sábado, 27 de junho de 2009

Minhas mãos, meu blog & Greve de Professores no Brasil e Portugal

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Minhas mãos, meu blog
As mãos são nossas ferramentas mais valiosas e preciosas. Foi em homenagem às suas mãos que o grande músico Waldir Azevedo compôs o clássico "Minhas Mãos Meu Cavaquinho" (LP de 1976), depois de ter sofrido a amputação de um de seus dedos acidentalmente em 1971.
Nas mãos reside um dos sentidos capaz, inclusive, de "substituir" a visão nos portadores de deficiência visual: o tato. E é comum dizer-se que uma pessoa que não sabe tratar com outras possui "falta de tato". Agora imagine um indivíduo cego, surdo e mudo que ainda por cima não sabe como tratar as pessoas: você diria que é um sujeito sem tato?
Se 85% do contato do homem com o mundo circundante se dá através dos olhos, suas experiências perceptivas mais relevantes acontecem através de suas mãos.
Manifestamos nossas idéias, nossos sentimentos, nossa aprovação ou desaprovação pelas mãos. Também com elas efetuamos nossa defesa ou nosso ataque. Através das mãos curamos ou destruímos, exploramos o desconhecido ou nos desnudamos perante o outro. É através dela que nos expressamos e damos forma as mais variadas idéias, seja gesticulando. desenhando, escrevendo, pintando, esculpindo, modelando, tocando um instrumento, apertando, acarinhando...
Por que essa postagem trata de mãos? Porque o excesso de trabalho e mais o esforço desprendido no Paint para fazer minha carica (que ilustra essa postagem) agravaram a tendinite braba que carrego há algum tempo. Eis que ando com uma 'baita' LER no pulso direito que me obriga a usar, quase totalmente, a mão esquerda. Isso implica em digitar menos, além de usar um dispositivo com uma tala e velcro que envolve a mão e todo punho, imobilizando-o. Mas como tudo tem um lado bom, agora minha mão ficou na posição ideal para segurar a lata de cerveja... O chato é a medicação que me impede de bebê-la.

Greve de Professores no Brasil e Trás-os-Montes
Na postagem sobre a situação da greve dos professores do Estado do Pará (leia AQUI) e na lista Blogs Educativos, onde levantei a discussão, recebi diversos comentários, dando conta dos resultados de graves semelhantes em diversos estados brasileiros. Todos eles tem traços comuns. Vejamos:

* Prof. Wilson Azevedo: Desconheço nos últimos 15 anos caso de greve na educação que tenha levado a mais do que isto: não desconto dos dias parados e não punição aos grevistas. Ou seja nenhuma conquista. Ate' acredito que tenha algum caso isolado em algum lugar em que uma greve tenha arrancado alguma coisa em termos de ganhos salários ou melhores condições de trabalho. Mas no geral mesmo greve resulta nisto: nada. E, claro, aulas no meio do período de férias, no alto verão, reposição de mentirinha etc.
* Prof. Roberto Carlos: Aqui em SE fizemos uma greve de 3 semanas aproximadamento e a partir deste mês iremos receber o piso salarial para toda a categoria (professores com formação médio e superior). Lutamos e chegamos a um acordo em que a regência seria reduzida de 70 para 40% e os 30 restantes incorporados ao vencimento base. O salário bruto de quem está iniciando na rede será de R$ 1085,41 (formação nível médio) e R$ 1519,57 (formação nível superior). A previsão desses valores para Janeiro de 2010 será de R$ 1463,00 e R$ 2048,20, respectivamente. Não foi bem o que queríamos, mas já é um começo.
* Profª. Joaninha: Aqui em Hortolândia-SP a greve já dura 22 dias e parece que estamos a passos de uma negociação. Aqui todos os setores da prefeitura estão em greve, mais ou menos 60% do funcionalismo da cidade.
* Profª. Jaqueline: Aqui em Porto Alegre, os municipários estão com agenda de mobilização, atos e paralisações em determinados dias, além de caminhadas e protesto em frente às secretarias e senão tivéssemos feito a greve em 2007, não teríamos a reposição (que é claro, ficou abaixo do que queríamos), mas sem o enfrentamento não teríamos nem conseguido o mínimo!
* Profª. Marcilene Leão: Aqui em Rondônia ainda tem um agravante: a cada falta você perde um mes de gratificação. Aqui tb não faço mais greve, não se tem ganho nada, pelo contrario só se perde. Aqui as greves são geralmente antes das eleições e sempre as mesmas reivindicações. Se duvidar somos os menores salários do Brasil. E ainda dizem que ensinamos os alunos a defender seus direitos.

Mas o último comentário que recebi é uma prova de como a categoria é igualmente tratada aqui como alhures, em além mar. Por isso faço questão de publicá-la:

* Rolando PalmaVisite AQUI: Não resisti a deixar aqui um modesto comentário, na minha interpretação da luta que os professores têm entre mãos...
Aqui em Portugal, os professores ( e eu já levo 25 anos de carreira ) têm sido, ao longo dos anos, a classe mais desunida de todas quantas se manifestam e protestam. Temos sindicatos de professores do norte, do centro, do sul, sindicato de professores licenciados, de técnicos... e como diz o ditado – dividir para reinar – neste momento até a lei dividiu os professores em duas classes; os professores titulares... e os professores “normais”.
No ano passado, os professores levaram para as ruas manifestações que atingiram os 140.000 individuos, de todos os quadrantes, na primeira mostra de união jamais vista no país. Mas quando se fala em formas de luta... todos têm a sua opinião. Por um lado, é obrigatório garantir certos serviços mínimos, o que impede as greves em certas alturas, como nos exames nacionais. Em segundo lugar, o desconto no salário por cada dia de greve é enorme. Em terceiro lugar, muitos professores estão deslocados das suas residências, e qualquer oportunidade para estar com a família... vem sempre em primeiro lugar, e com razão.
Conheço mal a realidade brasileira na educação e gostava de conhecer melhor. Aqui, em Portugal, sei que vigora um descontentamento enorme, porque todos sentimos que andamos em perpétua mudança, sempre experimentando novas teorias, nunca dando nada como certo... e publicando constantemente novas leis, criando uma confusão legislativa que baralha a mais santa das almas.
Portanto... aceite por favor um abraço de solidariedade.


E no próximo ano, durante as eleições, lá vão esses professores votar nos mesmos candidatos que os sacanearam antes. Até quando a categoria se deixará levar, como massa de manobra, tanto por sindicalistas quanto por politiqueiros de plantão? Quosque tandem abutere patientia nostra??

3 comentários:

Rocio Rodi disse...

Franz,
Não posso deixar de fazer esse comentário, se você com LER e tudo faz uma caricatura assim, imagine se tivesse bom mesmo.
Cuide-se, pois, sabemos que essa tendinite não é brinquedo não!!!
A saída pela esquerda ou direita é apenas um paliativo, meu esposo também está deste jeito. A dor alcança até atrás do ombro...
Histórias de computador antes dos anos 90, não é mesmo?
Falar em greve, o tempo bom foi aquele dos anos 87-88 quando dormíamos na Assembléia Legislativa do Paraná e lá sim conquistamos muitas coisas, além dos meus depoimentos acerca da tal bomba de efeito moral que me feriu às costas e as pernas no Governo de Álvaro Dias. Naquela virada estudávamos muito no Cetepar (Centro de Treinamento do Paraná).
Hoje falta fundamento e destino, estamos de "mãos e ombros atados".
Haverá de termos solução para continuarmos neteando...
Abraços abertos e sem dor!
Maria do Rocio

esteblogminharua disse...

Oi, Rocio. Ler seus comentários é um prazer que me estimula e se renova a cada comentário.
Estou cuidando da LER, pois sei que pode até deformar os nervos.
Obrigado

Léa Paraense Serra disse...

Sobre "nossas" greves, entendo o colega de profissão em Portugal, pois sei que realmente nossa categoria sofre em qualquer lugar do mundo: por conta da baixa remuneração, de um sistema inadequado, da violência, da indisciplina dos alunos (em Portugal ainda resiste a autoridade do mestre, o respeito), enfim...Mas, enquanto cá estamos lutando sobretudo por melhores condições estruturais nas escolas, em Portugal o maior impasse fica por conta do processo avaliativo da categoria, que já tem adesão significativa segundo a Ministra da Educação. Por outro lado, há os mais resistentes, que não admitem tal avaliação e têm lá suas razões. Una-se a isso a questão trabalhista condicional que aqui chamamos de efetivos e temporários. Há um oceano a nos separar, inclusive quanto aos objetivos da greve. Abraço.

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