segunda-feira, 26 de abril de 2010

Faz mal decorar a lição? Nº 2

Leia essa postagem como uma continuação da anterior.
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A admissão ao Ginásio

Sou de uma época que para fazer o curso ginasial, o aluno saído do “Primário” devia fazer a temida prova de “Admissão ao Ginásio”. Sou do tempo em que o uniforme escolar era semelhante a farda militar.

No Colégio Iguaçuano (Nova Iguaçu -RJ), por exemplo, onde eu e Kisnat, meu irmão, estudamos o primário, o uniforme era camisa branca de mangas compridas, calça azul marinho, sapato preto, gravata e um bibico (um chapeuzinho de dois bicos muito usado por militares antigamente -  na foto eu e o mano,  em 1961).

No saudoso Colégio Afrânio Peixoto (também em Nova Iguaçu), onde meu pai, Waldick Pereira,  foi secretário, comecei o curso ginasial. Naquele tempo as meninas estudavam em salas separadas dos meninos, e até no recreio ficávamos em quadras separadas. Tudo supervisionado diariamente pelo emérito Prof. Rui Afrânio Peixoto, o diretor. Foi no Afrânio que li toda uma coleção do Sítio do Pica-Pau Amarelo (15 volumes) e tive a primeira manorada (para quem escrevi os primeiros bilhetes de amor, com a caneta tinteiro que ganhei de meu pai quando entrei no ginásio).

O Uniforme
Naquela época, a camisa do uniforme escolar trazia nos ombros símbolos e marcas, como listas (divisas) ou estrelas, indicando o ano e o grau do estudante. Eu invejava os rapazes com suas divisas e estrelas... Era um tempo em que raramente se via um estudante uniformizado envolvido em briga de rua, ou com o uniforme em desalinho, fosse escola pública ou privada. Sentía-se orgulho de vestí-los, embora fossem quase todos iguais em padrão. Hoje, o aluno, principalmente de escola pública,  não respeita o uniforme nem a professora...

É certo que antigamente a escola era conteudista, conservadora, e reprovava. Porém quase todos concordam que estava mais preocupada em educar e formar o cidadão que a escola atual, que valoriza e estimula a pesquisa, a descoberta, mas em compensação se preocupa mais com preparar o aluno para o Vestibular, o ENEM , a Prova Brasil etc; ou seja, educar para a competição.
Antigamente contava-se mais com a colaboraçao dos pais na educação dos filhos. Hoje, educar e instruir é tudo obrigação da escola. A escola de hoje é um comércio e a educação um produto de mercado. Será que é por isso que muitos de nós, professores e formadores de professores educados e instruídos numa época em que se privilegiava a tradição e a disciplina, não conseguimos impedir que a escola atual (mormente a pública) seja um reflexo do Caos? Você, que leu até aqui, o que pensa?

8 comentários:

Max Martins disse...

Oi, professor!

Boa comparação: escola/mercado e educação/produto. Seguindo essa linha de raciocínio os professores seriam os vendedores ganhando salário-mínimo e comissões baixíssimas.
Hoje em dia, as pessoas esqueceram que educar é um processo que exige cumplicidade entre a família, a escola e a comunidade. Transferem toda a responsabilidade para os professores.
No meu tempo de estudante, às vezes, achava que os métodos para manter a disciplina eram um pouco exagerados, porém nunca faltei o respeito com meus professores. Sou do tempo em que não se falava palavrão na frente de adultos.
Não deixar a escola pública virar um caos está fora do nosso alcance. Não quero ser pessimista, mas as autoridades não valorizam a docência e, pior, não fornecem as ferramentas necessárias para o processo pedagógico. Além de tudo isso, também não protegem os professores ante a violência e desmoralização. Espero que esse estado de coisas mude o mais rápido possível.

Um forte abraço!

esteblogminharua disse...

Pois é, Max, esse é o cenário da educação pública brasileira. E sua comparação é perfeita: a educação é um produto e o professor o vendedor fud... e mal pago. Em resumo: caos.
Antigamente, ser professor era ser um formador: formador de cidadãos, formador de caráter, formador de opiniões. Hoje ainda se diz que o professor é formador de opiniões, mas se fossemos mesmo formadores de opinião como deixamos que as coisas chegassem a esse ponto na educação?
Se fossemos mesmo formadores de opinião, certamente teríamos eleitores mais conscientes, e melhoraríamos o nível das eleições, dos candidatos e das ações de políticas públicas. Mas como a escola e o pobre professor pode competir com a mídia televisiva? Essa sim a grande (de)formadora de opinião, de cidadãos, de hábitos, costumes etc.
Através de nossos blogs buscamos dar alguns toques a quem nos lê.

Cybele Meyer disse...

Olá Franz,

Que viagem no tempo o seu artigo me proporcionou. Eu estudei em escola de freiras (só para meninas) "Imaculado Coração de Maria" em Santos (SP).Nosso uniforme era uma blusa branca com gravatinha borboleta azul, uma saia plissada azul que terminava quando começava a meia 3/4 branca não deixando aparecer nenhum pedacinho da perna e um sapato de freira que me deixou com um "calo" na parte de cima do pé, que trago como recordação até hoje. No domingo tínhamos o uniforme de gala para irmos à missa (ainda rezada em latim. Era todo branco com uma boina branca que tirávamos quando entrávamos na igreja para colocar o véu branco.
Velhos tempos, doces lembranças.
Realmente naquele tempo os pais, embora tivessem menos instrução do que os pais de hoje, eram muito mais participativos nas lições de casa do que os desta geração.
Excelente texto.
Parabéns!
bjs

esteblogminharua disse...

Pois é, Cybele. E onde foi parar essa boa Educação que se tinha? Ficou só na lembrança de nossa geração.
Porque nossos alunos não demonstram mais respeito pelas tradições???
Ah! É como diz o Roberto Carlos numa canção: "Velhos tempos, belos dias..."

Adinalzir disse...

Meu caro Franz

Você como sempre, brilhante com as suas comparações. Concordo plenamente com tudo que disse.

É uma época que deixa saudades...

Adorava os meus professores e tinha orgulho da minha escola e do meu uniforme escolar com as marcas e divisas que indicavam o meu grau do estudante. Hoje tudo isso mudou, para pior... Estão aí os grandes interesses econômicos e políticos. Então, para que educar?

Como invejo aqueles tempos... Rsrs.

Saudações cariocas com um grande abraço!

Unknown disse...

Eu Wilma Lima estudei no Colégio Afranio Peixoto, época boa mais no meu tempo as turmas eram misturadas. tenho muitas lembranças todas muito boas. Rachel, Sarita, Prof:Basile mestre na matematica e muitos outros que trago na minha lembrança e no meu coração, professores Celso, Vanda, Peregrino e outros. Inspetores Lélio, Amilcar, Dona Deolinda, e mais e mais. Saudades boas. Um Abraço.

Unknown disse...

Eu Wilma Lima estudei no Colégio Afranio Peixoto, época boa mais no meu tempo as turmas eram misturadas. tenho muitas lembranças todas muito boas. Rachel, Sarita, Prof:Basile mestre na matematica e muitos outros que trago na minha lembrança e no meu coração, professores Celso, Vanda, Peregrino e outros. Inspetores Lélio, Amilcar, Dona Deolinda, e mais e mais. Saudades boas. Um Abraço.

esteblogminharua disse...

Wilma, fico muito, mas muito mesmo, satisfeito por vc ter sido tocada por meu humilde texto nesse post. O Afranio certamente deixou saudade em todos os seus ex-alunos, professores, funcionários... Meus professores, não lembro tantos, mas lembro do Zezinho,do Ferench Zamoli, do Sergio Fonseca - que e compositor de sambas. Grande saudade tb do Prof Rui,

No TOP BLOG 2011 ficamos entre os 100 melhores da categoria. Pode ser pouco para uns, mas para mim é motivo de orgulho e satisfação.
Sou muito grato a todos que passaram por essa rua que é meu blog e deram seu voto. Cord ad Cord Loquir Tum

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