Quando Ariano Suassuna entrou no recinto, foi aplaudido estrondosamente, e agradeceu agitando os braços, como um campeão das olímpiadas faria. E abraçando a si mesmo, como o artista consagrado que é, dizia que estava abraçando a todos. O público, sentindo-se abraçado, agradeceu com mais aplausos.
Para muitos como eu, que o admiravam pelos livros e adaptações destes para o cinema e televisão, compartilhar do mesmo espaço e tempo, e ouvir de viva voz seus causos, suas lições, é um privilégio, uma honra. Foi isso que senti quando, ao final fui levar-lhe um livro para autografar e na minha frente havia uma mãe com um garoto que devia ter uns 8 anos. A mãe trazia uma máquina fotográfica nas mãos e o pequeno trazia a programação do dia. Quando ela foi informada que Ariano só autografaria livros, pediu que pelo menos a deixasse tirar uma foto. O velho escritor abraçou a criança e deu-lhe beijo na cabeça. A mãe feliz e, provavelmente, orgulhosa, registrou para sempre esse instante.
Então me lembrei de uma frase que Ariano quase ao final da palestra: "O povo gosta de arte boa, mas não tem acesso. Não estão deixando o jovem brasileiro ter contato com o filé, só dão o osso". Ele se referia a uma frase de Capiba, célebre compositor de frevos, que dizia "só dão osso pro cachorro" e o coitado do animal rói por não ter opção, mas experimentem dar filé! Esse garoto levado pela mão da mãe teve contato com o filé.
EDUCAÇÃO E BOLSA FAMILIA
Sobre Educação, disse que este não era o maior problema do Brasil. “O maior problema do Brasi - afirmou - é a miséria! Até uns anos atrás o percentual de brasileiros abaixo da linha da pobreza era 34 vírgula alguma coisa por cento. Com o Bolsa Família baixou para 18%. E ainda tem gente que fala mal do Bolsa Família!”- arrematou. E o auditório aplaudia praticamente a cada parágrafo. "A educação está em segundo plano. Em primeiro está a fome. Não adianta ter os melhores professores do mundo se o aluno não come”.
Também disse que estava muito preocupado com as histórias sobre a internacionalização da Amazônia: “O Brasil não pode perder a Amazônia”, disse para aplausos calorosos da platéia. Afirmou que alguns até podem chamá-lo de “arcaico-nacionalista-estreito” que ele não se incomoda, "porque meu negócio é defender o Brasil e sua cultura. Eu não tenho poder político, nem econômico, mas tenho uma língua afiada desgraçada!” (Risos)
Para ilustrar que estava sempre do lado do povo, foi buscar em seu “O auto da compadecida” o exemplo de João Grilo e Xicó. Mas alertou: “João Grilo é astucioso. Eu não tenho astúcia nenhuma. Eu me identifico mais com o Xicó, com aquelas mentiras dele. Eu sou um mentiroso!” O povo ria, entendendo muito bem que essa era sua maneira de dizer que ela era um contador de histórias.
4 comentários:
Franz, parabéns! Li toda a sua narrativa do vem sendo a feira do livro e deu até vontade de estar aí. Assistir a palestra do Suassuna então, deve ser muito bom.
Gostei de passear por aqui.
Bjs
Pena... não consegui pegar a programação ainda... perdi o Mestre!
Ainda não tinha registrado: parabéns pelo blog!
Perdi o Mestre!
Ainda não tinha registrado: parabéns pelo blog. Linkei no meu.
Franz, estou realmente emocionada! Ariano sempre me emociona. Infelizmente nunca tive o privilégio de respirar o mesmo ar que ele. Estou sempre seguindo-o, porém nunca pessoalmente.
Que prêmio ter podido tirar fotos ao lado dele, ter um autógrafo dele, e saber que agora ele sabe quem é você.
Daria tudo para poder ter estado junto de todos vocês, e agradeço por você compartilhar este momento mágico conosco.
Parabéns!
beijinhos
Postar um comentário