Então é Natal... E o que você fez?
Deixou que coisas insignificantes e irrelevantes se transformassem em figuras principais de crises e desavenças domésticas e/ou familiares? Deixou que o ano passasse sem se desculpar pela falta cometida no lar ou no trabalho? Deixou que a riqueza e poder fizessem você se achar apenas no próprio umbigo? Irritou-se no trânsito quando aquele imbecil atrás de você buzinou no exato instante em que o sinal abriu? Odiou ao seu vizinho quando ele insistiu em ouvir aquelas músicas breguíssimas que você destesta a todo volume, sem respeitar a lei do silêncio? Desejou que os políticos deste país ardessem no mármore do Inferno? Disse todos os dias do ano para sua mulher que a ama porque essa é uma verdade de sua vida?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então, é Natal. E o que você fez?
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Passei o Natal com a família de minha mulher e amigos. Num dado momento minha cunhada disse que, atualmente, quase não vemos presépios. O que se vê é a predominância da imagem do velho Noel e seu grande saco (epa!) de presentes, um claro e inequívoco ícone do consumo e do capitalismo. Para ela, o Natal se torna cada vez mais um evento meramente comercial, onde o que importe é comprar, gastar, presentear. A tradição e o ritual de armar o presépio, e toda simbologia que o cerca, está desaparecendo. Mas é isso que faz girar a roda da economia mundial e do progresso das nações, não é?
A modernidade tem dessas coisas: é tradiciofágica (tem essa palavra? Não a encontrei nem no Google!), ou seja, devoradora da tradição. É o que acontece com o ato de mandar cartões de Natal. Com a internet fica mais fácil, mas rápido e barato enviar os votos natalinos envolvidos em modernos cartões digitais multimidias.
Há tempos que não envio nem recebo cartões de Natal pelos Correios e, neste ano, também nem um telefonema votivo recebi. Mas encontro meu Orkut e minha mail box repleta de mensagens natalinas, muitas com anexos em PPT, apresentações típicas da época que nos convidam a refletir no sofrimento, nas lições e palavras do Crucificado; a pensar na máxima espírita de Kardec que "Fora da caridade não há salvação", em "Paz sobre a Terra aos homens de boa vontade" etc.
O Natal no mundo virtual não é melhor que o Natal no mundo real. Pode ser até mais bonitinho com tantos gifs animados, com tantas mensagens lindas em cartões animados ou em imagens magníficas, mas diabos! é tudo tão repetitivo, tão dejá vú, que uma sensação de cansaço me domina.
Mesmo assim, quero desejar para você que me lê de vez em quando ou agora pela primeira vez, e do mais fundo de minha alma, um Feliz Natal e um amazônico 2009, pleno de Paz, Saúde e Prosperidade.