Quem me conhece sabe que sou um tanto saudosista (também, filho de historiador e arqueólogo!...). Eis porque fico num contentamento de gato com bringuedo novo quando encontro ícones de meu passado. E hoje encontrei o velho e consagrado livro de Matemática* do célebre professor Ary Quintella (1906-1968). Rever capa de Eugênio Hirsch e as ilustrações do arquiteto Hugo Ribeiro me encheram de prazer juvenil.
Na minha época todo aluno do Curso Ginasial estudava nos livros do Ary Quitella ou nos de Osvaldo Sangiorgi. Nessa época, o estudante para ingressar no ginásio deveria fazer o curso de "Admissão ao Ginásio". Havia, inclusive, um livro do Quintella dedicado a isso.
Assim, ao folhear essas páginas amareladas, sentir o cheiro de livro velho -sem ser mofado-, cheiro que confere importância, dignidade, que até sacraliza a obra, me vi no velho Colégio Afrânio Peixoto (Nova Iguaçu-RJ). O Prof. Ruy Afrânio Peixoto foi padrinho do Kisnat, meu irmão, e meu pai foi secretário do colégio.
Mas folhear esse livro me fez a subir o morro e caminhar na sombra das muitas árvores do Colégio Afrânio Peixoto. Observei as inúmeras casinhas de passarinho que fazíamos nas aulas de arte, e que ficavam penduradas nos galhos. Voltei à sala de aula, quando mergulhava nas páginas desse livro tentando entender tantas abstrações presentes na então chamada Matemática Moderna.
O programa de ensino de Matemática Moderna adotado no Brasil a partir
da década de 1960 teve em Quitella seu precursor. Eis porque sua obra é
motivo de estudo para a História do Ensino de Matemática no Brasil.
Nos anos 1980, já lecionando Matemática na rede pública paraense, ainda empregávamos a Matemática Moderna, e por conta de sua ênfase na Teorias dos Conjunto a gente costumava chamar isso de "conjuntivite".
Esse livro do Ary Quintella está tão distante dos modernos livros
didáticos de Matemática quanto um fusca de uma ferrari, ou um 386 de
um IPad. Apesar de contar com metodologias inovadoras e novos recursos didáticos, com livros didáticos cada vez mais contextualizados, belos e caros, parece que o ensino de Matemática está cada vez mais difícil, e sua aprendizagem também.
Leia sobre o Movimento de Matemática Moderna AQUI.
* Matemática - Curso Ginasial (2º Volume)- Cia. Editora Nacional. SP. 1965. 55ª edição.
4 comentários:
Quantas saudades... esse também foi o meu livro de Matemática. E como eu aprendi com ele.
Um grande abraço! :)
Ô tempo bom, quando a gente estudava - e aprendia!-naqueles velhos livros didáticos,né amigo?
Meu amigo Franz,
Tenho alguns livros de matemática antigos. Dentre eles um de Osvaldo Sangiorgi, que foi um dos meus livros de matemática, está amarelinho, mas continua lá entre os atuais livros de matemática e Educação Matemática...
Abraços
Oi, Roseli. É sempre um grande prazer vê-la passear por essa minha "Rua". Fui visitar seu blog encantador e não consegui. O que houve?
Grande beijo no coração e um abraço amazônico
Deste amigo
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