No Pará há um ditado que diz: "Chegou ao Pará, parou. Tomou açaí, ficou." Mas, desde que aqui cheguei, em 1980, o que tomei primeiro foi um banho de rio. Me banhei nas águas do Amazonas, do Guamá, do Tapajós, do Negro, do Xingu, do Tocantins, do Jari, Paru e tantos outros.
Aqui, nesse mundão de mata e água, onde muitas vezes não se sabe onde começa uma e termina a outra, descobri que o padre italiano Giovanni Gallo estava certo ao dizer: "Na Amazônia, quem manda são as águas" (in Marajó, a ditadura da água. S. Cruz do Arari: O Nosso Museu. 1981). Fecundado por essas águas, finquei raízes e gerei frutos.
Quando cheguei ao Pará, não foi porque tomei açaí que parei, foi porque essas águas é que me navegam, e nelas sou como "tronco submerso, do rio sem nome que se vai de mim" (Tronco Submerso, de Ruy Barata). Esse blog é minha rua foi inspirado na canção "Esse rio é minha rua", do poeta paraense Rui Barata.
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O vento e a canoa
Thiago de Mello
O vento leva a canoa
no rumo que só ele sabe.
A vida me leva à toa,
as se me perco me vale.
O vento e a vida: canoas
que sabem todas as águas,
das terríveis e das boas.
(O que as encrespas são mágoas
maldormidas dos que nelas se afogaram maldizendo.)
Muito para as pandas velas
minha vida vem dizendo.
Faço estas quadras brincando
de levar a vida a sério.
O vento chega cantando
mas não me explica o mistério.
Em outubro de 2007, durante a XI Feira Pan Amazônica do Livro, tive a honra de conversar por alguns minutos com o grande poeta amazônida Thiago de Mello, que autografou para minha Leca, seu "Poemas Preferidos" (Ed. Bertrand Brasil, 2006).
Oi Franz, já adicionei aos prediletos...Lindo,sua cara...beijos meu amigo....
ResponderExcluirEi bactéria resistente!!!! Gostei do escrito!!!!
ResponderExcluirSim, provavelmente por isso e
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