
Vamos falar um pouco dessa dualidade tão presente em nosso mundo sublunar: Bem e Mal; Amor e Ódio, Deus e Diabo... Para isso, imaginemos nosso ancestral, ainda desconhecedor do fogo, necessitava da luz solar para caçar, se alimentar, se aquecer e se defender. Em contrapartida, as noites eram habitadas por ruídos completamente apavorantes e seres estranhos, monstruosos, dos quais ele via apenas vultos. Mas ao romper do dia, com a luz do Sol, esses sons e vultos desaparecia (ele desconhecia a existência de predadores notívagos).
Assim, quando o manto escuro da noite descia, encobrindo a Luz, nosso antepassado era invadido por uma sensação de medo, desconforto, insegurança; sensações estas completamente opostas as que experienciava durante o dia. Dessa maneira, foi fácil para ele associar as sensações e qualidades boas à luz, e as qualidades más à escuridão.
Essa antítese harmoniosa formada pela luz e sombras marca o primeiro dualismo, cuja maravilhosa síntese é o conhecimento que distingue os homens dos animais; a sabedoria que permite representar uma idéia através de símbolos. E, como praticamente toda função mental é simbolizadora, ele empregou símbolos com a intenção de “instruir” e “lembrar” as impressões que essa dualidade lhe suscitava. A partir desse ponto nosso antepassado Erectus começou sua ascese rumo ao Sapiens. Penso que,possivelmente com essa necessidade de transmitir uma impressão ou uma descoberta, surgiu o primeiro professor.
De lá, das cavernas até os tempos modernos, pouca coisa mudou com relação à percepção do Bem e do Mal, exceto que com o advento das religiões o Mal passou a ser uma sombra terrível dominando a vida do homem. Mas, como dizem os budistas, essa condição reside na ignorância de que onde há trevas também há luz, pois o Mal é apenas uma manifestação da dualidade do Cosmos. De fato, tudo em nosso universo tem dois pólos, e aquilo que atinge seu ponto máximo se transforma em seu oposto, portanto, num certo sentido o Mal é a escuridão necessária para que a Luz possa ser percebida.
*A imagem é de Eliphas Levi, e representa Baphomet, o bode sabático. Encontra-se no seu Ritual e Dogma da Alta Magia
Um comentário:
Franz, esse é um assunto diferente, mas, bem gostoso de se ser lido.
Parabéns =)
Gosto muito dos seus textos, e obrigada por tantos elogios. Fiquei espantada por você ter lido um texto tão grande que geralmente não parece ser de grande interesse. Esse foi o meu presente pra ela, já que eu ainda não trabalho heheheeh =)
Seu blog está ótimo, nunca pare de escrever. Beijos
Mari
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