quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ninguém sabe o duro que dei



Naturalmente que fui assistir ao documentário sobre Wilson Simonal de Castro (Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei; Brasil, 2008), o maior cantor do Brasil (desnecessário dizer que é meu ídolo), tão logo esteve em exibição aqui em Belém.

Não me surpreendi com o público pequeno daquela sessão, afinal documentário é algo que o brasileiro ainda não está muito acostumado em assistir, exceto no Discovery, History e National Geographic. 

Sobre o valor do trabalho do casseta Cláudio Manoel, de Micael Langer e Calvito Leal, para a história da MPB, e de sua importância para o resgate da figura daquele que considero o maior ídolo do cancioneiro popular brasileiro muitos já falaram. Dizer da injustiça sofrida por Simonal, perpetrada pela inteligentzia invejosa, pela impensa marrom, pela inveja da classe artística é chover no molhado. O documentário mostra isso. Ainda que Raphael Viviani, o contador da  Simonal Produções e pivô do caso, diga num dado trecho de seu depoimento, que o cantor foi vê-lo no DOPS mas não sentiu pena de seu estado físico (depois das porradas que levou, supostamente a mando do ex-patrão). Por isso Raphael não sentia nenhuma pena de Simonal.  Para mim este é o único momento em que ele disse a verdade.

Me surpreendi foi com os poucos depoimentos apresentados no filme. Nenhum cantor importante da época, como, p.ex.  Jorge Benjor (responsável por um dos maiores sucessos da carreira de Simonal) ou um Chico Buarque, um Gilberto Gil, um Caetano, se apresentaram para contribuir com seu depoimento? Até parece que a classe a qual pertencia o artista continua de costas para ele. Pior, que a pecha de delator permanece sobre o malfadado cantor! Apenas Pelé, Tony Tornado, Chico Anysio, Miéle e Castrinho se dispuseram a falar em defesa de Simonal.

E a intolerante imprensa, que promoveu o linchamento moral de Simonal, sem lhe dar chances de defesa? Essa, sequer deu as caras no documentário. Bem, há o Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), cujo testemunho é taxativo: Quem ferrou Simonal foi a classe artística e a imprensa. E ponto final!

Ah! Não estou considerando o depoimento do Jaguar (Sérgio Jaguaribe, d'O Pasquim, responsável maior pelo ostracismo em que foi atirado o cantor), que com um cinismo etílico revoltante, deixa claro que não se arrependeu de ter destruído uma carreira brilhante, uma vida. E, ao final, ainda teve a desfaçatez de admitir que o Raphael (o contador) podia mesmo ter roubado a Simonal Produções.    

As falas dos filhos de Simonal, Simonhinha e Max de Castro, me deixaram a impressão de que eles não ficaram muito satisfeitos com o resultado do documentário, que ao fim e ao cabo, não expõe a verdadeira face do caso: a crucificação de um inocente, e todo sofrimento imputado ao cantor e sua família.

O filme vale pelas músicas, pelo revival, e para mostrar aos jovens de hoje, tão acostumados a música apelativa e de pésima qualidade, como um verdadeito cantor consegue mobilizar uma multidão apenas com seu enorme, amazônico e irresistível talento. Tudo no gogó, com molho, com champinhom, com swing. Isso não se vê mais. É um privilégio exclusivo da minha geração. Por isso criei o selo Bossa Simonal, que ostento aqui na barra lateral.


4 comentários:

Martoni disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Martoni disse...

Franz, mais uma postagem exelente sobre Simonal. Pensei que muitos iam ver este documentário, uma pena.

Um abraço, Martoni

esteblogminharua disse...

Amigo Martoni, que satisfação receber sua visita e ler seu comentário!
Pois é! O filme não recebeu tanto público, mas para nós os fãs foi um grande sucesso.Mas sai do cinema meio que frustrado.
Franz

Notícia e blog disse...

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