"Ana Júlia é a única governadora do PT que enfrenta extrema dificuldade
para se reeleger. Não basta ter a máquina do governo nas mãos, nem a
popularidade de Lula a seu favor. Em recente pesquisa do Ibope, Jatene
aparece com 43% das intenções de voto, contra 33% da petista."
O trecho acima foi extraído da versão digital d'O Diário do Pará (clique AQUI para ler na íntegra) de ontem, quarta-feira (08/09/2010), e começa essa postagem não porque eu vá votar nesse ou naquela, ou em nenhum..., mas porque, sinceramente, me preocupa a volta de Simão Jatene ao governo. Não por ele de si e per si, mas por quem ele for colocar na Secretaria Estadual de Educação-SEDUC e como essa pessoa irá tratar as políticas públicas em Informática Educativa do Estado.
Amargas Recordações
Digo isso porque, no governo passado, o trabalho de formação continuada e em serviço desenvolvido pelos Núcleos de Tecnologia Educacional-NTE e pelos professores de Sala de Informática-SI nas escolas da rede, foi totalmente desconsiderados e até desestimulados pela SEDUC. Para nós, parecia haver um interesse claro em desclassificar o trabalho dos multiplicadores e até mesmo fechar os NTE, e, talvez, acabar com o Proinfo no Estado, se é que isso é possível.
O fato é que em 2003/4, foi extinto o Departamento de Informática Educativa-DIED, fundado em 1988, e que desde 1998 também coordenava o Núcleo de Tecnologia Educacional-NTE. Depois, reduziram a carga horária dos professores lotados nos NTE, que de 200h mensais passou para 100h, sendo que as outras 100h deveriam ser em sala de aula. A equipe foi obrigada a buscar lotação nalguma escola, coisa difícil porque já estávamos no segundo semestre e todas as escolas já haviam completado seus quadros de professores. Alguns professores acabaram por não serem lotados e ficaram sem pagamento no final do mês. Me lembro de ter encontrado uma professora num dos corredores da SEDUC, que aos prantos me contou o que lhe tinha acontecido.
Por outro lado, os professores que atuavam nas SI, ao retornarem para a sala de
aula, abandonaram seus projetos, e por falta de lotação algumas SI foram
fechadas deixando muitos alunos sem usar os recursos da Informática na
Educação.
As Bactérias Resistentes
No NTE Washington Lopes ficamos por anos no ostracismo. Sem apoio, sem recursos e trabalhando num prédio cheio de vazamentos e goteiras -inclusive com um documento oficial de um técnico da rede física da SEDUC que condenava o prédio por causa das precárias condições da rede elétrica-, a equipe sem ter outra opção, continuava realizando seus cursos e oficinas, firme em sua luta pela formação de novos professores para o
uso dos recursos computacionais como ferramentas educativas e
promotoras de mudanças na práxis pedagógica. Me lembro que certa vez o Prof. Juscelino, ex-Coordenador do NTE, disse que eramos como bactérias resistentes. E resistimos até que tudo isso virou apenas uma má recordação.
O atual governo chegou e trouxe imediatas mudanças, que os profissionais da Informática na Educação tanto almejavam. O NTE ganhou novas instalações, bem mais modestas, é verdade, e ainda com diversos problemas estruturais, porém agora se tem bebedouro com água gelada, não falta água nas torneiras e os banheiros estão limpos. E o que é mais importante, nos sentimos mais respeitados em nosso fazer pedagógico.
Não sei qual dos candidatos vai ganhar, se o economista Simão Jatene (PSDB) ou a arquiteta Ana Júlia Carepa (PT). Sei que Jatene deixou algumas coisas bonitas e que ajudaram a elevar a auto-estima do paraense, como por exemplo a Estação das Docas, o novo Aeroporto, o Hangar-Centro de Convenções (inaugurado por Ana Júlia, diga-se de passagem) e o Mangal das Garças. Sei que Ana Júlia demonstra visão de futuro com o Projeto Ação Metrópole - o qual deixa obras vitais para o trânsito na Região Metropolitana de Belém - e com o Projeto Navega Pará, que deixa de herança o maior programa de inclusão digital do país, referência e modelo para o Brasil.
Se for o candidato Jatene, o que a Informática Educativa deve esperar desse retorno?
Ante essa questão, eu, que defendo o voto nulo como forma de repúdio aos políticos que usam uma política feita nas coxas, nos conxavos, nas tramóias, nas falcatruas, nas trambicagens, nas roubalheiras,... me vejo num dilema nunca dantes enfrentado.
Ante essa questão, eu, que defendo o voto nulo como forma de repúdio aos políticos que usam uma política feita nas coxas, nos conxavos, nas tramóias, nas falcatruas, nas trambicagens, nas roubalheiras,... me vejo num dilema nunca dantes enfrentado.
5 comentários:
É, meu querido professor Franz,
Compactuo com você diante das incógnitas das políticas por aqui, também defendo desta vez, pela primeira vez, o voto nulo.
Triste dizer isso, nós que tanto viemos de lutas sérias pela educação. Eu, no Paraná, na década de 80, cheguei a levar marcas das bombas, dormir na Assembléia Legislativa do Estado e prestar depoimentos sobre os efeitos do governo na educação, tínhamos a população a nosso lado, os resultados foram muito positivos.
Essa sua pergunta é auspiciosa, questionamento bastante pertinente, e talvez do clamor de muitos de nós que atuamos na educação e estamos vendo o salto qualitativo que a educação vem tomando com o advento da informática educativa e as promessas para mais desenvolvimento educacional.
A sociedade do conhecimento na era da comunicação digital tende a revolucionar as aprendizagens escolares.
Estamos aqui levantando a bandeira da escola, e mais particularmente da escola pública!
Vamos esperar por mudanças na dinâmica e plataformas políticas?
Compartilho de suas dúvidas em relação ao governo de Simão Jatene, primo. Na verdade me angustio só de pensar no retorno ao abandono, a falta de apoio às políticas de implantação da Informática na Educação bem como da Inclusão Digital. Fico triste em pensar o quanto avançamos e no qto poderemos retroceder.
Um forte abraço.
Oi Franz,
Gostei de sua analise sobre os avanços na área da informática educativa, és parte deste processo, testemunha privilegiada.
Só não tenho a mesma dúvida que você. Meu voto é Dilma Lá, Ana Cá.
Um abraço,
Marcelo Carvalho
Marcelo, vc não entendeu o que eu quiz dizer. Quando falo em "dúvida" não é entre Jatene ou Ana (se pensou isso então meu texto está muito ruim). AScontece que defendo o voto nulo como forma de protesto e por não confiar mais nos politicos (nem nos eleitores :)) ). Porém, diante da ameaça da volta ao caos que vivemos no governo do Jatene, não há escolha.
Oi Franz,
De fato li o texto, os comentários e outros blogs e acabei imputando a você um juízo equivocado. Mas acho que foi positiva a confusão, pois agora seu comentário esclareceu definivamente a questão.
Vamos juntos eleger a governadora Ana Júlia e dizer um sonoro não ao retrocesso.
Um abraço,
Marcelo Carvalho
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