Depois veio Paulo Freire me dizer que ler não é apenas juntar signos linquísticos, mas ter uma apreensão maior da realidade. E aprendo que "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente" (Paulo Freire).
Então, há diversas linguagens e códigos no mundo, e NÃO EXISTE quem não saiba "ler" pelo menos uma delas. O índio analfabeto sabe ler os sinais da floresta; o pescador analfabeto sabe ler o horizonte; a cigana analfabeta sabe ler a mão do doutor. Descubro que ANALFABETO nada tem a ver com a leitura de que fala Paulo Freire. Analfabeto é, APENAS, uma expressão criada pela sociedade letrada para identificar o indivíduo que ainda não desenvolveu a habilidade de interpretar o significado dos caracteres que compõem um texto impresso.
É por isso que gosto tanto da canção Beradêro, do Chico César. Ela fala da leitura desse mundo não acadêmico. Quem está acostumado com a literatura nordestina de cordel, logo reconhece o estilo. A letra toda é um belo trabalho de rima e metáforas em redondilha de sete pés. Tem cheiro de chão, pó, poeira. Cheiro de nordestino, gente lutadeira. Gente que quase só tem de consolo os sonhos; que sai da miséria no Nordeste e “o olhar vê tons tão sudestes”, nessas léguas tiranas da vida.
Ah, se eu fosse professor de literatura! Empregaria essa poesia num trabalho de leitura com meus alunos.
maravilha!! Com certeza Chico Cesar - como tantos Chicos-geniais que temos- sabe que a cigana leu vida longa na mão de Paulo Freire...vida longa de seu legado, pois o homem nada é, senão pelo que deixa de bom para o outro. Valeu amigo Franz!!
ResponderExcluirMeu amigo Franz,
ResponderExcluirCada dia está melhor em suas reflexões e sabes que as aprecio muito, demonstram a sensibilidade de um "eterno" educador, que acredita e gosta do que faz. (re)descobri Paulo Freire durante o mestrado e assim como ele sei que não nascemos professores numa terça-feira a tarde, nos fazemos professora na sociedade a qual fazemos parte.Enfim, não nascemos professores ou marcados para sê-lo. Sigo acreditando não neste sistema falido, mas que eu e outros que compartilham da busca por uma educação de qualidade possamos começar a plantar uma semente de mudança nas concepções de nossos alunos acerca da vida. Ainda seguimos esperançosos que esta semente venha a germinar e produzir bons frutos...Que Deus o Abençoe hj, amanhã e sempre...
Eu sou professora de Literatura e só não levarei o texto para os meus alunos, pois as aulas terminaram, infelizmente!
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