"A escola de antigamente era um território de violentissima exclusão social. A escola de antigamente era uma escola proibida para pelo menos metade da população brasileira em idade escolar.
O problema desse argumento, que chamo de "argumento da vovó" (ah, no meu tempo...) esquece simplesmente isto. Esquece simplesmente esta base histórica, social e econômica de fortíssima, violenta exclusao social da escola de antigamente."
A escola de antigamente era excludente? Não sei se ele estudou em escola pública, mas eu sim.
Nesse "tempo da vovó" não havia tantas escolas particulares, e mesmo em alguns municípios só existiam escolas públicas. Não havia essa pedagogia que engessa, não havia merenda escolar, nem bolsas disso ou daquilo (não estou condenando essas ações sociais, viu?), nem tantas drogas, nem tanto desrespeito ao professor e ao outro, nem bulling (que naquela época chamávamos simplesmente de "encarnação"), e ninguém era promovido sem estudar. Havia mais respeito e consideração em geral.
Era um tempo em que os pais se preocupavam mais com o estudo dos filhos sim. Os professores eram rígidos e às vezes injustos, é verdade, mas muitos eram excelentes e só sei que eu aprendia. E pelo que me lembro, meus colegas também. E havia Zero às pencas.
Ah, sim! Era decoreba, né? Decorar é uma ação que julgamos ser relativa ao cérebro, ou seja: decorar é guardar na memória, mas em verdade não é. Decorar vem do latim "Cord" = coração -(cord ad cord loquir tum= o coração ao coração fala). Decorar é, pois, trazer no coração. É por isso que quem viveu nesse tempo sente saudades
As coisas eram simples como soe acontecer nas coisas essenciais. As desigualdades sociais não eram tão gritantes e imorais, e pobre ou rico, todos tinham chance de mostrar seu valor através dos estudos.
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Não há pedras no caminho, as pedras SÃO o caminho
Ah! Em tempo. Entre 1967 e 1969 eu fui com minha mãe e irmãos para Maceió, para um bairro paupérrimo chamado Vergel do Lago, na Vila São José, perto da Lagoa Mundaú. Era uma rua sem saída, sem saneamento e nossa casa nem água encanada tinha. Lá fiz meu curso ginasial numa escola pública municipal. Nem havia escola particular no bairro. E fui concluir o ginásio no Colégio Guido de Fontgalland, que era um colégio marista, mas o turno da noite era cedido para o ensino público. E olha que eu já trabalhava de dia e estudava à noite.
"Esta e' a base histórica, social e economica do suposto 'sucesso' da escola de antigamente."
Suposto? Suposição a partir de que, de números? Naquela época havia menos estudante que hoje? É por aí que se mede o SUCESSO da educação, pelos números? Onde alguns enxergam apenas números eu vejo pessoas.
E o que vejo só me entristece e me dá uma puta saudade da educação do tempo da vovó.
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2 comentários:
Não sou saudosista. Isso herdei do meu pai que se vivo fosse, faria 100 anos dia 11 do próximo dezembro. Meu pai dizia, lá pela década de 60, que tempo bom era agora, ao contrário do tempo em que vínhamos dos confins do interior à remo. Hoje chegaamos à motor. Meus irmãos mais jovens estudavam em escolas públicas, com uniformes e pés calçados, professores preparados que não usavam palmatórias. Só não mandava os filhos estudar quem não queria. Concordo com meu pai, mas acho que hoje poderia ser bem melhor por causa da facilidade através da tecnologia. A educação virou um produto mercadológico, os governos não têm interesse de investir na escola pública porque a ignorância do povo é a maior matéria prima para ganhar eleições com mais facilidade. Creio que a sociedade esclarecida é a principal responsável porque não cobra organizadamente, já que hoje estamos em um estágio de evolução que não cabe mais pegar em armas. Conto nos dedos os professores que vestem a camisa da educação. A maioria busca o magistério por um salário medícre para sobreviver.
Rufino Almeida (Fotógrafo, Poeta, Escritor e Triatleta)
Concordo com vc. confrade Rufino, a Educação é mantida nesse status quo porque beneficia a burguesia, elite, a política. O avô de um amigo dizia que a política é o balcão de negócios da burguesia.
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