural na PUC TV. Estamos fazendo um especial sobre o Wilson Simonal. Você conhece algum fã dele, ou alguém que acompanhou sua trajetória artistica que more aqui?
Se você tiver algum contato pra me passar, meu email é: raquelrosceli@hotmail.com
Obrigada, e parabéns pelo blog!
Raquel Rosceli
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