Um educador está sempre atento e de ouvidos abertos para aprender e ensinar. Tudo aquilo que pode servir de lição, de suporte a um conhecimento, de instrumento de ensino-aprendizagem, desperta no educador a atenção.
No feriado de ontem, quinta-feira, ligamos a TV ainda na cama, no exato instante que passava uma reportagem no programa Mais Você, sobre uma comunidade no interior do Amazonas chamada Novo Airão. A reporter é uma gracinha e a reportagem é bem intreressante, do ponto de vista cultural e antropológico. Mas o que me chamou a atenção e motivou essa postagem foi quando a reporter e toda equipe foram para a comunidade Velho Airão, cerca de 100km distante de Novo Airão, e abandonada a 100 anos. Lá, segundo foram informados, só existia dois habitantes.
Depois de horas de barco pelo Rio Negro, chegaram a comunidade abandonada de Velho Airão e, para surpresa geral, foram encontrar abrigo exatamente numa escola... que estava funcionando! Com professora e alunos!...
D. Socorro, é uma professora de fibra e coragem (o que aliás deve ser predicado de todo educador), que decidiu levar a educação para as poucas crianças daquelas brenhas quase inóspitas, daquele hinterland amazônico. Ela mora na própria escola, dorme na própria sala de aula, e tem apenas 9 alunos... Ela me causou um puta incomodo quando comparei sua realidade e seu comportamento profissional com a realidade profissional e atitude de muitos professores que conheço aqui em Belém. Perguntada se sonhava em ser professora, D. Socorro respondeu:
Ai é que tá! Eu fugi do colégio pra não ser professora... Eu não queria ser professora. Ai , pá! surgiu a Faculdade de Letras da UNIS?...(não consegui entender). Vou fazer essa faculdade. Não vou ficar parada. Quando eu terminei senti assim uma vontade tão grande de lecionar.(...) No ano passado, quando vim passear (...) eu me apaixonei por isso aqui. Eu disse: eu vou ser professora dessa escola... Pedi, e tô aqui na escola."
Só esse depoimento, singelo e simples, já me ganhou. Eu também jamais sonhei em ser professor. Entretanto, como acreditam os arabes (e eu também), tudo está escrito: maktub!. Mas, o que gostei mesmo foi quando ela disse: "Eu gosto de ensinar com uma vestimenta a caráter. Pra fazer a postura, né? Não é propriamente uma elegância, é a postura do professor". Isso foi um arraso.
Para ela, naquelas brenhas da floresta amazônica uma professora deveria manter a diginidade; para ela é uma honra ser professora e receber seus alunos como o sacerdote recebe os fiéis: nos trinques. Tirando a malfadada e danosa idéia de que o magistério é um sacerdócio e não uma profissão, Socorro nos passa a imagem de uma verdadeira educadora.
Postura de professor. Será que é isso que falta nos professores atuais? Quem desconhece as adversidades que os professores enfrentam para exercer sua profissão com a paixão que ele exige? Quem não se lembra da professora Amanda Gurge, que comoveu o Brasil com seu depoimento no Rio Grande do Norte? Gurge e Socorro, uma altamente politizada e investida de elevado espírito profissional, outra prenhe de idealismo, mas ambas dedicadas a mesma causa e ao mesmo sonho: educar, formar cidadãos.
Eu gostaria muito que a reporter tivesse entrevistado melhor a professora Socorro. Tenho certeza que depois ela seria convidada do Faustão, do Jô, do Fanttástico, e daria entrevistas, faria parte de comerciais do governo, os quais atiualmente tentam restaurar a diginidade da profissão de professor.
Veja a reportagem no link abaixo, se tiver paciência para aguentar mais de 30 minutos:
17 comentários:
E que bela vestimenta, meu amigo Franz!
Adorei esta reportagem e lógico a sua forma de discorrer e nos seduzir a ler e a também assistir um vídeo que apesar de longo é maravilhoso, inspirador, e dá vontade de assistir de novo. Sério?
Vamos que vamos!
Apesar de longo, valeu a pena assistir e admitir o que a professora disse com outras palavras ao se referir ao morador, o da mandioca: "todo mundo tem cultura."
Quanto à vestimenta, achei interessante que embora a escola esteja localizada onde praticamente não há movimentação de terceiros, com uma estrutura física que deixa a desejar, sem outras turmas, com apenas nove alunos, ainda assim a professora faz questão de usar um traje adequado.
E você, hein Franz, nos seduzindo como disse Rocio.
Valeu!
Oi, Franz, fiz um link no blog Atividades Pedagógicas Vilhena Alves.
Abraço,
Léa.
Oi, Rocio. Realmente essa nossa profissão é fantástica. O verdadeiro educador nunca deixa de aprender.
Franz
Oi Franz,
Que bela reportagem...Posso publicar no meu blog?...No blog travessias e memórias de professores...
SDS
Bj
Valeu Franz,
Pelo texto e por contar a história da professora.
Aproveito para lhe fazer um convite:
No último domingo, dia 03/07, foi criado o grupo professores blogueiros, no facebook. A ideia nasceu de um questionamento de vários professores:
como utilizar as redes sociais para a realização de projetos pedagógicos?
A estratégia será articular os blogs e a rede social, potencializar a troca de ideias, incentivar o debate sobre temas relacioanados a educação, ao cotidiano das escolas, professores e alunos. E principalmente criar projetos pedagógicos coletivos, projetos que possam ser experimentados em várias escolas ao mesmo tempo.
Acesse o grupo no facebook
Um abraço,
Marcelo Carvalho
Ps. O convite é extensivo aos leitores de seu blog.
Olá,
Meu nome é Tatiana Dias e trabalho para uma empresa de Comunicação e Marketing, na Espanha. Gostaria de saber se te interessa colaborar com uma campanha de publicidade. Nosso cliente está relacionado com a temática do seu blog (educação).
Se está interessada na proposta, não deixe de entrar em contato comigo em este mesmo e-mail.
Atenciosamente,
Tatiana A Dias
Franz, boa tarde!
O Museu Exploratório de Ciências - UNICAMP recebe até 9 de agosto, em sua página na internet, as inscrições para a 3ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). Composta por cinco fases online e uma presencial, a competição envolve professores e alunos na resolução dos problemas propostos, com o objetivo de estimular o conhecimento e o estudo, despertando talentos e aptidões.
A primeira fase da competição começa dia 15 de agosto. A fase presencial acontece no dias 15 e 16 de outubro, na Universidade Estadual de Campinas.
Podem participar estudantes regularmente matriculados no 8º e 9º anos do ensino fundamental e demais séries do ensino médio, de escolas públicas e privadas de todo o Brasil. Para orientar a equipe, composta por três estudantes, é obrigatória a participação de um professor de história. A taxa de inscrição é de 20 reais para equipes de escolas públicas e 40 para equipes de escolas particulares.
Gostaríamos que divulgasse a Olimpíada em seu site/blog, para que professores e alunos interessados pudessem participar.
Visite nosso site:
www.mc.unicamp.br
Quaisquer dúvida envie um e-mail para:
olimpiadadehistoria@gmail.com
Muito obrigado!
Amigo Marcelo, obrigado pelo convite. Participarei comprazer
Pessoal do Museu Exploratório de Ciências - UNICAMP, obrigado pela visita.
Atendo o pedido com prazer. E ponho este blog, sempre, à disposição para colaborar com a divulgação de outros eventos.
Opa Franz,
Não tinha visto essa matéria [não tenho TV em casa ;-)]
Legal você reverberar e dar visibilidade para essa brava professora.
abração pra ti :-)
Oi Franz!
Só mesmo um olhar de educador como o seu para nos mostrar este grito de Socorro no meio da floresta.
Este é o meu amigo Phranz... é como se diz Phoda por aqui.
Fraternalmente
Franz!
Realmente, temos que refletir muito com a professorA Socorro. Valeu por socializar. Abraço!
Pois é, amigo Fernandão, não é só a floresta que devemos preservar, mas sobretudo preservar os que nos ensinam o que devemos preservar.
Ah! gostei do Phranz, Legal!
Abraços fraternos
Marli, há tanta lição que se aprende com os povos e habitants dessas florestas e rios... Só quem vem conhecer a Amazônia e sua magnitude pode dimensionar a amplidão do que ainda devemos aprender com essa gente simples
Esse é mais um exemplo da necessidade que se tem ( e se sabe) da educação. Essa professora como muitos de nós labutam para a realização de um projeto de longa duração, que é a educação.E mesmo sem condições estruturais estão lá... È a cultura da esperança.
Como diz a música de Milton Nascimento : "Maria, Maria, é um dom, é a força , é o suor de é a dose mais certa e lenta...
Mas é preciso ter força, é preciso ter garra, é preciso ter força sempre...
Pois é Jussara, é preciso ter garra, coragem e fé, sempre.
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